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quinta-feira, 1 de março de 2012

Homero Mattos Jr.
deguél
uít
de Calei dos colpais

Captain Sunshine…
  make me feel fine when I'm feelin' wrongly down.
  Captain Sunshine…
  make the words rhyme when he knows the tune is sad.
  ah, to be such a man as he…
  and walk so pure between the earth and the sea. 
  Neil Diamond
 http://www.youtube.com/watch?v=2SyyhALMe7o


Capítulo 1
the girl with the kaleydoscope eyes

ela não era tão frágil como os na verdade frágeis doutro lado da margem pensavam quéla fosse e nem tão forte como a pensavam as nem tão forte assim deste lado pra dizer a verdade ela não era nem frágil nem forte ela era fórjil e hoje era também bem mais e bem menos do que aquilo tudo que a consideravam antes.


na sessão de roteiros a mulher que dava conselhos se aproximou e assim do nada perguntou cê já leu the girl with the kaleydoscope eyes do doutor amílcar? já? não não li é um roteiro? ela quis saber. não. é uma bosta respondeu a mulher que dava conselhos e ela achou engraçado e riu e ouviu a mulher que dava conselhos dizer bosta a gente usa como adubo ao quê e ao cabo deste dizer se afastou também para o nada de onde assim do nada surgira.


posso ajudar? perguntou a moça que ajuda a gente a encontrar as coisas. cêis tem the girl with the kaleydoscope eyes do doutor amílcar? péraí dexeu dá uma olhadinha.

consulta ao sistema
título the girl with the kaleidoscope eyes
páginas 180
autor amílcar dr.
gênero literatura? brasileira?
editora companhia dos sonhos
ano 2011
tiragem 2
estoque 1
desconto 90%


temos. ainda não conseguiram tirar. 
!?! como assim não conseguiram tirar?
esse livro não sai.
não vende?
não. não sai. não sai da estante. cê puxa puxa mas não sai.
como a espada do rei arthur?
é. como a espada do rei arthur. quévê vamo lá.


óí. tenta. disse a moça que ajuda a gente a encontrar as coisas.
tenta você.
ah danão ó e ela viu a moça puxar puxar e unh unh com muito mais força puxar mas nada do livro sair da estante. tá vendo? num falei! ninguém consegue. tenta você. e ela tentou e assim sem que ninguém até hoje possa explicar como? fantástica mente fez aquele exemplar único um de apenas dois existentes no mundo pular da prateleira tão logo ela levantou o braço para apanhá-lo de modo então que o livro caiu a seus pés o dela é claro que embora ela não soubesse eram de lótus como os pés do guru de hanuman jêia hanuman guianagunaságara jêia kapisha tihun trilôka ujágara coméquecê conseguiu isso!?! quis saber a moça que ajuda a gente a encontrar as coisas enquanto se abaixava pra pegar o livro que unfh unfh unfh apesar do esforço parecia pesar uma tonelada e nem sequer e queria! se moveu um milésimo sei lá vai ver que foi sorte ela respondeu enquanto se abaixava para que natural mente pudesse fazê-la erguer o livro sem fazer nem sequer e não queria! de força um milésimo.


muitos oras seguidos e poucas horas depois na cama no escuro do quarto agora seu mas antes do guilherme o arantes à meia noite à meia luz ela estava a virar e a ler páginas a esmo de um livro cuja história aparente mente porque consciente mente faz tudo ficar muito mas muito estreito e distante quer dizer muito aquém da real dimensão queascoisas têm quando circunscritas elas as coisas todas àquela outra tão só consciente e literal mente pois bem então aparente mente fazia parecer se tratar de uma história assim sem lógica nem sentido só significado. em verdade.

Dr. Amílcar
the girl
with
the kaleydoscope eyes


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the girl with the kaleidoscope eyes
Ó: 2008, NY. In The Wall Humpty Dumpty had a great fall and all the King’s men and all the King’s horses couldn’t put Humpty together again. I say.

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the girl with the kaleidoscope eyes
?Economia é Ciência ou é como o gamão, mistura de sorte com astúcia no sentido mais anglófono da palavra chance(½)? Então ela explicou: a Economia,
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(½) nota do editor- Como se fosse um par nessa valsa triste o mundo respirava mais como se não fosse um tempo em que já fosse impróprio se dançar assim... (Oswaldo)

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the girl with the kaleidoscope eyes
em voz baixa pro dono da editora não perceber I’m going to Strawberry Fields onde nada é verdade ou importa. Não há ninguém naquela árvore. Acho. Ah, você não consegue entrar em sintonia. Mas tudo bem! I’m going to Strawberry Fields.

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the girl with the kaleidoscope eyes 
perguntou não tem nem com ésse nem com cêagá? e a moça começou a rir o quê  fez com que eu algo zangado começasse a explicar em tom professoral que na verdade aquilo era um teste por assim dizer semântico/vocabular ou fonológico melhor dizendo  uma  vez que nós aqui o casal do quarto dezessete esta
__________
op.,cit.,id.,ibid.,p.? [“Alguns conhecimentos de francês são imprescindíveis a qualquer mulher. Rimo-nos a valer, eu e minhas colegas, quando alguns rapazes, que mal têm onde cair mortos ignoram nossas guardiãs e se atrevem a gracejar conosco como se fôssemos européias ou estivéssemos desacompanhadas: Comment ça va-t-il madmoselle? Ou allez-vous si vite mon enfant?’” ]

e ela foi adormecendo adormecendo e adormeceu com o livro aberto sobre o peito e sonhou sonhou com a livraria onde encontrou mais uma vez a mulher que dava conselhos a dizer olha menina prestenção noqueu vou te dizer esta livraria não é uma livraria no sentido literal mas sim umacondensação verbal uma digamos assim constelação onírica do futuro do pretérito do verbo livrar apenas um modo do seu inconsciente fazer você saber que você é seu si mesmo qué você de verdade e não essa tonta que só vive fazendo bobagem arrumando namorado besta pois é porém pra poder se livrar de tudo isso repare bem a coisa toda tá no condicional livraria li vra ria se cê percebe? se o quê? quem sabe? pois é só você mas eis aqui o conselho qué o seguinte tente descobrir quem é a outra pessoa que está com o outro  exemplar desse livro aí óí a palavra ôtra vez vou repetir devagar li vro livro indicativo do presente de um singular porissomesmo pobre posto que no plural tanto é indicativo do presente como do passado perfeito do qual mal nos livramos sacou? pois é minha filha se oriente pois no mundo só funciona o qué plural então qué dizer ao par bingo! porque do contrário fica tudo congelado como aconteceu com a bela adormecida e o brasil do sarney tá entendo?
purondieucomeço? ela quis saber pela página cento e um respondeu a mulher que dava conselhos antes de bum! sumir e tchan! ela acordar e sem pentear o cabelo nem escovar os dentes imediata mente fazê-la procurar o que estava escrito na página cento e um do the girl na qual lógico! tava escrito nada porque além de não existir a página cento e um naquele exemplar de cento e noventa e poucas páginas no dela ao menos faltava também a página cento e dois pois da página cem passava-se direto para  a cento e três. lógico. assim

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the girl with the kaleidoscope eyes

Critilo
“-Que império, Doroteu, que império pode
Um povo sustentar, que só se forma
De nobres sem ofício?”
diretor
“-Corta! Corta, corta, corta!”

alfaiate
“-O molde! O molde! Rápido!”
Critilo
“-Aqui o povo geme e os seus gemidos
Não podem, Doroteu, chegar ao trono.”
Julius Caesar
“-Eu, hein? Fui.”

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the girl with the kaleidoscope eyes
o que eu tô dizendo é que o alceu tá certo o ciúme é a véspera do fracasso e o fracasso provoca o desamor e é aí que tá o problema na falta de amor pensa bem fal-ta-de-a-mor é disso que nós estamos tratando falta de amor a ême ó érre amor pronto é só isso nada mais cê entende? ela falou. taxa de cheque especial a cento e sei lá quantos por cento ao ano é falta de amor? eu perguntou.  
…!?!... 
que foi?
________
¼ op.,cit. [Amanhã terei de recomeçar minhas atividades na Escola Normal. Theodora, minha melhor amiga, não retornará às aulas porque seu pai, desgostoso por seu namoro com Garcia Motta, não assinou a autorização necessária.]
?
considerando a possibilidade de desencanar de vez daquela ddddd doidêra ela voltou a dormir pensando amanhãdemanhã vou na livraria e troco esse livro é foi foi pensando nisso quéla voltou a dormir.
e a sonhar. 
e foi assim também desse modo quéla ficou sabendo que deveria atravessar os domínios pra encontrar em verdade numseiaonde o homem com o corpo cheio de estrelas.

                       

Capítulo 2
a primeira viagem


ele não era tão frágil como as na verdade frágeis doutro lado da margem pensavam quêle fosse e nem tão forte como o pensavam os nem tão fortes assim deste lado pra dizer a verdade ele não era nem frágil nem forte ele era fórjil e hoje era também bem mais e bem menos do que aquilo tudo que o consideravam antes

longe ainda muito longe mas com paradoxal mente mais perto da guerrilheira manequim quêle achava nunca iria encontrar mas com a qual sabia sempre haveria de sonhar às dezoito e quarenta e três ele entrou no méq pensando pedir uma torta de maçã e uma coca mas às dezoito e quarenta e sete mudou de idéia e pediu uma torta de banana e um guaraná e sentado no lugar que melhor lhe apareceu ele colocou a mochila de lado deu uma mordida na torta bebeu um gole do guaraná e sentindo as bolhinhas de gás fazendo cócegas na garganta lenta mente bem devagarzinho o fez fff fechar os olhos de prazer às dezoito e cinquenta e seis e ao abri-los nova mente o fez avistar um negro andando sem camisa cum baita na verdade tremendo dum colarzão punk da hora! mas oquéísso? meu deus ele pensou admirando aquele colarzão quêle nunca tinha visto antes que lugaréêsse? coéssa rua movimentada cheia de cavalos e gente estranha muito estranha será a jamaica? será? ele se perguntou sem se dar conta de que tudo ali ao redor era obra de antiga mente mas pois bem que lugaréêsse? ele perguntou pro cara de cavanhaque e óculos escuros que esclareceu confundindo ói olhe o céu já não é o mesmo céu que você conheceu não é mais vê é o sinal ói lá vem deus  ói ói o mal vem de braços e abraços com o bem num romance astral amém. uau! cê num é quem eu to pensando que é é? por que você me pergunta? perguntas não vão lhe mostrar não não vão mas eu preciso saber coméqueu vim parar aqui cê entende? ói ói o trem trazendo de longe as cinzas do velho eon ói já é vem fumegando apitando e chamando os que sabem do trem ói é o trem das sete horas é o último do sertão o cara respondeu e isso dito partiu caminhando vertical na direção do horizonte ponto de fuga de todas a horizontalizações definitivas foi o cara de cavanhaque e óculos escuro sem mais dizer partiu foi.
então sem saber o que fazer ele olhou pro chão e viu o livro. ali. caído a seus pés.
Dr. Amílcar
the girl
with
the kaleydoscope eyes





será qué do raul? e folheando as primeiras páginas em busca de um nome ele encontrou uma dedicatória

    The girl 
    with the kaleidoscope  eyes       

    Rauzito,

    Quem tudo quer nada tem.
    Louis Armstrong teve tudo que desejou.
    E ele nunca desejou o quê não pudesse ter.
    Você deveria estar contente
    por ter um emprego,
    ser o dito  "cidadão respeitável",
    estar ganhando quatro mil cruzeiros por mês
    e  ter conseguido comprar um Corcel 73.

    Com carinho,
    Paulinho.


torcer pra ver se por entre as pessoas no entorno ele tornava a ver o raul era tttttt tonteria e pensando pensando quequeufaço quequeufaço ele abriu o livro assim meio que de bobêra qué dizer vendo sem ver

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the girl with the kaleidoscope eyes


Eu tá que tá danado. Porque a vida é o sonho que Eu sonha pra fora e o sonho é a vida que Eu vive por dentro. Mas Eu não sonha mais sonhos do ser. Eu se infantilizou. E agora Eu tem sonhos de consumo. E a vida de Eu virou promoção. Ficou feia. Promoção de desejo que vira raiva que vira brutalidade que vira confusão que vira correria que vira... o coração de Eu
_________________________
¼ Santos Rocha, Maria Aparecida dos Senhorinha (1884) confissões de diário de  uma adolescente ao final do Império in CAETANO DE CAMPOS: Fragmentos da História da Educação Pública. [Da janela da sala olho a chuva lavando as ruas de São Paulo. Estou sozinha em casa e posso dispor de seus amplos cômodos à vontade, sem perturbações ou comentários sobre o comportamento adequado a uma senhorita da minha idade. Subo e desço correndo as escadas, vou à cozinha e levanto a saia da minha querida Loló, esta preta gorda que é o grande amor de minha vida.]

fechando o livro ele começou a andar sem direção pensando pensando coméqueusaio dessa coméqueusaio dessa té que um apito de trem o fez abrir os olhos e se perceber sentado no méq com uma torta de banana na mão um copo de guaraná à frente e nenhuma idéia na cabeça.
às dezenove.
isto é às sete.
da noite.



Capítulo 3
o sonho


o sonho dela foi assim ela está em cima de uma pedra cercada de água por todos os lados quando de repente um peixe azul sai da água pula sobre a pedra ela apanha o peixe e começa a bater na pedra com ele o peixe que depois de algumas batidas se transforma em um livro dentro do qual há um mapa que na verdade é uma televisão dentro da qual estão ela e o sílvio o santos querendo saber se ela vai pedir ajuda pros universitários e ela porque já sabe a resposta diz não num vou em seguida ela está no que parece ser uma loja de automóveis examinando um deles quando uma vendedora se aproxima e sugere veja este outro automóvel e ela aceitando a sugestão começa a inspecionar por dentro o outro automóvel quéla acha muito antigo é um galaxy japonês diz a vendedora e em seguida ela está no corredor de um hospital olhando através de uma janelinha pra uma espécie de monitor de rádio ao lado do qual se encontra uma alavanca de câmbio de automóvel que ao  se mover faz deslocar um ponto vermelho no monitor de rádio e é pois desse modo que mudam as estações pronto. esse foi o sonho que no dia seguinte antes de retornar à livraria ela contou pro seu analista de todas as manhãs de terças e quintas da rua de rose sank que depois de ouvir o relato do sonho disse ó em geral toda vez que a gente sonha um sonho em três partes aparente mente desconectada a parte do meio é o elo o link entre as outras duas partes e no caso desse sonho que cê tá me contado o símbolo central parece ser o galaxy japonês a imagem escolhida pelo seu inconsciente pra comunicar à sua consciência algo grandioso e bastante complexo pois a inspeção do interior de um galaxy uma galáxia óquêi? então pois bem isso pode significar não só procura por unidade na diversidade mas também por algo além do alcance da razão coisa pra nós ocidentais bem mais difícil de assimilar do que para o japonês ou qualquer outro oriental do extremo oriente a partir da índia ah a índia! que em geral são mais propensos a olhar pras coisas de modo menos dissociado do que os ocidentais e seus primos do oriente próximo estes quase sempre a ver as coisas nos termos bipolares do isso ou aquilo ou do dá ou desce dos pares opostos sempre a afligir sem fim todos os mocinhos e bandidos ou se você preferir todos os batmans e coringas que graças a deus bem pra lá de olinda existem de modo que voltando ao seu sonho a escolha da locução japonês por seu inconsciente é algo tão sutil quanto costumam ser os próprios japoneses aos quais o sonho remete pois a passagem pro oriente via cultura japonesa pra nós ocidentais é mais fácil considerando que de todos os orientais são os japoneses os que melhor se integraram à cultura ocidental na qual o auto móvel ou em outras e mais significativas palavras o si mesmo em movimento que convenhamos é uma imagem das mais adequadas pra simbolizar a energia libido ou dê o nome que cêquisér à força motriz ou impulsionadora que de um lugar pra outro quiném o bom jesus que a todos conduz ou o venerável buda que a todos ajuda ou ainda o bem cê sabe como é que é quando se tem fé né? pois é embora eu não saiba explicar como você sendo jovem pode ter no inconsciente de modo tão marcante a imagem de um automóvel que não é do seu tempo este misterioso e aparente anacronismo é o quê muito chama minha atenção isto é este galaxy anacrônico acho é o xis da questão a qual só você pode resolver observando contudo quão interessante é o fato de no sonho você ter achado muito antigo um auto móvel cuja estrutura sem dúvida está relacionada ao câmbio isto é mudança ocasionada pela estranha aparelhagem da terceira parte do sonho cuja dinâmica de funcionamento à distância e remota sugere antiguidade em um sistema e modernidade em outro quer dizer o passado e o futuro sobre o qual a televisão interativa da primeira parte do sonho parece ser uma indicação olha aqui minha filha seja qual for o motivo ou questão pela qual seu sonho esteja a demandar esclarecimento ou realização o fato de você recusar a ajuda dos universitários por já saber a resposta sugere que tal demanda seja atendida não só pelo lado da razão porque como bem sabem todas as mulheres todos os grandes investidores e todos os bons jogadores de poker além do pensamento e do sentimento a gente capta as coisas também através da intuição e da sensação funções aliás verdadeiras responsáveis pela nossa sobrevivência durante muito mas muio muitíssimo mais tempo do que o nascimento de descartes sobrevivência por sinal muitos sinais inclusive o ponto vermelho em seu sonho hoje ameaçada e com a qual seu inconsciente parece estar bem preocupado na medida em que está sinalizando pra sua consciência um câmbio ou mudança de estações a partir de uma janelinha situada no corredor de hospital. sobre o sílvio o santos 
sei lá 
que coisa mais estranha disse o analista de todas as manhãs de terças e quintas da rua de rose sank finalizando sobre a pedra ora é claro a pedra é por excelência uma representação do seu si mesmo a emergir das águas do inconsciente a partir do qual sai o peixe azul que se transforma em livro maneira interessante de representar a riqueza viva do inconsciente exposta à luz da consciência.

em direção à livraria depois de análise ela pensava ai ai ai que chata que tá minha vida lá em casa pois é um tal de cê num podefazêisso ondéquejáseviu as coisas num são assim agora coméquevaisê isso não podeacontecê cê num tem jeitomesmo vai acabar ficando pra titia pois parece galinha bicaquibicali porque no tempo mas que merda que porre tava mesmo é na hora de assumir e sumir mas e a solidão? quéfera devora e é amigadazóras? ela pensou não não é fácil encontrar companhia num é acordar um dia numa belensolarada manhã encomendar uma boa companhia e pronto! o correio entrega pra você uma pessoa com uma faixa na testa escrito amor pra vida toda ou paixão momentânea de tal modo que a gente fica que tal? sabendo na hora em qual tá entrando não a vida né assim não ela concluiu.

passados uns dez familiares minutos mais ou menos mais menos do que mais ela entrou na livraria.    



Capítulo 4
a segunda viagem


pleonástica mente o fez repetir tudo igual sair e entrar outra vez no méq pedir uma torta de banana e um guaraná sentar no lugar que melhor lhe apareceu colocar a mochila de lado dar uma mordida na torta beber um gole do guaraná sentir as bolhinhas de gás fazendo cócegas na garganta para que só então lenta mente pudesse fazê-lo bem devagarzinho fechar os olhos de prazer e começar a ouvir o  hô! hun hun hum hô! hun hun hun hô! intermitente do cântico cerimonial dos índios do xingu  fazendo formoso contraponto a uóuóuós bipbipbips téctéctécs zipzipzips shhshhshhis pufpufpúfs tactactacs vrumvrumvruns plápláplás nhécnhécnhécs tumtumtuns e tamtamtans do contínuo never never ending ending? nunca jamais! nem pensar só prensar chacoalhar esfregar triturar amassar misturar queimar ferver esfriar dobrar cortar moldar perfurar grudar colar e pintar e assim tudopronto? empacotar armazenar e vender mais caro impossível a matéria e o mais barato possível o espírito comprados assim desse jeito matéria&espírito em rápidas pinceladas pela tricentenária paleta fáustica a monstruosar como diria carl sagan as build along years&years planícies cordilheiras mares lagunas e todos os cantos de uma terra na qual qualquer canto que fosse e houvesse qualqué um tá bom! não tem preço é meu! ô meu eles sim mas é claro lá estariam hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hun hun hun hô! hu e pois virando à esquerda e seguindo pela rua lalau até a esquina com a georgina do i êne ésse essa ele descobre o quê se passa quando o passado não passa e as rugas precoces da mulher desdentada são uma fatalidade engomadinha vossa excelência é esperta o promotor justo é louco e o juiz injusto se esvai na sumidade do ralo a escoar as goteiras da escola sobre a qual há já mais de dois séculos o ministro está providenciando hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hu o cara é bobo o animador tira uma o auditório morre de rir e a brincadeira é a seguinte um entrega o outro quem for mais esperto ganha um milhão hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hu rôbada! mau lugar pra ficar cai fora meu! cai fora meu! o trem! o trem do raul! e ele vira à direita mas cadê? trem tem mais não informa o tio magricela emendando em seguida foi assim vou contar ó o prefeito anterior ao anterior embolsou a verba e expandiu a linha mandando arrancar os trilhos de trás pra colocar na frente ao quê o prefeito anterior pra embolsar a verba disse nananananão e mandou expandir a linha no sentido inverso quédizê mandou arrancar os trilhos da frente pra colocar atrás coisa que o prefeito atual sem verba pra embolsar denunciou provocando a ira da povo que ensandecido botou fogo no quê de resto de trem indahavia hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hu rôbada! mau lugar pra ficar cai fora meu! cai fora meu! e ele vira mais uma à direita e dá de cara com uma lanchonete com um palhaço na porta é um méq! lógico só pode ser! não nénão lógico é o homem igual a dois  o professor de matemática fazendo papel de palhaço na porta do méq olá! olá! olá! como vai você? responda certo a pergunta e coma e beba o quê e quanto quiser! vamolá? pode um triângulo eqüilátero cometer a sacanagem de ter um dos lados diferente do outro? três segundos. valendo. um dois três. nada? vâmopraotra então. é por falta de caráter que as equações do segundo grau apresentam duas respostas? três segundos. valendo. um dois três. nada? vâmopraotra então. ora tenha dó! pelo amor de deus ele murmurou. deus? surpreendeu-se o homem igual a dois dizendo então muito bem vamolá cê acredita mesmo que as retas paralelas só sem encontram no infinito e que todo número elevado a zero é igual a um? anh? acredita? tempooooo! seis segundos. um dois três qu hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hun hun hum hô! hu esse cara tem a resposta mano! pergunta pergunta! posso fazer uma pergunta? uma pergunta? ora té quem enfim alguém mas que maravilha! to aqui pra isso diga é sobre esse livro aí? falou o homem igual a dois apontando pra mão dele ele que no méq segurava uma torta de banana e que agora naquele lugar ali surpreendente mente o fazia segurar um livro porra como que cê sabe!?! não sei disse o homem igual a dois sonhei com isso e to apenas repetindo o quê rrrrrrrrrrretilínea mente em sonho me fez dizer ó seguinte dá um tempo que meu horário tacabando e em seguida eu levo você até a pessoa certa óquêi?

a pessoa certa era o inglês dalmanegra que conseguindo integrar o malê e o viking que dentro dele havia começou a perceber coisas interessantes como por exemplo essas se a formiguinha cantasse ela seria a cigarra e se não fosse o coringa eou o pinguim eou o charada batman&robin não teriam razão de existir como tais e não seriam assim como todos os mocinhos que aos bandidos uma fortuna devem pelo tanto de ricos que ficaram fazendo fama às custas da maldade destes e até mesmo o puro puríssimo paradigma pueril vá ser puro assim no inferno! pequeno príncipe o qual olhando de perto dá pra ver é tipinho mimado e muito consigo mesmo indulgente com um pezinho aqui na uhn sei sei inocência outro lá na arroganciazinha classista tanto quanto também a possui e revela sua rosa que como décor bem sabem todas as raposas  rapsódia e prosas quem é que não tem um lado ruim hein! quem? diga pois é se até a bailarina tem quem é que num tem dizia não bem assim o inglês dalmanegra que tinha tick sotack e creamcracker e desse jeito seguia dizendo quem porventura? em não sendo lôco ou safado militante ou juramentado escolhe por livre e espontânea vontade ser sujo vilão ou boçal? hã? há? então quer dizer pra que haja um lado precisa haveroutro pois quando a isto chegou e concluiu o inglês dalmanegra sacando que desdoprincípio desde quando tudéra trevas tudo não passa de um grande caso de amor mal resolvido e a grande lição é buscar a integração dos opostos cuja aparente impossibilidade de transformação e reconciliação pode ser boa pra roteiristas e compositores de coisas do tipo se eu te pego com outro eu te mato mas essa coisa de ou tá do meu lado ou tá contra só é boa mesmo de fato desde as cruzadas pro complexo industrial militar hábil e mercantil sujeito sempre a tirar proveito de todos os proselitismos de modos que préssa galera se esperança de paz houver é preciso acabar logo com isso pois pra shareholder interessa é inventar dificuldade pra vender facilidade sabe comé? dizia o inglês dalmanegra sabendo contudo que diferenciar discriminar definir delimitar é bom pra consciência que só delimitando às coisas entende e assim se acalma embora isso seja ruim muito ruim pro ser que infinita mente é.

no início da noite ele e o homem igual a dois se encontraram com o inglês dalmanegra boa noitchi como vai? shou sheu coringa o sheu ásh. a vida é artche dchu shaber. quem quijer shaber tchem que viveeeeer. trago um mundo novo pra vochê. tchudo bem? e vochê? como vai? tchudo bem? a ele foi logo informando e dele quis saber o inglês já a conduzir suas visitas até a cozinha onde lhes foi oferecido café com leite pão com manteiga e bolo de fubá. com erva doce. êsh livro aí na shua mao éshtas coijas tchodas que estcham acontechendo com vochê djêshtche módjiu eshtcham disse o inglês dalmanegra porque já de há muito tempo mais do que o suportável o modo de ser de um cara muito muitíssimo poderoso chamado jack já tinha enchido de todos os sacos. de dinheiro os dele jack. de lixo os dela a terra. e de doença e neuras os das pessoas. djéck fash tchúnel in shequóia fash flô dji pláshtchico chéu artchfichial comida artchfichial. atché guera artchfichial djéck fash. djéck atcha a natchureja imperfeitcha djéck ficô arrogantchi atcha quié deush ó maigód! então prechisha dja shuadjudja vochê preshisha adjudjá djéck. por quê? ele quis saber. djéck tchem a ver com vochê e a mosha. a shenhorinha dja pádjina chentchoium deche book aí inshua mão.

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 the girl with the kaleidoscope eyes










Eu tá que tá danado. Porque a vida é o sonho que Eu sonha pra fora e o sonho é a vida que Eu vive por dentro. Mas Eu não sonha mais sonhos do ser. Eu se infantilizou. E agora Eu tem sonhos de consumo. E a vida de Eu virou promoção. Ficou feia. Promoção de desejo que vira raiva que vira brutalidade que vira confusão que vira correria que vira... o coração de Eu 
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¼ Santos Rocha, Maria Aparecida dos Senhorinha (1884) confissões de diário de  uma adolescente ao final do Império in CAETANO DE CAMPOS: Fragmentos da História da Educação Pública. [Da janela da sala olho a chuva lavando as ruas de São Paulo. Estou sozinha em casa e posso dispor de seus amplos cômodos à vontade, sem perturbações ou comentários sobre o comportamento adequado a uma senhorita da minha idade. Subo e desço correndo as escadas, vou à cozinha e levanto a saia da minha querida Loló, esta preta gorda que é o grande amor de minha vida.]

djéck she alimentcha dji sholidão. e djéck shabe que she vochê e a mocha she encontrarem a forcha djele djiminuirá.
a segundinhos de silenciosa surpresa seguiu-se a ssssssssssss seguinte sinopse da equivocada triste e portanto lamentável saga de jack que segundo o inglês dalmanegra havia se tornado uma espécie de vampiro que pra sobreviver necessitava cada vez mais mais e mais se alimentar da energia de seu próprio e outros povos cujas vidas por conta da paranóia em que jack havia entrado haviam se tornado vazias almas clamando agora por uma nova forma de ser um modo capaz de lhes devolver o significado interior que o jeitão porralôca de jack havia transformado à sua imagem e semelhança demasiada mente extrovertida e agressiva. porém apesar de tudo como todas coisas que sobre a face da terra e no céu existem jack tinha um lado bom e por isso ao contrário do que muitos pensavam ao invés de ser destruído jack deveria ser ajudado e só havia uma maneira de ajudar jack  e pra essa maneira funcionar era necessário libertar a senhorinha da página cento e um daquele livro que pertencia ao raul que agora se encontrava em verdade nos domínios. a tal da senhorinha segundo o inglês dalmanegra era uma moça que jack prendera já há muitos e muitos anos lá em verdade no domínios e que pra chegar até à  moça em verdade era necessário enfrentar alguns desafios dos quais o maior deles era montar num dos centauros que comiam tortas próximo a um chafariz que em verdade não era um chafariz mas era sim o lindo lago do amor do qual falara gonzaguinha e de onde maravilhosa mente jorra água a água ardente da qual os centauros por seu duplo aspecto humano&animal eram os guardiões. e as tortas? ele perguntou.
ash tchortash? orash balls! as tortas eram uma porcaria dessas qualquer que às vezes eles os centauros compravam por aí no paralelo coisa com a qual ele não deveria se assustar pois era assim mesmo muitas pessoas fugiam ao avistar um centauro pela primeira vez ainda mais um comendo torta. sim. pessoas. algumas das quais inclusive fugiam por uma segunda terceira quarta e várias vezes. muitas até passavam a vida inteira fugindo. então ele que tomasse cuidjadju e ficasse ishpertju poish djéck tchentchará impedjí-lo dji todash manêrash mas ele que não se preocupasse com isso com os centauros pois uma vez encarado de frente e sem medo um centauro se revela um grande amigo. aliásh o iúnico capash de fadje-lo tchegar in verdadji. mas por quê eu? ele quis saber.
because disse o inglês dalma negra vochê nasheu in bersho ishplendjidu orash balls!



Capítulo 5
o espírito da coisa


na sessão de roteiros ela perguntou pela moça que ajuda a gente a encontrar as coisas e foi informada de que elatalíó. então ela foi atéalió viu a moça disse oi tudo bem? e pouco tempo depois já estava sabendo que ela a moça que  ajuda a gente a encontrar as coisas tinha brigado com o namorado por causa do jeito quêle havia dado atenção prumazinha quéla não tinha ido com a cara apesar dele não ter feito nada de mais mas quéra mais por causa dele mesmo pois assim como ele não havia feito nada de mais côatra ele também num havia feito nada de mais com ela pois se ele tivesse dado atenção pra ela do mesmo jeito que havia dado atenção praôtra que tinha uma cara que assim só vendo ela não teria ficado tão zangada como ficou feito o que fez e falado o quê falou na frente de todo mundo coisas das quais nesse momento ela tava arrependida pois no fim das contas aquilo tudo poderia ter se resolvido de uma maneira mais tranqüila do jeito quéla havia acabado de propor a ele no telefone mas que agora ele num tava mais afim e nem ela também se você quer saber porque o quéla tava mesmo era puta da vida com ele e com ela. ah mas isso passa bobage ficar assim. passa não ele é vingativo é escorpião. e você? também mas só que apesar dela ser escorpião ela a moça que ajuda a gente a encontrar as coisas era escorpião com ascendente em peixes o que a tornava muito mas muito mais flexível ao perdão porém de qualquer modo ela achava que aquele rolo num ia dar certo mesmo porque pra ela que adorava conversar com todo mundo a relação a dois era como a conversa que a gente não sabe como começa e nem como termina e qué assim quiném que quando a gente abre a boca e simples mente as palavras vão saindo assim simples mente sem planejamento saem sem saber pra onde ou sem direção pré definida até que no final uma coisa que não havia sido planejada com antecedência nem adivinhada na bola de cristal se realiza construída por duas ou mais pessoas que jamais combinaram antes de qualquer coisa e a qualquer tempo que fosse concluir coisa alguma  e quéra isso quéla achava quéra uma relação a dois gostosa que toda vez que você tinha que ficar buscando razões ou se explicando muito tipo cê num entendeu não foi isso queuquis dizer isso nérabom não era sinal de ruído na comunicação sinal de estática. a relação. a dois. ah! mais e o the girl? ce tá gostando desse livro? tá faltando a página cento e um. ah vah!?!mintchura! jura? e a cento e dois também. também!?! nossa! que estranho. muito estranho. porque num sei cê se sabe mas aqui na livraria a gente tem a sessão de conferência de páginas que só faz ficar o dia inteiro conferindo as páginas dos livros à venda e nunca jamais never desde queu trabalho aqui e isso já tem mais de três meses nunca foi encontrado um único livro faltando uma única página sequer mas de qualquer modo se você quiser ir lá na sessão de reclamações por mim tudo bem porqueu tenho certeza absoluta eles vão aceitar sua queixa e providenciar outro livro rapidinho. mas não existe outro cê num lembra? só tinha um no estoque esse aqui ó o meu. ai é verdade então troca poroutro cê já leu se houver amanhã do sidney sheldon? ai acho tão lindo esse nome! se houver amanhã. e cê tem dúvida? de quê? se vai haver amanhã? não claro que vai né! lógico! além do mais tem um monte de lugar que quando aqui ainda é ontem lá já é amanhã nénão? então ó escolhe outro livro sei lá um do do do ai meu deus comémesmonome? eu quero ficar com esse. com defeito? é. namorado também assim né? é mas uqueu queria saber mesmo é se vocês podem me ajudar a descobrir quem é que comprou o outro exemplar será que tem algum jeito de saber? tem. tem sim.

na esquina da livraria havia um orelhão conhecido por todos menos a companhia telefônica como o brasilêrinho porque servia pra resolver qualquer problema em qualquer lugar do mundo sem pagar absolutamente nada nem um tostão.
nossa que beleza! quem descobriu isso? um grupo de estudantes ingleses fazendo intercâmbio explicou a moça que ajuda a gente a encontrar as coisas. quer que eu vá com você até lá?

ela tirou o fone do gancho disse alo e imediata mente ouviu do outro lado da linha a seguinte gravação
oi! aqui é o freud! no momento não posso atendê-lo após o bip deixe seu recado que eu retornarei assim que possível. se essa for sua caixa postal reflita sobre o significado disto. para falar com o pai disque um para falar com o filho disque dois para falar com o espírito da coisa disque três.
ela discou um.
você discou um. para o pai. neste momento o pai está ocupado. aguarde um instante ou volte a discar mais tarde.
ela discou dois.
você discou dois. para o filho. não adianta chamar quando alguém está perdido procurando se encontrar.
ela discou três.
você discou três. para o espírito da coisa que todo mundo diz que sabe qualé mas sabem nada. se você tem dúvidas nós também temos. muitas. como todo mundo. e nós não somos diferentes de ninguém. se você acha que sabe mais que todo mundo diz aí antão o quê você sabe.
alô? ela disse.
alô. respondeu a voz indecifrável mente unisex
por gentileza com quem eu estou falando?
por gentileza com quem eu estou falando.
quem é?
quem é.
é o quê?
é o quê.
o quê é o quê?
o quê é o quê.
qual é a sua?
qual é a sua.
tô entendendo...
a sua é a minha?
a sua é a minha.
a minha é a sua?
a minha é a sua.
esse é o espírito da coisa?
esse é o espírito da coisa.
você é o espírito da coisa?
você é o espírito da coisa.
o espírito da coisa é o meu estado de espírito?
o espírito da coisa é o meu estado de espírito.
e o espírito da coisa só fala quando eu faço perguntas é?
e o espírito da coisa só fala quando eu faço perguntas é.
hunm hun.
hunm hun?
hunm hun.
a sua expectativa é a minha perspectiva.
...
não é?
não é.
é!
ou será que a sua perspectiva é a minha  expectativa?
ou será que a sua perspectiva é a minha  expectativa.
mautner?
mautner.
cê é chato!
êpa! num xinga não!
xingo sim! chato chato chato! mil vezes chato!
cê num sabe brincar.
brincadeira idiota.
né idiota não!
tá. então num é. num fica nervoso.
num tô nervoso porra!
tá bom. será que cê pode me ajudar?
quiquicêqué?
cê sabe quem tá com a outra edição do the girl wi...
...do doutor amílcar?
isso!!! do doutor amílcar! cê conhece ele?
conheço não.
mas como cê sabe do the girl?
quiquitem a ver uma coisa cuaotra?
nada. é verdade.
ó é o seguinte cê tem que mergulhar de cabeça.
onde?
no templo.
tempo?
tem-plo. tem-plo. cê é surda é?
não seja grosso.
não sou grosso porra!
que templo?
o seu.
eu num tenho templo.
tem.
num tenho!
mas ce é cabeça dura hein? se eu tô falando que tem é porque tem!
eu sou cabeça dura? tá. mas então qual é? onde fica esse templo?
proc prac
my body is aching and my time is at hand
 god knows that when the cold wind blows
it turns your head around.

a ligação vai cair! o tempo tá acabando!
qual é o meu templo caramba?
volta aqui amanhã. cê  volta?
volto volto. mas qual é o meu templo?
cê traz um sonho de valsa pra mim?
trago dois! mas qualé meu templo!?!
dois!?! êêêêbaaa! puxa! então traz um sonho de valsa e um corte de cetim?
proc prac!
tuim tuim tuim tuim tuim tuim tuim tuim tuim

na dia seguinte depois de comprar um sonho de valsa e um corte de cetim elas ela e a moça que ajuda a gente a encontrar as coisas retornaram até o orelhão conhecido por todos menos a telefônica. até então. porque agora o quê elas encontraram onde antes  ficava o brasilêrinho foi uma placa escrito desculpe o transtorno estamos trablá blá blá tró ló ló. foi.
mas quiquiaconteceu? ela perguntou para o super visor de relações com o mercado que tava ali do lado e respondeu assim é tudo uma pôca vergonha mesmo o pelé é que tem a razão o povo brasilêro nénada do que o darcy ribeiro diz pois na verdade o brasilêro é muito mal educado e despreparado pra tudo inclusive pra lidar com as mais avançadas das avançadas das tecnologias pois
achonadadissonão ela falou pro super visor que assim surpreso com a franqueza dela só fez dizer que pra maior segurança deles aquela conversa tava sendo gravada e que se ela pudesse fazer o favor de anotar o número do protoc
uaaaau! disseram as duas em uníssono ao mesmo tempo em que ao par deram-se os braços e ao super visor as costas.

no caminho nossa! que viagem! comentou a moça que ajuda a gente a encontrar as coisas. !!! no primeiro ponto de exclamação a cabeça dela fez tchan. no segundo fez tchum. e no terceiro a ficha caiu. era isso!!!
aquele livro era uma viagem. uma jornada interior. em direção ao templo. mas
a começar por onde?




Capítulo 6
partindo ao encontro de jack


morto de sono ele dormiu na casa do homem igual a dois e quando acordou tava no méq com uma torta de banana na mão um copo de guaraná à frente só que dessa vez porém com uma idéia na cabeça.
às dezenove e dez.

considerando a possibilidade de estar pirando ele resolveu testar a hipótese e ao chegar em casa ligou pra central de atendimento da companhia telefônica pra reclamar de alguma coisa. mentira. era só invenção. um teste. depois de quase meia hora de espera tendo já repetido uma dúzia de vezes a mesma história prumadúzia de pessoas entrou na linha uma moça oferecendo um novo tipo de assinatura com dois pacotes da sua livre escolha um onde o senhor paga uma grana por mês mas não precisa se preocupar com mais nada e outro onde o senhor paga só uma graninha mas a companhia não se responsabiliza por nada tá? que plano o senhor escolhe? ufa! que bom! ele não tava enlouquecendo. decisão tomada ele desligou o telefone fez uma conta e descobriu que se um pedacinho de torta de banana e um golinho de guaraná eram suficientes pra dez minutos de viagem naquele lugar lá então uma torta e um copo inteiros talvez dessem pra passar um dia pelo menos. naquele lugar lá.
                                                                       
dessa vez ele entrou no méq levando uma mochila contendo uma caixa de bis duas de mentex uma escova de dente um fio dental um sabonete um aparelho de barbear um canivete uma lanterna uma caixa de fósforos dois pares de meia e cueca duas canetas bic um bloquinho de batalha naval um pin do che outro do bob marley uma medalhinha de nossa senhoraparecida presente da mãe e uma estatuetazinha do ganesha cujo lance em defesa da mãe com o pai shiva ele achava o máximo.
houve é claro comentários das pessoas a seu redor ao vê-lo enfiar na boca  tudodeumavezsó uma torta de banana antes de beber também tudodeumavezsó um copão de guaraná.

a primeira coisa quêle viu foi a placa



e a primeira reação foi tirar a mochila das costas e conferir pra ver se tava tudo lá. tava. e mais ainda tava o livro também.

Dr. Amílcar
the girl
with
the kaleydoscope eyes





em seguida ele começou a caminhar por aquela avenida  a qual estranha mente fez parecer vazia e silenciosa até quêle chegou numa espécie de beco sem saída espécie porque não fosse a convidativa porta aberta da imensa construção a ocupar todo o espaço ali existente seria sem saída sim o tal do beco mas irresistindo à porta aberta após atravessá-la ele se viu em meio a um silêncio ainda maior porquanto agora estava em um imenso átrio colossal que faustosa mente decidira moldar com pedrinhas de brilhante e paredes e colunas e mais colunas translúcidas como o cristal do qual também pareciam ser feitas as miríades de casulos transmitindo a radiante pulsação de outras tantas luzes douradas piscando num frenético praláepracá indicativo do constante  sobedesce dos quantos quem sabe? também translúcidos elevadores como aquele o qual repentina mente fez abrir diante de ele que ao entrar logo percebeu que coisa estranha é essa dêsse marcador de andares oscilando pracimaepra baixo até aí tudo bem pois assim como com a vida ocorre também correm os elevadores do mundo todos eles oscilando pracimaeprabaixo o problema eraquiaquêle no qual ele estava era diferente pois seu marcador oscilava apenas por entre uma escala de números negativos. assim
-1
 -2
 -3
 -4
 -5

eram cinco andares pra baixo um apartamento dois ambientes.
no andar -1 à direita reside uma minoria organizada. são pais e mães de crianças de zero a sete anos que buscando transformar os filhos em pequenos mozarts tentam educá-los em conformidade aos mais modernos princípios pedagógicos. no momento confusos entre o que pode e o que não pode estão tentando recuperar a capacidade de dizer não.
no outro lado à esquerda reside a maioria desorganizada. são pais e mães de crianças de zero a sete anos que sem ter com quem deixar os filhos durante o trabalho os deixam aos cuidados de outros parentes crianças ou conhecidos despreparados os quais por entre maus tratos ou descuidos lhes traumatizam os filhos de forma indelével.
no andar -2 do lado esquerdo outra maioria desorganizada. são professores de crianças de oito a treze anos que mal alimentadas e freqüentando escolas feias imundas e desaparelhadas têm dificuldades absurdas de aprendizado que desestimulam a todos o seguir em frente -crianças e professores.
à direita está a minoria organizada. também são os professores de crianças de oito a treze anos. professores que temendo com razão a retaliação por parte dos pais junto à direção da escola sentem-se incapazes de repreender seus pequenos alunos arrogantes para os quais não há limites nem disciplina necessários para a convivência em sociedade.
no andar -3 à direita reside a minoria organizada dos amigos amigas namorados e namoradas dos adolescentes de quatorze a vinte e um anos que um horizonte de possibilidades ilimitadas transformou em tipinhos anormais ou pequenas bestas para as quais a vida se resume em roupas de grife malhação e balada.
no outro lado está a maioria desorganizada dos amigos amigas namorados e namoradas de adolescentes de quatorze a vinte e um anos portadores de televisivas atitudes e idéias cínicas e medíocres a lhes atenuar as dores decorrentes de um tudo nivelado tudo por baixo.
no andar -4 à direita encontra-se a minoria organizada de homens e mulheres maduros cuja crueldade inconsciente os leva a enxergar no outro um incômodo competidor a ser vencido ou superado no perde-e-ganha de uma moral darwinista sempre disposta a levar vantagem em tudo.
à esquerda está uma maioria desorganizada de homens e mulheres maduros que a rejeição por parte dos vizinhos do outro lado transformou em bárbaros dispostos a conquistar pela violência o quê uma indiferença de séculos lhes nega por conta de um eventual futuro grandioso que nunca chega.
o quinto dos andares era diferente.
não havia direita nem esquerda.
estavam todos juntos matando-se uns aos outros por motivos à todos justificáveis. matam-se por meio das armas e drogas legais e ilegais que para júbilo de traficantes os regulamentados e os marginais às partes ainda mais só faz dissociar.
construído por sérgios nayas incorporado por georginas do i êne éssa essa e administrado por lalaus esta construção situa-se à beira mar sob a luz do céu profundo.

obra
prima da
exclusão social
falta de consciência coletiva
pouco-caso com os problemas dos
semelhantes como tais não-reconhecidos
feios e sujos moradores da periferia gente miúda
e ignorante larga maioria por fina minoria...   excluídos.

ao súbito gritar enlouquecido de milhares de vozes dizendo em uníssono brazil com zê seus tristonhos campos tem mais dores seus bosques tem mais morte e a morte em seu seio menos dor bobão da américa desamor eterno é símbolo o avaro que ostenta blindado ele disse quero mais ficáquinão! e foi de um jeito pouco honrado quêle correu pra pegar o elevador de volta pra entrada que agora mais do que nunca ele desejava saída fosse mas a facilidade que encontrou pra entrar não achou pra sair porque portas fechadas no átrio ele procurou pelas janelas que igual mente fechadas manteve então já escuro lá fora ele não ousou insistir e assim outrojeito não teve senão esperar clarear pra quem sabe? automática mente as portas abrir e dali num pulo só ele zap! adeus pirêichion!

espichado num sofá que por ali no átrio colossal havia ele tirou o livro da mochila e ficou lendo até o sono chegar.

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the girl with the kaleidoscope eyes


parecia não adiantar nada a mãe pedir praquêle menino pára de ficá chutando! a canela daquilo que apesar de grandão cê num tá vendo? num é uma pessoa! é só um ratinho! né ratinhonão sua bêsta! é umíquei o menino respondeu e a mãe disse olha querido não falassim coamamãe que tá todo mundo vendo. foi. mas de fato aquele ratinho não era bem um ratinho era um camundongo e não era o míquei era o adamastor fantasiado pro bico dominical na porta da concessionária. é. o adamastor. levant
________________________
¼ op,cit. [Alguns não são ingênuos assim e defendem o regime apenas para agradar o possível sogro. Outros são estúpidos mesmo. Tenho aprendido coisas bem diferentes com minhas colegas da Escola. Entretanto, quando meu pai me pede para opinar, concordo rapidamente com o que quer que ele afirme.]

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...



Capítulo 7
a água ardente

ela entrou na cozinha onde a moça que trabalha em casa de família começava a preparar o almoço. depois de tomar o café da manhã calada o tempo todo ela continuou ali. na cozinha. calada. pensando pensando refletindo refletindo tentando decifrar o sonho daquela noite. mas que coisa mais engraçada e encafifante aquele tróço de o sílvio o santos aparecer no sonho dela pôxa mas que coisa mais esquisita aquilo sonhar com o sílvio santos ela pensava enquanto a moça que trabalha em casa de família retirava um peixe do congelador estranhando o fato de ela uma moça assim coméquesediz tão faladêra estar tão quietona aquele dia naquela manhã diferente de todas as outras em que ela costumava estar então a moça que trabalha em casa de família criou coragem e comentou com ela que achava quéla tava muito muito coméquesediz macambúzia e quéla tava comentando aquilo porque não suportava ver ninguém jururu e quíisso tava dando tanto nos nervos dela quéla tinha até medo de perder a mão pro tempêro do almoço vendoelassim daquele jeito. né nada não né nada não é bestêra! ela tentou disfarçar mas não deu e a moça que trabalha em casa de família batendo cum martelinho no peixe congelado sobre a pia resolveu quebrar também o gêlo daquela situação e começou a contar pra ela modos de bobêra como que ela a moça que trabalha em casa de família achava incrível a quantidade de gente burra que costumava ir no shou do milhão do sílvio gente que maginasó! uma vez o sílvio perguntou pruma mulher qual o nome da flor com que se faz malmequér bemmequér se era a rosa o cravo a margarida ou a samambaia e a mulher num soube responder e pediu ajuda prus universitários de quem ela a moça que trabalha em casa de família tac tac tac batendo no peixe com força não tinha inveja nenhuma por eles os universitários irem na escola e ela não porque eles os universitários às vezes pareciam mais burros que os burros que pediam ajuda pra eles os universitários porquêles eram todos muito mas muito coméquesediz ignorantes sobre coisas simples da vida como por exemplo amolecer tac tac tac um bife duro. e você !?! ela perguntou pra moça que trabalha em casa de família purquê quicê tá batendo o peixe desse jeito? queu nunca vi ninguém descongelar peixe assim na cacetada. ôsh! porque o pêxe congelô demais ora! respondeu tac tac tac a moça que trabalha em casa de família contente por ver ela de repente mais alegrinha como quiném passarinho logo depois da chuva e além do mais tac tac tac eu num tô descongelando o pêxe de verdade só tô tirando o gêlo grosso porque o pêxe ele vai descongelá sozinho por ele mesmo tac tac tac continuou a moça que trabalha em casa de família batendo o martelinho com mais força e a falar de outras coisas absurdas quéla via no programa do sílvio e também na casa da tia que morava lá numseiaonde e quéra daquelas pessoas tipo meio vidente meio espírita como ess quem!?! ela click teve um estalo. minha tia ora! respondeu a moça que trabalha em casa de família. não ela se corrigiu qual quédizê quê programa que cê falô? ô! a senhora num tava prestando atenção noqueu tava falando foi? não tava sim mas é que o sílvio podia ser o berlusconi né? ela disse. afmaria dona ela! lógico qué o santos né! esse tal de beliscão sei quem énão respondeu a moça que trabalha em casa de família. e essa sua tia? ela é espírita é? é. então comé que a gente faz praí lá? ela quis saber. bom quandeu vo vo de busão metro e peruêro falou a moça que trabalha em casa de família achando estranho o repentino interesse dela pela tia dela e talvez por isso mesmo continuou a falar da tia que morava lá numseiaonde quéra muito trabalhadêra e esforçada que vendia iaculti de manhã gêquiti à tarde e à noit quero ir lá agora! na sua tia ela interrompeu assim de brusco a senhora enlôqueceu foi é? perguntou assustada a moça que trabalha em casa de família. não mas vou se a gente não for lá agora ela disse enquanto ia pra sala apanhar a bolsa e a sombrinha e a moça que trabalha em casa de família ia desligando o fogão tirando o avental e perguntando mas e o almoço? e o almoço? comé que vai fazê? ah o moço ela deu uma gargalhada enquanto trancava a porta da rua e concluiu a gente come depois e após muita chuva e muito andar de busão metro e peruêro elas chegaram lá numseiaonde na casa da tia da moça que trabalha em casa de família que agora ela já conhecia mais ou menos de ouvir falar pois no caminho a moça que trabalha em casa de família contou pra ela que a tia era entre outras coisas uma espécie daquilo que o pessoal do gê sete oito ou vinte chama de bruxa e a gente aqui de macumbêra pois é e mais ainda ela ficou sabendo que a tia era uma preta mestiça com índio da cor e solidez da tina tãrner coisa que ela achava só existia lá onde mora a tina tãrner nossa! que coisa num é? é e mais mais ainda ela ficou sabendo que a tia à noite ganhava a vida fazendo magia branca pro pessoal do ministério público porque o pessoal lá do ministério público desde há muito tava doido pra pegar um pelo menos um só dos grandes que todo mundo sabe no brasil existem mas ninguém pega quer dizer pegar pega julgar julga e até algumas vezes condenar condena mas o quê ninguém faz mesmo é prender  ah isso não pelo menos não aqui no brasil mas voltando... como grampear na forma da lei demorava muito e isso ajudava os grandes a escapar o pessoal do ministério público resolveu recorrer às habilidades paranormais da tia pra ver se eles conseguiam reunir provas irrefutáveis contra aqueles seres ou entidades que faziam magia negra contra os cofres públicos e como aqueles senhores e senhoras do ministério público eram todos homens de resultado ainda que sobre eles&elas pesassem ou melhor enrolassem as meia voltas volta e meia da ciranda que a justiça dança eles&elas sugeriram que a tia ganhasse por produção o quê em outras e mais claras palavras quer dizer no risco. pegô leva escapô ganha nada. se a tia aceitasse muito que bem senão não. foi assim queles falaram. então a tia resolveu começar só  pra ver no quê que ia dar a coisa que começou bem mas acabou mal porque toda vez que a tia descobria uma prova lá nos altos do além dos processos surgiam controvérsias e a prova virava indício a bolsa caía os juros subiam e braços fracos não conseguiam erguer da justiça a clava forte e para que não se abalassem as estruturas do edifício sobre o qual se assaltavam as bases da nação os grandes continuavam todos muito bonitinhos sentados à direita de zeus pares e assim ia. e a bolsa subia. e ela a tia da moça que trabalha em casa de família continuava pobre pobre pobre de marré marré desci marrom glacê porém diferente do bairro de marais em paris que até a época da revolução francesa havia sido um bairro de favelados e depois evoluiu reconstruído de modo a abrigar com dignidade os seus moradores as evoluções que por aqui revolviam não evoluiam como lá e o lugar onde no início do século vintchum do brasil morava a tia da moça que trabalha em casa de família tinha um aspecto muito mas muito pior do que o dos bairros dos trabalhadores ingleses no início do século dezenove da inglaterra. mas na forma como podia e ainda não perdera a tia as recebeu com hospitalidade e convidadas a sentar em um dos bancos de madeira improvisados no fundo de um quintal abrigado elas ficaram esperando a tia preparar um café. as duas. ela e a sobrinha. ali. meio quietonas. observando a água e ouvindo o som da chuva que escorria como lágrimas pesadas de cântaros assim transformados todos os muros e furos calhas e falhas daquele lugar onde tudo aparecia desse jeito por demais desigual e desnivelado. ao retornar oferecendo uma xícara de café a tia foi logo comentando que ela era mais bonita do quéla a tia tinha imaginado. então ela quis saber como? a tia a imaginara e a tia respondeu que a imaginara assim ué! bonita tal qual ela de fato ainda mais o era. ela agradeceu o elogio mas modificou a pergunta que na verdade tinha feito errado pois o quéla queria saber mesmo era por quê? que a tia a imaginara se até ali uma nunca soube e nem sequer tinha  visto a outra. então a tia depois de baixar a cabeça e ficar olhando pro chão algum tempo em silêncio com aquele olhar meio vazio meio perplexo dos intimados a responder à queima-roupa qual o valor de xis explicou que por quê? era uma pergunta que a gente tem todo o direito de fazer mas poucas possibilidades de responder satisfatoriamente pois o porquê das coisas não é bordado de costura humana mas capricho dos orixás de modos que então ela a tia não sabia responder porque que os orixás já há algum tempo vinham sinalizando em sonhos a chegada de uma moça assim quinémqui ela para quem ela a tia deveria dar um vidrinho de um preparado que também em sonhos os orixás haviam ensinado a receita e quéra uma tal de água ardente que vinha lá do lindo lago do amor de onde maravilhosamente jorra água como bem sabia aquele menino o gonzaguinha água essa que sempre segundo eles os orixás deveria ser misturada junto com guaraná antártica e coca-cola ou pépsi pois estas bebidas traziam em sua composição as três instâncias naturais ligadas à formação do brasil o guaraná dos índios o café mouro-ibérico dos portugueses e o gengibre que alguns sim outros não diziam ter sido levado da índia para a áfrica pelos mesmos portugueses que antigamente iam pra tudo qué lado que nesse mundo há. verdade ou mentira pouco importava pois de qualquer modo o gengibre era uma raiz fortemente ligada à culinária negra do brasil. então ela perguntou pra tia se aquilo a água ardente era um alucinógeno um estimulógeno um alcalóide ou um debilóide ao quê a tia respondeu de pronto que não que a água ardente embora deixasse a gente assim meio zoêra e tivesse a aprovação do ministério da saúde e carimbinho do sif não num era nenhum desses legais regular e doutoral mente receitados ac áx ou íum da moderna farmacopeia global. aí ela quis saber se tia já havia experimentado a água ardente e a tia respondeu que não que a água ardente havia sido encomendada pelos orixás única e especial  mente pra ela ela. então ela perguntou por que quios orixás especial mente não passaram a receita direto pra mim? hein? pelo queu já te falei respondeu a tia voltando a lembrá-la que por quê? era um capricho dos orixás e que em assim sendo com certeza ela nunca iria encontrar uma resposta satisfatória praquele nem pra qualquer outro de todos os mais diversos porquês que a vida enseja. aí ela ficou danada com aquilo e mal contendo a irritação falou pra tia o quê com pressão baixa e coração normal sem fazer tum tum apressado teria saído mais ou menos desse jeito : embora eu não seja capaz de compreender direito essacoisatoda acho que sou capaz de aceitar sim não só as razões mas também as não-razões do orixás os quais embóreu não tenha o prazer de conhecê-los pessoalmente sei tratar-se de gente assaz sábia e suficiente mente esclarecida para ter um pouco nem que seja só um pouquinho de compaixão por minha condição humana esta que infinita mente me leva a fazer perguntas e a procurar respostas o tempo todo pra coisas que minha razão não alcança mas meu coração diz vai lá que tem. e foi assim como uma cachoeira vertendo água quéla prosseguiu pra no final dizer à tia que fosse de que modo fosse satisfatória ou insatisfatória mente ela a tia que procurasse responder à pergunta quéla tinha feito porque senão a tia e os orixás que a desculpassem mas ninguém ia beber nadinha de coisa alguma. entendeu? a tia ouviu tudo até o fim com muita calma paciência e compreensão e depois sem dizer uma palavra foi até a cozinha e tirou do armário o vidrinho que pouco depois entregou pra ela dizendo minha parte na história termina aqui tenho fé que quando você chegar em casa vai encontrar da parte dos orixás uma ou outra dessas satisfações que você tanto deseja e ó se resolver beber da água ardente beba só metade porque a água ardente como tudo na vida inclusive a própria é assim metade é de ida e metade é de volta. e finalizando sua participação a tia perguntou se elas as moças queriam mais alguma coisa bolinho cafezinho chazinho ao quê elas disseram não  obrigada tá na hora tá na hora tamo atrasada e aoquê a tia retrucou tá sei como é e assim trocando bêjinho bêjinho e promessas de até mais ver saiu da história.
se no começo a pressa de ela era pra sair agora era pra voltar.
depois de mais chuva ônibus metro e perueiro ela chegou em casa achando aquilo tudo uma enorme bobagem melhor seria pôr a cabeça no lugar ir pro quarto tomar um banho botar uma roupa fresquinha comer alguma coisa e ler um pouco até pegar no sono.
na caixa de imêils não tinha nada só molequêra coisa com o quê ela não tinha tempo a perder razão pela qual as deletava porém numa dessas quando ia clickar delete clickou ao invés enter e aí num teve jeito que desse
depois do banho lá pelas dez e tanto da noite ela se deitou pensando misturado no que acabara de ler e nas coisas todas que aconteceram naqueles últimos dois dias sim ela pensou pensou pensou pensou e pensou e não foi pouco não mas muito muito muito muito muito mesmo e talvez por isso mas não só por isso mas também pelo que se sabe e pelo que a ninguém ela jamais revelou lá pelas onze e tanto ela bebeu metade da água ardente.

e após alguns minutos adormeceu.

talvez pela quantidade exagerada de roupas que vestia ela despertou com uma sensação incômoda e aos poucos foi se dando conta de estar em um quarto muito diferente daquele o qual até então ela dava por certo era o seu.
mas aquele ali não. 
ah decerto néra seu quarto não.



Capítulo 8
jack. o primeiro encontro.


pum ou o cheiro de charuto não importa ele despertou e à sua frente foi ganhando nitidez a figura do homem impecável  olhos postos em uma página do the girl e a dizer bobagem bestêra tolicequêqué bobagem? então sem se desconcentrar o homem impecável aprumou melhor o livro frente dos olhos e prosseguiu a leitura agora em voz alta

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the girl with the kaleidoscope eyes                      


assim como a noiva o adamastor era mais um dos da maioria que há  até bem pouco tempo imperativos de uma ordem dissociante dita inevitável rotulavam de ociosa indolente safada e vagabunda quando não cachacêra. sim. tudo isso apesar de sua estirpe muito antes de qualquer copa do mundo ter vencido franceses no rio e no maranhão holandeses na bahia e em pernambuco ingleses e irlandeses na amazônia espanhóis na fronteira sul e agora já na época das
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¼ op,cit. [“Não quero deixar a escola por nada neste mundo. Não que seja maravilhosa, mas é a única oportunidade que tenho para ouvir e dizer coisas proibidas; para ver o professor Silva Jardim e para encontrar amigas que, por sua condição social e econômica, não podem freqüentar minha casa.”]


bobagem bestêra nonsense.
quêqué bobagem?
isso tudo essas palavras essas idéias esse livro inteiro se é que se pode chamar isso de livro disse o homem impecável fechando aquilo que ele duvidava livro pudesse ser enquanto olhando fixo para seu interlocutor prosseguiu dizendo mas ora! sumérios acadianos cananeus babilônicos hititas hicsos  huh? onde estão os hicsos hoje? onde? cê algum por aí? vê?
qualé seu problema? ele perguntou pro homem impecável.
tudo passa tudo acaba só uma coisa não tem fim.
o quê?
o desejo.
hun. sei. e você é o famoso quem?
sou de tudo um muito disse o homem impecável e colocando a mão esquerda no bolso do paletó daí tirou um pequeno cartão de plástico é isso aqui ó é o baitacard série titanium sem limite de gastos nem prazo de validade aceitável em todas as boas casas do ramo por quanto especial mente o engenhou para very very but very important indeed persons como você que em não sabendo que é ao menos poderá ter e em tendo haverá de é claro parecer que é.
pôxa! que legal hein! ele falou mas foi só pra disfarçar porque imediata mente o fez lembrar-se da mãe que sempre dizia meu filho tome cuidado nunca aceite nada de estranhos menos ainda de graça e então ele começou a pensar num jeito de sair não só dessa mas também daquele lugar ali e quiqueu tenho que fazer pra ter um dêsse? ele perguntou pro homem impecável que de pronto respondeu nada só quero ficar com esse livro aqui quêle balançou na frente de ele e aí bingo! foi só ele ouvir e ver isso que zapt! mais rápido que o the flash ele arrancou o livro da mão do homem impecável e começou a correr em zig zag sem direção certa pelo átrio e quanto mais ele corria corria e corria o mesmo fazia atrás dele o homem impecável gritando feito louco dá o livro! dá o livro! até que de repente ele teve a ideia e parou virou pra trás e falou estátua! e assim num relance ainda mais que de repente o homem impecável ficou todo petrificado feito o pensador de rodin em pé e foi assim também que naquele átrio num instantinho cumpriu-se mais uma das profecias de roberto&erasmo pois fantástica imediata instantânea e automática mente janelas e portas abriu e ao vê-las assim desse modo escancaradas ele sorrindo chorou mas não por muito tempo  porque chorar ele podia chorar depois ele se tocou agoreu tenho é que me picar daqui rapidinho e num é pois que exata mente o fez fazer isso mesmo!
sem saída à direita ele tomou o rumo à esquerda e começou a caminhar rápido rápido rápido rápido cada vez mais rápido primeiro pela rua depois pelos morros.
e muitos morros acima e abaixo quilômetros e quilômetros depois ele avistou logo ali um pouco mais à frente o lugar até o qual caminhou e diante do qual agora estava e quéra §A Casa do Joker§



Capítulo 9
em verdade. domínios.

a primeira reação foi procurar a bolsa que aiquealívio! tava em cima da cômoda. cômoda? é. e sobre ela a cômoda um jarro e uma bacia. de porcelana. brancos. conferindo em seguida ela encontrou dentro da bolsa o vidrinho da água ardente mas não o the girl talvez porque alguém aiqueraiva! sem autorização havia mexido em sua bolsa bolsa agora deixada no chão lustroso do assoalho em madeira por sobre o qual saindo da cama ela caminhou até tocar as pesadas cortinas de veludo verde escuro que abertas revelaram a existência da varanda guarnecida pelas duas de madeira também enormes e envidraçadas portas que sem mais esperar de imediato ela abriu e foi pois nesta varanda quéla se debruçou e ficou imaginando seráqueu por acaso quem sabe? não acordei assim de repente como num passe de mágica desses que de vez em quando a vida dá ou faz e de tal modo faz que vai saber? siéssavarandaêssequarto não são a varanda e o quarto de alguma pousada em ouro preto paraty pelourinho ou qualquer um desses centros históricos típicos do brasil colônia que poraí existem como por exemplo a barra da tijuca ou a berrini hein? será quenão? vai saber ela pensava quando de repente lá embaixo na rua distante há poucos metros da varanda viu o rapaz que apareceu e pareceu muito simpático quando delicada mente o fez olhar pra cima na direção dela e inclinar-se para cumprimentá-la tirando o chapéu quéla achou da hora  o chapéu e o gesto indamais depois que percebeu nossa! é pra mim esse salamaleque todo esse modo cortês essa elegância e educação! inéditas em ouro preto paraty pelourinho ou qualquer outro centro fossem esses comerciais históricos ou espíritas e foi também de modo para ela inédito que aquela mesura inesperada a fez sentir o troço que até então ela achava só acontecia em música e quéra igual ao quê aconteceu à bela inês do alceu a burguesa que amava o capitão e quéra isso o bater de um certo vento assim conservador que de modo algum nem peito operário nem sonho libertário e atrevido consegue amainar porque é de bate e pronto que vem e quando é assim todo mundo sabe aí então danou-se porque surpresa e emoção essas duas coisas juntas num tem quem bem negue ou disfarce e então a reação dela foi essa que apressada mente sugeriu voltar pra dentro do quarto e mas que idiota queusô! tão bandeirosa e rápida se ao menos lento fosse esse fechar de portas cerrar cortinas mais eu hein gabriela êh meus camaradas vou é procurar o espelho pra me mirar e nossa que horror queu tô com esses cabelos e esse rosto em desalinhos tal qual o peito por causa de isso elainda não se dera conta recente e em verdade tamanho despertar mas olha só esse espelho tão grande e pesado quanto a porta à qual revestia e que depois de aberta revelou uma variedade para ela deliciosa de vestidos e peças de roupa a provocar em qualquer uma que os visse decerto uma mistura de riso e encanto riso porquanto olhando dum jeito aqueles vestidos aquelas roupas pareciam ser as da emília do sítio do pica pau e encanto porquanto vistos deoutro jeito aqueles vestidos aquelas roupas pareciam ser também as da gata borralheira em suas melhores momentos horas com o príncipe mas de qualquer modo aquelas eram roupas quéla com certeza jamais haveria de conseguir vestir sem ajuda de alguém mas por sorte ou trama muito bem urdida depois de procurar por todos os cantos do quarto por sua camiseta seu náique e sua lévis e nada nenhum sinal de sua antiga roupa e já dizendo desisto e decidida a sair do quarto vestida com o camisolão no qual despertara ela ouviu baterem na porta do quarto e antes quéla conseguisse chegar até à porta duas mulheres negras entraram sorridentes e e e majestosas! foi foi sim pois essa é a melhor e mais apropriada definição pra designar o quê o coração dela sentiu a respeito daquelas duas mulheres que além de lindíssimas em seus traços africanos mais lindas ainda estavam com suas cabeças envoltas em turbantes brancos iguais aos vestidos acrescidos pelo lado direito do ombro com panos de listras coloridas pôxa! mais que  beleza ela achou charming muito charming aqueles panos caindo por sobre os vestidos até à barra rendada uau! que lindo ela achou e o tempo todo um sorriso nos lábios as duas mulheres abaixaram a cabeça em sinal de cumprimento após o quê uma delas com um pequeno gesto de mão indicou a cama que vapt vupt já estava a arrumar enquanto a outra despejava a água da jarra em suas mãos que é claro não era a mesma que durante a noite permanecera sobre a cômoda onde estava a bacia agora com água fresca e tão logo terminou de arrumar a cama a mulher com o pano de listras vermelho e verde se voltou para o armário aquele de onde começou a retirar as peças de roupa que agora caprichosa sobre a cama ajeitava em seguida a outra mulher a que despejara água na bacia e quéra a mulher com pano de listras vermelho e preto caminhou na direção da cama e se pondo de joelho retirou debaixo da cama uma pequeno vaso com alça que de modo igual para as três mulheres mas por razões diferentes despertou curiosidade pelo fato de estar vazio pois quando as duas mulheres a das listras verde e a das listras preta olharam uma para a outra e trocaram risinhos foi quéla se tocou a ficha caiu e ela se deu conta de que o vasinho érum penico é um penico então ela riu também ora! como não rir indamais quando a mulher da listra negra esticou o braço na direção de ela com certa mistura de intimidade e timidez e de modo a não deixar dúvidas lhe estendeu o penico para eventuais necessidades esquecidas ou adiadas mas neeeeem morta! ela pensou enquanto gesticulava um não obrigada sem certeza de ter sido bem compreendida então a mulher das listras preta insistiu apontando pra sua própria bunda e mas neeeeeeeem duas vezes morta! ela pensou outra vez agora porém balançando a cabeça em movimentos de recusa até que as duas outras mulheres achando aquilotudo muito engraçado trocaram algumas palavras numa língua quela não foi capaz de entender e em seguida a mulher da listra negra retirou de um entre muitos bolsos ou um bolsão só que no meio do emaranhado de pano quéraquele vestido maravilhoso num dava pra ver direito o punhado de folhas e flores aromáticas cheirando à laranjeira e alecrim que mergulhou na bacia com água ao tempo em que depois de haver retirado de uma das gavetas da cômoda uma toalha de linho branco bordado a mulher das listraa verde se colocar ao lado da bacia com água e após alguns segundos vendo ela parada sem reação diante da bacia a mulher das listras verde começou a movimentar a cabeça inclinando-a repetidas vezes na direção da bacia como quem diz vâmolá pôrra! tal era o ar meio sério que agora dela emanava. da mulher. a das listras verde. então mas claro claro lógico! ela disse em voz alta para que as duas mulheres não ficassem a imaginar quéla não fosse chegada a um banhozinho e assim após lavar e secar o rosto ela ficou esperando que as duas a ajudassem a vestir-se com aquelas roupas que sobre a cama estavam mas as duas mulheres continuaram paradas olhando pra ela dessa vez com sem risinhos embora foi com um sorriso esperto e um gesto ousado que a mais jovem das mulheres a tal a da listra verde  que dentre as duas a mais ousada mesmo parecia ser  esfregou o dedo no braço dela após tê-lo molhado o dedo na água da bacia e como ela não demonstrou reação a mulher das listras  preta repetiu o mesmo gesto que a outra havia feito e foi assim que depois de ter se despido da camisola e ter o corpo gentilmente esfregado e lavado pelas duas mulheres ela se enxugou e após fazer alguns gargarejos mastigar umas folhinhas de sálvia camomila e mirra ela começou a se vestir ou melhor começou a ser vestida não sem antes ter pedido para que as duas mulheres saíssem do quarto um pouco só um instantinho pois quando foi na hora de apertar o espartilho ela sentiu que não ia dar pra segurar o xixi que antes se recusara a fazer mas agora ia fazer de qualquer jeito fosse onde fosse e  pronto feito o xixi ela chamou as duas mulheres de volta pro quarto as duas que depois de concluírem seus préstimos préstimos? sim ali em verdade o nome daquilo tudo que as mulheres negras por ela haviam feito era préstimos sim pois que outro nome dar a um vestir que demandava a colocação de  pelo menos umas oito saias e quase outros tantos laços de fitas que dos pés à cabeça a fizeram se sentir mais como um ovo de páscoa do que a dama que afinal do quarto saiu e caminhou por um corredor comprido estreito e algo mal iluminado a dar por fim em um salão que mais lhe pareceu um antiquário pela mistura de cadeiras e sofás revestidos com cetim listrado ao lado de móveis entalhados uns marchetados outros alguns dos quais com puxadores de prata fosca outros brilhante como brilhantes também eram as  louças e os pratos de porcelana e as travessas e bandejas a servir de suporte para copos e garrafas de cristal  a disputar o espaço que não era pouco com objetos e esculturas que poucas também não eram a maioria em madrepérola marfim e madeira sobretudo madeira monocromática madeira escura a moldar não só a mobília mas também as gravuras e os quadros que nas paredes retratavam aqui pessoas lá cenários que pareciam saídos de bíblias ou batalhas gravuras e quadros diante dos quais ela se detinha a apreciar um a um por algum tempo até que assim de um em um ela chegou em um outro salão menorzinho este onde além do cheiro de água de colônia havia um homem sentado numa poltrona de costas para ela.
aproximando-se cautelosa mente a fez perceber que o homem estava lendo um livro. o dela. o the girl.



Capítulo 10
o homem de today


n§A Casa do Joker§ morava o homem de today um professor de história que ao descobrir em sua matéria all problems seems so far away decidiu to hide away nos domínios região banhada ao norte pelo plácido mar de rosas e ao sul pelo turbulento mar de lágrimas ou seria o contrário? importa que certo dia o homem de today resolveu não mais dar notas para seus alunos por entender que as coisas têm mais chance de melhorar quando deixamos de atender as necessidades cartesianas da diretoria ótimas pra quem não sabe o quê fazer sem um gêpêésse mas inúteis pras surpresas quânticas da vida a insistir o tempo todo em estragar o asfalto da estrada reta na qual todos com ou sem gêpêésse melhor transitam então em de assim sendo feita a vida de mais curvas&terra do que de retas&asfalto melhor tentar ajudar os alunos a desenvolver  o espírito crítico as opiniões pessoais as bem subjetivas quanto mais melhor porquanto não há um padrão nem juízo único mas sim ênes zilhões de ênes juízos tantos quantos de cada reflexão pessoal brotam a valer e a pesar sobre as atitudes e mentalidades dos personagens das diversas histórias que ele o homem de today muito mais do que ensinar conta como ele mesmo de si decidido disse depois de qué um café? uma água? um refrigerante? oferecer e se apresentar pra ele o viandante ainda suante em bicas causaque da andança corrida modo como até ali chegara e sim por isso mesmo é que ávida mente o levou a aceitar água por favor obrigado.
olha veja bem história como objeto de ensino pra mim deixou de ser notável falou o homem de today enquanto servia água numa caneca grandona. como assim? ele quis saber prestes a tomar um gole dágua achando engraçado ouvir o som da própria voz reverberando grave o como assim? dentro da xícara. como é que você pode dar nota proquê no fundo é um conceito abstrato carregado de subjetividade por todos os lados? como assim? veja o caso do lobo mau por exemplo. quiquitem o lobo mau? o cara já é mau de saída percebe? sem chance de se retratar ou melhor dizendo retratar a si mesmo. como assim? sem chance de dizer em alto e bom som ó pessoal prestenção negócio é o seguinte sou apenas um lobo como outro qualquer cuja natureza né nem boa nem má apenas é e é esse vasto leque de humores mutantes do ser que todos somos ou seja presas dos instintos que a todos os mortais assolam indamais quando tal se faz ser como sou quero dizer animal  com apreço grande e especial apreço por carne sobretudo em meu caso pela da raça suidae à qual pertencem aqueles três irmãos ali dos quais nada tenho contra inclusive muito pelo contrário por divertidos e em boa conta os tenho da hora pra dizer a verdade os acho dois deles ao menos porque o mais velho o tal de prático é meio bestão convencido e mandão acho um saco um porre fascista é a palavra certa sim isso acho  fascista é o quêle é não só no fundo mas também na superfície é já os outros dois não com estes como já disse me divirto à beça percebe? percebo mas ainda assim ele o lobo é mau. quem é bom? ah sei lá meu! acho que cê tá pegando pesado issoésó uma historinha pra criança dormir.
uau! é possível dormir melhor.
como assim?
pra quê exercitar desde cedo essa discriminação essa polarização esse antagonismo essas coisas? pra quê? por quê não a compreensão a união a solidariedade outras coisas.
tipo imégine?
é. tipo imégine.
mas o sonho não acabou?
acabou. virou pesadelo.
como assim?
ih. longa história essa.
qual?
essa. a nossa.
nossa?
nossa.
conta.
ouça
e o homem de today contou que
começando pela inglaterra a partir do final do século dezoito com a descoberta de modernas técnicas de produção em escala levas cada vez maiores de camponeses pobres porém até então integrados começaram  a migrar do campo e a gerar desse modo outras mais e crescentes levas de futuros operários miseráveis dissociados condenados à marginalização em cidades para eles ilusoriamente fascinantes pela possibilidade de oferecer as comodidades de um modo de vida baseado na acumulação de bens nunca permanentes ou satisfatórios o suficiente pra atender o sempre boquiaberto desejo doravante estimulado para além mas muito além do necessário pão sabonete e sapato nosso de cada dia dia a dia mais sofisticado e de tal modo que no finalzinho do século dezenove e início do vintch já deslocado o eixo da hegemonia mercantil e financeira da inglaterra pra sua antiga colônia americana em pouco tempo no final da terceira década do século vintch uma exuberância irracional de bens e produção inundou os mercados de um tanto tanto tanto que de tanto que era no final acabou se revelando o quê de fato era. nada. um nada a transformar em desemprego carestia e amargura a vida de povos inteiros pessoas partidas quebradas porquanto mal haviam se recuperado do esgotamento e sofrer imposto pela primeira grande guerra dos capitais então de um lado gangsters na américa e fascistas na europa novas formas de marginalidade prosperaram enquanto do outro lado na rússia então soviética quer dizer sindicalizada foi na marra que a mão de ferro tentou conquistar a igualdade que a mão invisível desede sempre vende mas não entrega hábil em tirar proveito dos desequilíbrios naturais exaurindo pessoas e recursos que viabilizam a própria existência e de tal modo exaurem que no final do século vintch as duas mãos tanto a direita quanto a esquerda quero dizer a de ferro e a invisível se mostraram incapazes de gerar a ambicionada e desejável igualdade e foi portanto assim cada vez mais desiguais que chegamos ao século vintchum onde no caos das grandes cidades estamos. nós. imensa maioria a sofrer as conseqüências nefastas de uma moral que ambiciona o ter ludibriando o ser num permanente e destrutivo jogo de mico no qual durante um período de crescimento os micos as mercadorias e os papéis da burocracia financeira por elas engendrada ficam passando de mão em mão até que num belo dia belo pra poucos medonho pra muitos alguém decide bater e aí então bingo! termina a rodada até que após um período de muita penúria dor sofrimento e angústia geral a que eufemística mente chama de recessão ou aterrisagem as cartas vão sendo recolhidas para uma vez mais embaralhadas ter início uma nova rodada não sem antes terem sido reanimados os ânimos dos perdedores da rodada anterior de modo a se resgatar em todos a crença na possibilidade de ao menos dessa vez ganhar algo concreto na ilusão recriada mediante exposição contínua a instigantes apelos ao consumo de mais mais mais mais mas muito mais que o necessário pro bem estar do corpo e do espírito de modos que é esse pois o estressante e hipertenso continuum de uma lógica absurda a despertar desejos nunca de fato aplacáveis por ser poço sem fim o querer desse napoleão entusiasmado o ego que por si só implacável em seu natural semprequerendo imagina então o quanto mais não haverá de querer quando estimulado por  um incessante bombardeio midiático objetivando a supressão da consciência do juízo crítico capaz de dizer não! chega! porquanto sem saber de mim inconsciente quero tudo porém consciente sei quem sou o quê quero o quê não quero o quê serve e o quê não serve sei esperar até amanhã e não vou correndo porque antes não acaba a necessidade do ser verdadeiro qué bem menor decerto do que a parte que a cada um cabe na divisão equânime da riqueza mundial porquanto qué saber duma coisa verdade verdadeira? não desejamos tudo ou todas as coisas as quais inclusive até nos dispomos a auxiliar quem obtê-las deseja pois é assim cooperando que funciona a vida uma vez que ao contrário competindo funciona é a morte tanto que se existimos é porque cooperamos e não competimos desde quando começando a descer das árvores de um em um deu pra ver que não éramos páreo pras feras que muito mais bem dotadas assim de um em um nos comiam aos milhares té que coletiva mente nos fez perceber que descendo todo mundo junto as feras comiam apenas uns dez ou quinze de nós até por fim morrerem das pauladas que levavam de uns cem ou mil de nós que assim chegamos e cá estamos até quando porém parece que estamos outra vez das árvores a descer de um em um si usted me entiende como diz o nabuco de quem já já cê vai ouvir falar pronto é issoaí acabou essa é nossa história concluiu o homem de today.
mas essa não é sua história!
não? é de quem?
é a história do mundo.
oh! veja só! que a história do mundo é uma coisa e a nossa é outra é isso que você está sugerindo? uau! isso é o máximo. ou será qué o mínimo? sua história a minha história a história dos meus pais dos seus pais dos pais deles nossos avós é tudoumacoisasó pois ouça bem em verdade não sou um professor de história sou um contador de histórias e como tal minhas palavras expressam apenas  minha impressão pessoal sobre o quê até a mim chegou e  concordo mas não tenho certeza de que o quê a mim chegou e concordo é o quê de fato foi portanto mais do que de mocinhos & bandidos anjos & demônios estou a falar de um processo no qual não só nós dois tenha certeza mas muito muito mais gente esteve e está envolvida e portanto e bota tanto nisso este é um processo sobre o qual espero você seja capaz de formular um ponto de vista próprio que até poderá ser muito parecido ou igualzinho ao meu mas jamais será igual ou o mesmo porque eu e você somos duas pessoas distintas por mais parecidos que possamos ser e de tal modo somos distintos que mesmo possuindo as opiniões idênticas sobre isto ou aquilo dificilmente encontramos as mesmas soluções pra todos os o tempo todo mutantes inúmeros istos e aquilos a nos incomodar compreenda então pois que a única validade prática dos meus contares da história e eu só saberia contar estes porque outro não sou é gerar suposições opiniões palpites seja lá o que for quéqualquécoisa menos certeza porque esta suponho nem sequer a possuíam os próprios agentes das histórias objeto abstrato dos contares que tal como este agora conto e  do qual melhor aproveita quem for capaz de a partir dele transformar atitudes e mentalidades em um presente que aguarda o futuro com o rabo preso no passado veja você que coisa mais lôca num é?
num sei. vou pensar.
pensa. quémais água?
não ele não queria o quêle queria era saber o quê perguntou e que foi o seguinte
o que é §A Casa do Joker§?
é aqui é minha casa. ora.
sim. eu sei. mas por quê esse nome?
é modo que escolhi pra marcar minha presença no mundo de hoje. um romano clássico talvez chamasse de §Ludus Domus§ sei lá. no futuro quem sabe? a chamem de §Xiao Chou§ hoje é §A Casa do Joker§ joker é o bobo da corte é o coringa é aquele que divertindo diz ao rei o que de verdade pensa é a carta móvel não enquadrada que pode definir ou mudar o  jogo. em nosso caso um de micovenha cá cê num acha quêsse capítulo já tá grande demais?
acho. té porque andei pra chuchu pra chegar até aqui.
então que tal a gente dar uma descansada e continuar depois?

acho ótimo foi uma das últimas palavras quêle pronunciou naquele dia cujo sol a fazer jus aos vedas acabara de mergulhar ansioso no segredo da cálida escuridão que paira no limite do que conseguimos avistar da totalidade que só podemos conhecer sendo.



Capítulo 11
nabuco de massangana


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the girl with the kaleidoscope eyes

copas atravessado o mar para lutar nos céus e terras da itália. mas não obstante também naquele tempolá como há até bem pouco nesteaqui era comum dizer-se de pessoas como a nereida e o adamastor tratar-se de gente bestificada insensíveis com mão cheia de calo pé cascudo e¼ coração empedrado.
grosseirões desprovidos de glamour finesse savoir faire de um certo joie de vivre enfim. enfadonho.
mas nereida sobra isso e num tá nem aí coaquilotudo.
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¼ op.cit. [Depois que a Escola foi transferida da Rua do Tesouro para o sobrado da Rua da Boa Morte, os pais ficaram mais preocupados com a integridade moral e física de suas filhas estudantes. Dizem que há tantos rapazes atrevidos na Rua do Carmo! E falam até que esta é a rua predileta do bandido João José da Conserva.]

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the girl with the kaleidoscope eyes 

já o adamastor como diz mon senhor graças a deus da coisa toda nada sabe. homem sincero como o¼ da canção de onde cresce la palma quer apenas a longo prazo encher a alma de versos e a curto livrar-se dos chutes daquela criança mal educada acostumada a brincar cercada por um muro alto e um forte esquema de segurança enquanto outras muitas crianças (brasileiras) crack! também mal educadas fumam. cercadas por uma moral baixa e um forte sistema de indiferença.
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¼ op.cit. [O regulamento da Escola permite que sejamos acompanhadas por senhoras autorizadas pela Diretoria, que podem optar por assistir às aulas ou aguardar em uma sala especialmente destinada à elas. Eu acho tudo muito divertido e totalmente irracional.]


se a ele de tão usual em seu corpo por despercebida passava a fragrância da kolnisch wasser quatro mil setecentos e onze que ao olfato de ela latu e imediato sensu impressionara incomum decerto para ele foi a fragrância mistura de flor de laranjeira e alecrim que a invadir de repente a sala o fez desconcentrar-se da leitura por demais atenta e interessada daquele estranho livro pertencente à moça sobre a qual após repentino meneio do rosto seu olhar repousou antes de ligeira e suave mente o fazer levantar-se inclinar a cabeça para frente a modo cortês estender a mão direita em direção à de ela e dizendo apenas joaquim apresentar-se. joaquim? nabuco. do nossor? ela presumiu achando que esse tal pudesse ser aquele dada para ela além da imprecisa antiguidade uma total ignorância sobre os domínios no qual ainda sem saber se encontrava. de massangana esclareceu aquele mui elegante e para ela de saída simpático bigodudo por quanto muito gentil e educado parecia ser o tal de joaquim nabuco agora a oferecer-lhe o braço direito pois o esquerdo estava a indicar a direção que acabaram por seguir até chegarem ao salão onde encontraram a mesa farta a lhes prover o café da manhã que já neste exato instante tomam e é para ela era inédito não o instante em si mas essa coisa de um café às dez da manhã parecer em verdade o quê de fato era um almoço mas fosse aquilo o quê fosse café almoço ou janta inédito para ela mesmo foi o que aconteceu um pouco antes de eles ela e o tal de joaquim sentarem-se à mesa e que a saber foi o modo com certeza de todo estranho pros rapazes com os quais ela estava acostumada a sair e que não eram poucos mas que de qualquer modo nunca never ever em tempo algum nenhum deles jamais fizera o quê aquele tal de joaquim fez e que foi puxar muito atento e atencioso a cadeira para ela sentar-se antes que ela por si o fizesse porque tal muito bêsta e facílima coisa ela muito bem poderia ter feito por si mesma como sempre fez  mas quéra muito bom quando um homem fazia isso pra gente ô! se era e foi mas então agora lá estavam eles os dois ela e  o tal do joaquim sentados à mesa servida assim o tempo todo por outras mulheres negras tão bonitasquanto ou atémaisdoquê aquelas duas ládoquarto talvez pelo realce das vistosas pulseiras e braceletes que seriam de ouro e prata? usavam. e para ela graças a deus! foi o tal de joaquim quem tomou a iniciativa da conversa graças a deus porque apesar ou talvez até porissomesmo aquela cortesia e gentileza  de certo modo erigia um murinho de formalidade difícil para ela transpor não importasse quão despachada ela fosse pois sabe como é né? às vezes a gente vacila por tão pouca e tola coisa! coisas que bloqueiam mesmo inda mais quando não se tem a menor ideia de onde se está nem tãomuito com quem se está falando.
imagino que a senhorita tenha muitas perguntas a fazer.
ã rã.
bem veja disse o tal de joaquim ajeitando o guardanapo sobre o peito não obstante as coisas que vou lhe contar suas dúvidas hão ser dissipadas aos poucos na medida de sua convivência com eles. eles? sim eles joaquim confirmou referindo-se a o grupo ao qual também pertencia e quéra formado por brasileiros homens e mulheres de todos os tempos agora juntos ali em verdade nos domínios a formar o núcleo de resistência transcendental mais conhecido como o êne érre tal a organização nacional paragovernamental atemporal especial e sensacional sem fins lucrativos outros senão ver o brasil deixar de ser um estado de coisas para se transformar num estado orientado pro bem estar geral de todas as prestenção nessa palavra todas tê ó dê a ésse todas as suas partes fragmentárias quer dizer eu você essas moças aqui dentro mais aqueles moços e moças lá e os senhores e senhoras acolá que somados a os outros tantos mais que oxalá no didentro a compor o entorno quêsse país com seu vizinhos da américa do sul faz muito anseiam viver no estado integrado que sempre sonhamos ser e repare a senhorita por favor na imprecisão intencional desse sonhar no plural seja ele indicativo do efêmero presente a envolvê-la ou do eterno perfeito do pretérito ao qual pertenço. péraí seu joaquim só preu entender melhor me diz que lugaréêsse quépoca é essa quem são eles e por quê eles sei lá sejam ou tenham sido estão todos aqui reunidos neste lugar? dá pro senhor me explicar direitinho? dá?
dava. e a explicação foi a seguinte 
ele ela e todos os demais eles elas & elos por ele joaquim referidos estavam em mil oitocentos e oitenta e quatro em verdade uma cidade localizada no coração isto é no centro dos domínios e que era assimcomosefosse são paulo com as praias e os botecos do rio o rio com os ares do pelourinho e as baianas de acarajé e os sons de batuque e berimbaus de salvador salvador com as livrarias e os points culturais de belô belô com o sotaque e os blocos de rua do recife recife com os cinemas teatros e restaurantes de são paulo e bah! tchê com a estátua do gaúcho no centro é claro! da praça. da república. ah tá entendi. mas ieu? qual o caso? quiqueu to fazendo aqui? não sei. não sei responder essa pergunta como também não sei quem foi que escolheu esse lugar e essa época pra nos reunir talvez como diz a amelinha tenha sido deus que fez você o rancho das estrelas e essa coisa toda não sei mas de qualquer modo parece ter tudo a ver pois neste momento disse joaquim o brasil é um país respeitado no mundo inteiro as bases da industrialização estão começando a ser assentadas que o diga o irineu o evangelista e a escravidão que assim como era no princípio ainda é mas não será para sempre neste instante está em debate não só a escravidão mas também a questão da identidade nacional para a qual começa a contribuir uma forte corrente imigratória vinda da europa o quê com toda certeza do ponto de vista da integração racial haverá de dar à fisionomia brasileira uma feição por demais singular entre todas a nações e mais ainda essas duas questões juntas a da escravidão e a da imigração estão trazendo à tona a questão da terra e da governabilidade dois temas importantíssimos ameaçados porém de não receberem a devida atenção por conta das atitudes reacionárias do individualismo rastaquera de alguns. quiquéísso? o quê? rastaquera. ah. são pessoas que gostam de chamar a atenção por seus hábitos luxuosos e ostentações. sabe como é? ô. pois então. mas dizia eu a questão da terra da distribuição da terra da tremenda tremenda e neste ponto joaquim vacilou alguns instantes ‘causaque o quêle queria dizer mesmo era tremenda sacanagem mas ele é claro jamais haveria de mencionar a palavra sacanagem diante de uma senhorita então perversidade foi a palavra quêle usou depois de tremenda pra se referir a um dos diversos mal traços comuns a boa parte de uma elite cujos interesses econômicos ab surda mente apoiava fazendo com isso criar um distanciamento dos interesses do povo brasileiro que em matéria de decidir por si mesmo inda num era bom nisso não pois era jovem muito jovem tanto quanto você disse o joaquim e ó repare passamos a maior parte de nossa existência social sem poder tomar iniciativas próprias quero dizer de acordo com nossos próprios interesses sejam estes políticos econômicos etcétera e tal pois nos acostumamos a só receber ordens pois em quinhentos anos passamos trezentos e vinte e dois sobre reis sessenta e seis sobre imperadores quarenta sobre coronéis quinze sobre um ditador civil e vinte e um sobre generais ditadores os mesmos que daqui há cinco anos vão proclamar uma república particular no sentido mais privée da palavra exclusiva por quanto ignorada pela maioria do povo branco negro e índio que saiba você gosta muito pra dizer a verdade ama se de paixão num sei mas que ama ama o imperador que ama o brasil que o ama. é. o imperador. o pedrão considerado por todos os diplomatas estrangeiros como o mais ilustrado e progressista monarca do seu tempo. e o senhor? eu o quê? também gosta ou gostava nossa! vai ser complicado conjugar os verbos aqui né? mas enfim o senhor gosta do imperador? muito. pra ser sincero eu e o negão. na mesma medida. negão? o doutor rebouças meu amigo. o da avenida? é. o da avenida e o do túnel também o andré mas como eu estava dizendo eu e o andré somos apaixonados pelo imperador.
então o senhor é a favor da monarquia e contra a república?
já fui. fui muito a favor mas muito meeesmo pois achava que a monarquia tal como existe na inglaterra no japão na suécia e na espanha por exemplo não teria sido mal pro brasil que pelo menos até mil novencentos e trinta nunca teve pai nem mãe mas aí com o passar do tempo comecei a perceber que nós os brasileiros de um modo geral não temos vamos dizer assim essa coisa da da essa rigidez superasfaltada muito comum de se ver entre os anglo-saxões os nórdicos e sobretudo os japoneses povos com os quais temos muito que aprender além de ensinar. ensinar o quê? doçura. você está na terra do açúcar minha filha. massangana é um engenho. não se esqueça disso.
ã rã.
mas continuando muito asfalto muita rigidez é bom pra disciplina que tanta falta nos faz mas também é bom boníssimo aliás pra guerra. vikings normandos samurais percebe? quando me dei conta que nós brasileiros temos uma digamos certa dificuldade com relação à disciplina além de nos acharmos todos reis de certo modo veja quantos reis da pizza dos amortecedores do parafuso do ora mas que estou a dizer? bem melhor do que eu a senhorita sabe disso posto que sua época é muito mais pródiga do que a minha em entronizações haja vista por exemplo aos casos de chico alves roberto carlos pelé e até mesmo marlene e emilinha borba as preferidas da marinha da aéronautica quiçá das forças armadas como um todo mas sim durante muito tempo em minha vida fui um monarquista militante e juramentado porém acho que foi a partir das duas grandes guerras do século vintch que comecei a refletir melhor até por fim concordar com o senhor churchill nessa coisa de que não há pior sistema do que a democracia salvo todos os demais deveras muito inteligente e perspicaz a observação desse súdito de sua a dele majestade.
hunm. e eles?
quais?
o pessoal do núcleo do num sei oquêlá que o senhor
ah! o êne érre tal sim quéque tem?
eles também pensam assim como o senhor?
sim pois coisa interessante é essa que não sei o quê que acontece quando o pessoal chega em verdade chegam todos com o mesmo ponto de vista. curioso isso né?
muito.
mas é isso nosso objetivo é integrar o brasil.
integrar?
é. integrar. e sobre isso olha me responda uma coisa cê acha qué possível o brasil se tornar o país desenvolvido que tanto deseja ser enquanto sua gente estiver completamente dissociada.
dissociada?
é. dissociada apartada dividida tal é distância entre os de cima e os de baixo confirmou o joaquim pedindo a ela que olhasse pras plastificadas alinhadas reluzentes confiantes felicíssimas pessoas que nas novelas e propagandas da televisão ou nos corredores do congresso sorriam esplendorosas na posse integral de todos os seus possíveis e alvíssimos trinta e dois dentes essas pessoas pois eram elas representativas da maioria dos que com bem menos de dezesseis dentes  ela encontrava no dia-a-dia das ruas e repartições brasileiras? eram? não. não eram. mas deveriam de ser não deveriam? ou por favor me responda senhorita que tipo de sociedade bipartida é essa que na televisão no congresso no judiciário é uma coisa e nas ruas é outra? a permitir que isolada mente as torne tão diferentes entre si? pois é essa a bandeira de luta do pessoal do êne érre tal acabar com a existência dessas classes tão díspares que no brasil não só ascendem em velocidades diferentes mas também nos brasilera mente singulares elevadores sociais e de serviço sobre os quais o mundo inteiro exclama quiquéísso meu? veja só senhorita sé possível uma coisa dessa e tem mais o
de repente aquele homem para ela um tanto eloqüente quanto simpático parou de falar pois ao servir-se de um pedaço de bolo de tapioca ele se deu conta de que ela não havia comido coisa alguma durante a conversa inteira. à senhorita não apetecem estes manjares?
não não é isso ela respondeu se mexendo um pouco sem jeito.
então é o quê?
e ela ficou um certo tempo meio assim assim sem saber o que falar até por fim disse posso ser sincera?
mas é claro! não é outro o espírito dessa conversa.
pois é então sabe oquêé ela começou dizendo antes de parar um pouquinho pra pensar mais um pouco e finalmente revelar que o problematodo era o quê eufemística e muito pudica mente chamaria de questão do cocô. é. do cocô. cocô quéla ainda não havia feito desde que despertara por ainda não estar convencida de que tal questão pudesse ser solucionada a contento num penico por mais chic que esse pudesse ser como de fato o era. xixi tudo bem! mas cocô não seu joaquim de jeito nenhum por favor entenda.
e joaquim nabuco para não deixá-la mais constrangida do que ela já aparentava estar evitou expressar a gargalhada que desejava dar e apenas sorriu com simpatia a mesma que manteve na voz ao dizer admiro muito sua franqueza e peço-lhe desculpas por ter imaginado assim de um modo quiçá um tanto presunçoso que você pudesse aceitar sem mais nem menos as limitações e inconveniências que o século dezenove costuma apresentar para as pessoas que aqui vindas dos séculos vintch e vintchum em verdade chegam.
e foi também ao modo terno e carinhoso que lhe era peculiar e ao qual ela não poderia jamais deixar de atender que joaquim nabuco pediu ó durante sua estadia aqui por favor procure ser tolerante com coisas que possam lhe parecer rudes e grosseiras mas que em verdade são apenas o modo de ser de uma época na qual por exemplo conforme ele explicou para questões relativas ao cocô e demais eventuais ocasionais e tantas e diversas outras ais excreções havia um recinto na casa onde ficavam caixas de madeira construídas em um formato adequado e sobre as quais sentada ela poderia aliviar-se com algum conforto e segurança higiênica pois estas caixas logo após serem utilizadas eram transportadas por empregados sim empregados pois em massangana ninguém érescravo a não ser de si mesmo mas como eu estava dizendo senhorita estas caixas são transportadas pelos empregados que zombeteira e sarcástica mente chama de tigres por causa das manchas rajadas que ficavam em suas roupas durante o processo de às tais caixas carregar esvaziar e em seguida lavar no mar ou nos rios.
poluíndo tudo? ela se admirou.
bem menos do que o exxon valdez a bêpê ou a chevron esclareceu joaquim nabuco enquanto acionava o sininho de prata que assim num piscar de olhos fez surgir diante deles vestida também de branco e rendas como as mulheres negras só que com um pouco mais de modéstia uma moça de pele morena olhos amendoados e cabelos negros lisos e escorridos até os ombros.
a índia que veio numa velocidade estonteante.




Capítulo 12

jackflash


pra que lado fica verdade?! surpreso o homem de today repetiu a pergunta dele emendando em seguida vai dizer que cê não sabe? não num sei ele respondeu mais surpreso ainda por imaginar que alguém em sã consciência pudesse saber onde é que fica verdade? quando ali nos domínios todos das coisas pareciam ter apenas idéias e suposições a indicar que de um modo ou de outro verdade ficava em numseiaonde quéra poronde si chega margeando o rio de bobagens que nasce em gandaia lá na balada ao pé do monte de cagadas no sertão do raioqueoparta a meio caminho da zona que fica na beira do mar de ilusão onde deságua o rio de bobagens e se encontra a ilha do mesmo nome do mar que a tem pois bem então é assim sódepois de porissutudo passar é que se chega talvez em verdade conforme acabou de explicar o homem de today. talvez? sim. talvez confirmou o homem de today que igual ao padre eterno nunca foi lá pois dizem há que se passar primêro  porissutudo antes de se avistar o chafariz que em verdade não é um chafariz mas sim o lindo lago do amor do qual falara gonzaguinha e de onde maravilhosa mente jorra água a água ardente da qual num bebi. eu. que porissutudo confesso nem sei onde é. e o chafariz? é aquele perto do qual pastam os centauros que comem tortas? ele perguntou só pra confirmar se o chafariz era o mesmo mencionado pelo inglês dalmanegra.
sim sim é esse mesmo. o dos centauros. os guardiães. os quais não se esqueça somente montado sobre um  deles é que se chega em verdade. afmaria ele disse pra quê tanto nheco nheco? num sei só sei quéassim baby pois se agora você precisa aprender mandarim ainda precisa saber da margarina da carolina da gasolina e do pensamento sem sentimento da razão sem sensibilidade do direito humano no viver insano da liberdade política da droga ansiolítica do ideal libertário do ato mercenário do brilho fluorescente do desejo crescente das carentes carícias primícias do livre pensar e do medo de amar acho.
entendi.
pois é.
vou embora.
vá.
e ele foi.
depois do abraço o apartamento pra dois apertado.
e os tchaus. dum que ficou doutro que foi.

deixando a casa do joker rumo a numseiaonde em direção a verdade alguns morroacima morroabaixo depois ele sentiu cheiro de sauna e percebeu que estava em uma floresta não densa e exuberante como a mata atlântica mas aberta e esparsa com árvores dessas que umaqui ôtralá dificultam aos pássaros a construção de ninhos e facilitam aos homens o caminhar sozinho. interessante. mais interessante porém foi com a chegada da brisa ouvir daquelas árvores cheirando a sauna o cantar I once had a girl or should I say she once had me? she showed me her room isn't it good norwegian wood? e logo em seguida avistar a clareira mais adiante onde a dezenas centenas milhares de centauros mansa mente levava a comer tortas ao redor de um chafariz próximo a uma ponte rica e espantosa experiência essa da qual neste instante nada mais há a dizer senão do esvanecer-se nele o instante a riqueza e restar nele ele apenas o espanto que virou medo que virou confusão que virou correria e virou putaria como a seguir ver-se-á.

dez minutos de correria morroacima morroabaixo depois ele avistou a porção de homens mulheres e congressistas que apinhados em tumultuado alvoroço tentavam embarcar num navio pronto a zarpar. juntando-se a eles passa em verdade? ele perguntou pro cara ao lado. passa. pode i que passa com certeza e firmeza falou o cara ao lado e pronto! já quéassim vou nessa também ele pensou embarcou e navegou pelo mar de ilusão até chegar na ilha do mesmo nome onde conheceu o especialista em várias especialidades quéram tantas e tais a ir desde g.o.o.d. gains on others default e e.v.i.l. ellusive vigilance in liabilities até s.t.h. synchonized transitional hardware passando por r.r.c. responsive reciprocal contigency que ninguém sabia bem o que era mas que de qualquer forma sim todos como a seus próprios sis mesmo muito admiravam. quando o especialista em várias especialidades disse a meu ver o problema da violência é falta de policiamento o das drogas é culpa do rock e o da miséria é muito vagabundo poraí ele pensou rodei e foi procurar o capitão do navio que só fez confirmar verdade né prá cá não tá pra lá ó onde caetano diz que tá e qué dôtro lado do lado do ladodelá o lado quêle o capitão tava apontando e quéra o lado onde estava a mulher que acha que as coisas pedem um ser diferente e com a qual ele quéra bom de conversa de imediato se pôs logo a conversar e a descobrir que aquele lugar ali o lugar para onde ela e a proa do navio apontavam estava doente no sentido mais doentio da palavra febril pois naquele lugar há cerca de quinhentos anos atrás tal qual fizera em bengala o senhor walker o espírito que anda os dois únicos marinheiros da frota da majestade que ali os deixara haviam jurado devotar suas vidas ao combate à pirataria mas infelizmente eles os dois marinheiros não conseguiram evitar coisa nenhuma e a pirataria ali prevaleceu como célula infectada prevalece e induz a células sadias a o mau funcionar e a impedir a proliferação dos equívocos que ali desenfreada mente permitia possibilitavam um acúmulo cada vez maior de erros que não sujeitos à correção mais e mais exponencialmente fazia empilharem-se uns sobre outros proliferando até mais não poder e desintegrar o organismo social daquele lugar ali que padecia de má formação.
puuuu-ta-queeeo-pa-riu foi o lento lamentado e soletrado só quêle expressou do tudo o quanto sentiu sobre o de tudo quanto ouviu e sobre o quê mais não conseguiu expressar.
é esse mesmo o nome desse lugar disse a mulher que acha que as coisas pedem um ser diferente referindo-se àquele lugar onde o navio atracou e ele desembarcou horas antes de ser capturado pelos n’mahkonhêrosemvergonha a recalcitrante tribo local que ainda teimava em recusar ofertas de cartões de crédito  pré-bonificados com milheagem grátis e direito a descontos nos ingressos para shows do justin bieber pois bem capturado pelos n’mahkonhêrosemvergonha ele foi obrigado a conviver quarenta  dias e quarenta noites com aqueles índios que todo dia dia após ida e olha que foram quarenta contavam pra ele a mesma história a história da cabeça voraz quéra a cabeça de mulher que todas as noites depois de se deitar com o marido começava a girar girar girar até conseguir se desprender do corpo e fugir deixando o corpo dormindo na rede ao lado do marido que toda vez quisso percebia ficava muito assustado um dia porém de tanto ficar girando girando girando a cabeça da mulher foi diminuindo diminuindo  diminuindo até ficar tão piquinininha quéla pode fazer amizade com a rainha dos piolhos que depois de ouvir a história dela explicou pra cabeça da mulher ó prestenção seus problemas só vão deixar de ser problemas quando você ensinar pro seu marido como fazer um pente especial com uma casca de uma certa árvore coisa e tal e faz assim faz assado a rainha dos piolhos foi explicando pra cabeça da mulher como é quéla deveria ensinar o marido a penteá-la todas as noites antes deles os dois ela e ele dormirem mas foi só a rainha dos piolhos dizer isso pra cabeça da mulher falar ah mas homem num gosta de ser ensinado por mulher não! ao quê a rainha dos piolhos de pronto retrucou dizendo ah minha filha mas isso só acontece com os homens-criancinha e você sabe muito melhor que eu que esse não o caso do seu marido né querida? que além de saber onde é forte e onde é fraco gosta muito de você e é isso que importa afinal nénao? é. é ísso que importa concordou a cabeça voraz ainda que um pouco desconfiada do muito pior que a rainha dos piolhos sabia sobre o marido dela o da mulher da cabeça voraz que depois de ouvir aquelas coisas todas foi crescendo crescendo crescendo até poder voltar novamente pro corpo que continuava a respirar na rede do casal de onde desdientão não parou de sair mas só que agora menos porque o marido não mais se assustava e até achava muito divertida e enriquecedora aquela situação de modos que foi só depois de passar quarenta dias e quarenta noites ouvindo sem parar a história da cabeça voraz que o pajé dos nmah-konhêrosemvergonha veio até ele e perguntou três vezes sêle tinha entendido o lance e guardado aquela história bem no coração no coração entendeu! repetiu o pajé em todas as três vezes nas quais ele respondeu entendi sim senhor! então depois disso os nmah-konhêrosemvergonha resolveram quêle tava pronto pra seguir em frente e por isso o libertaram não sem antes presenteá-lo com um muiraquitã e um vidro de geléia de jaboticaba duas coisas muito poderosas e absoluta mente necessárias pra enfrentar jéq por que se havia duas coisas que jéq não conseguia encarar eram um muiraquitã e uma boa mmnham mmnham mmnham geléia de jaboticaba e isto dizendo os nmah-konhêrosemvergonha o levaram nas costas até o sertão do raioqueoparta onde depois de subir até o topo do monte de cagadas ele tornou a descer para retomar outra vez o caminho rumo a verdade só que dessavez mais confiante. 
e foi retornando da ilha da ilusão em direção a numseiaonde que a proa do navio seguiu desafiadora cortando ousada as águas do mar iluminado pela luz de um sol fim de tarde resistindo teimoso ao inevitável ainda que temporário ocaso.
desembarcando na praia ele resolveu parar prá descansar em baixo de uma gameleira mas foi sob a sombra dessa árvore de preceito que engole todas as outras próximas à ela que ele tornou a avistar o chafariz ao redor do qual dezenas centenas milhares de centauros comiam tortas e mansa mente tão mansa mente fez ele criar coragem pra evitar desta vez que o espanto se transformasse em medo o medo em confusão a confusão em correria e a correria em putaria. 
e assim decidido ele procurou racionalizar o processo dizendo a si mesmo que os dois centauros agora à sua frente um macho e uma fêmea eram bonzinhos e mal não vão me fazer porque vou ficar bem quietinho aqui atrás da gameleira só observando os centauros que já haviam sentido a presença dele mas por não querer assustá-lo indamais deixaram que ele acreditasse que o esperto ali era ele que a essa altura racionalizando até os pra dentro e os pra fora de sua respiração concluiu atrás é muito relativo pois em campo aberto tanto faz quem pode estar atrás da gameleira são os centauros e não eu e assim concluindo ele arrumou coragem pra se mostrar de corpo inteiro aos centauros e de saída tentando ganhar a simpatia deles foi logo perguntando oquêé oquêé? que se usa pra comer mas não se come?
num sei respondeu sem pensar o centauro homem que não gostava de ser desafiado.
os talheres e o prato respondeu o centauro mulher que além de estar acostumado a ter que responder pergunta bêsta tinha mais envolvimento com essas coisas ligadas à culinária.
então puto da vida porque se permitira passar vergonha na frente da mulher o centauro homem empinou e saiu correndo quiném lôco atrás dele morroacima morroabaixo 
ele na frente e os dois centauros atrás
até o centauro mulher mexendo a crina de um jeito muito sexy e convincente se perceber capaz de ser ouvido pelo centauro homem e dizer dêxa disso num seja bobo como ele. 
e assim persuadido o centauro homem disse tá bom tá bom vou fazer isso por sua causa óquêi? 
e foi assim também que penúltima mente fez o centauro homem parar de correr e assim parado dizer por último voltaqui se cê é homem se referindo a ele em desabrida corrida em direção ao never ending horizonte  té que many many many mmorrosacima morrosabaixo depois parou em frente a uma placa indicando


foi. 
foi aí quêle parou de correr.
foi sim.



Capítulo 13
eles&elas. elos.

a índia que veio numa velocidade estonteante era a pessoa mais indicada para orientá-la quanto às adaptações necessárias para uma moça do século vintchum viver com relativa tranquilidade no século dezenove disse joaquim nabuco sugerindo em seguida continuemos nossa conversa amanhã pois agora urge retirar-me de modo a providenciar o necessário para o meeting dessa noite. mítin? uqué mítin ela quis saber e joaquim que às vezes esquecia não era mais embaixador em washington disse reunião encontro. de eles? sim. do pessoal do êne erre e tal. posso ir também? ela pediu. então joaquim nabuco sorriu e disse por evidente é pois para recepcioná-la o motivo do meet encontro e ela a que nada mais surpreendia nessa história toda falou ah tá bom e então joaquim nabuco pediu licença se levantou da cadeira e avisou ó se a senhorita tiver urgência para falar comigo poderá me encontrar neste endereço quéra o endereço escrito no cartão quêle entregou pra ela antes de se dirigir para a sala de leitura vestir uma sobrecasaca de veludo negro lindíssima! na opinião dela e apanhar a cartola sob a qual estava o livro que ao ser devolvido à legítima dona a inspirou interrogar joaquim nabuco quem? autorizou o senhor a mexer na minha bolsa e apanhar esse livro sobre o qual eu também gostaria de saber o senhor conhece o autor? à pergunta inicial joaquim nabuco respondeu queira desculpar-me pelos mal modos senhorita que neste caso a saber dois foram sendo o primeiro o seguinte ao apanhar sua bolsa para colocá-la em local mais adequado do aquele onde a encontrei o fiz de maneira inadvertida & canhestra posto que ao erguê-la o fiz pelos fundos e não pela alça de modo que em estando a mesma aberta de repente quando vi bruuumm! caiutudunuchão tudo do qual era parte este livro que enquanto as outras coisas juntava apanhei e ato contínuo e eis aqui o segundo mal modo ao ler deste livro o título a princípio para mim ininteligível não fui capaz de evitar a curiosidade de ao menos folheá-lo por alguns instantes os quais para além do meu propósito inicial acabaram por revelar-se hora e meia. sobre o autor do livro joaquim nabuco respondeu da seguinte maneira não não conheço e nem sequer jamais ouvi falar de algum amílcar exceto o cartaginês aquele que já há um tempinho deu um pau inesquecível nos romanos todavia completou joaquim recordo-me de ter ouvido um deles quero dizer um dos nossos lá do êne erre e tal reclamar em alta voz hei pessoal! perdi um livro legal que ganhei do paulinho e ainda num li alguém o encontrou poraí? o título do livro é e ao pronunciar o título lembro-me agora aquele rapaz de cavanhaque e sobremaneira agitado o fez em termos que pela sonoridade me pareceram ingleses mas agora bem vejo são onomatopaicos aos vocábulos que a este livro designam e é seixas sim acho quéísso mesmo seixas é o nome dele são tantos os nomes que às vezes a gente até se perde mas agora recordo sim seixas é esse o nome do tal que pelo paradeiro deste livro indagou concluiu joaquim. e esse seixas vai estar lá hoje à noite? sim sim. vai. lá decerto você o encontrará disse joaquim antes de dirigir-se à índia que veio numa velocidade estonteante e pedir não meça esforços para atender a mais nova hóspede de massangana em tudo aquilo quéla porventura vier a necessitar ou desejar. em seguida se voltando para ela cortês mente o fez inclinar a cabeça e dizer até mais meu ver senhorita.

mas que surpresa maravilhosa! descobrir que a índia que veio numa velocidade estonteante falava um português igual ao dela quer dizer além de moderno muito fluente pois mal ficaram a sós as palavras entre elas começaram a fluir ininterruptas como se ambas fossem colegas há séculos e como sobre certo aspecto de fato o eram talvez por isso mesmo elas trataram de começar logo a colocar os assuntos em dia coisa que para as duas não foi nenhum problema pois em pouco menos de quatro horas foram colocados em dia todos os assuntos essenciais relativos aos cento e tantos anos durante os quais elas haviam estado separadas o que não é pôca coisa  não quando se levam em conta todas as mudanças ocorridas no campo da moda beleza culinária e  por quê não dizer? do bem-estar de uma intimidade sobre a qual mal começaram a falar ela lembrou em sua bolsa haviam alguns ó bês e camisinhas quéla fez questão de não só mostrar mas também oferecer pra índia que veio numa velocidade estonteante que nossa! muito obrigada! você é uma fofa! ficou encantada com a atitude altruísta de ela coisa rara nas pessoas que ali chegavam vindas do século vintchum ó mas não conte nada pro doutor joaquim sobre essas coisas porque ele é meio antigão e talvez fique chateado ao er bem qué saber? eu num gostaria quêle soubesse disso tá bom? pode dêxá fique tranquila ela falou pra em seguida sobre os ó bês e as camisinhas pensar será que a quantidade queu trouxe é compatível com a quantidade de dias e vezes em que vou precisar usá-los aqui em verdade? foi a dúvida que clara e direta mente colocou na cabeça de ela e quéla repassou pra índia que veio numa velocidade estonteante de quem ouviu iiiiiihhh menina aí complica um pôco porqueu não sei assim como cê é cê entende? então sobre isso num seimesmo disse a índia balançando em seguida um dos pacotinhos das camisinhas mas quanto a isso aqui ó falou ela a índia apanhando um ó bê têm uns paninhos de algodão que a gente usa e blá blá blá sobre tais paninhos ouvindo ela imaginou são talvez os ancestrais das toalhinhas sobre as quais uma vez a bisa me contou a respeito e foi desse modo íntimo que este e tantos outros assuntos relacionados à feminilidade acabaram levando a outros tantos mais e de tal modo mais levaram que logo logo rolaram as primeiras fofocas quéla ouviu do século dezenove e quéram em verdade quase todas variações sobre um mesmo tema o da coisa ali por demais corriqueira de os senhores brancos darem em cima de suas escravas muitas vezes com o conhecimento das esposas já que na maioria dos casos estas escravas por isso mesmo acabavam se tornando damas de companhia das esposas desses grandes er digamos senhores além do quê para elas as escravas consentir em se amasiar com estes grandes filhos er digamos da pátria era um maneira de proteger suas famílias das ameaças de serem separadas ou evitar que um de seus membros fosse designado para executar trabalhos insalubres eou absurdamente pesados até pra boi ou cavalo e também como era possível conquistar a liberdade através da chamada alforria sabe como é né? as mulheres escravas estavam sujeitas a todo tipo de assédio sexual por parte desses grandes filhos er continuemos a dizer da pátria e foi assim que indignada por escola alguma never ever haver jamais lhe ensinado tais histórias quéla ficou sabendo das duas mais recentes fofocas locais que diziam respeito uma à marcelina e outra à justina dois casos que muitos anos depois já no século vintch haveriam de se tornar mais públicos e notórios ainda porquanto tais casos que respectiva mente extraíra dos autos constantes em (Marcelina) Embargo Cartório do Primeiro Ofício de Vassouras e (Justina) Documentação Judiciária Corte de Apelação Escravos Processos Criminais Cx.1185 n. 9 do Arquivo Nacional estavam registrados a quem possa interessar nas notas indicativas do livro História Da Vida Privada No Brasil Vol. 2 da editora Companhia Das Letras. é. foi. as histórias de marcelina e justina. as duas um tanto semelhantes e não por acaso parecidas com a da personagem do romance tess d’urbanville a transcorrer na inglaterra durante o mesmo período em quéla agora se encontrava em verdade porém com uma significativa diferença quéra a seguinte a inglaterra do século vintchum não mais se parecia com a inglaterra do século dezenove enquanto o brasil do século dezenove ainda sobrevivia no brasil do século vintchum sobre o qual elas ficaram conversando até a índia que veio numa velocidade estonteante mostrar-se curiosa por esse livro aí que o doutor joaquim entregou pra você ah! o the girl ela falou apanhando o livro e colocando-o nas mãos da índia que veio numa velocidade estonteante que assim à esmo o abriu

136
the girl with the kaleidoscope eyes
Capítulo 4
The kaleidoscope

espanha, camisa branca de minha esperança, extinta história que nos abraça, chegar-se a ela e contemplá-la. espanha, camisa branca de minha esperança, aqui me tens, ninguém me mata, querer-te tanto não custa nada. espanha, camisa branca de minha esperança, de face ao verso, doce ou¼  amargo, às vezes mãe e sempre madrasta. espanha camisa branca de minha esperança, que foi quem destroçou nossas entranhas, fingiu-nos livres, aves sem asas, nos trouxe a sede, a fome e a razão. espanha, camisa branca de minha esperança, navalha, barro, cravo e espada, que cheira a incenso de cal e cana.onde sentarmos e conversar? onde entendermo-nos sem nos destroçar ?quisera te dar meu todo só dou palavras que quase sempre acabam em nada quando se esvaem num imenso mar.
Victor Manuel San Jóse Sanchez versão Ronaldo Bôscoli
_____________
¼ op.,cit.,id.,ibid.,p.? [“meu irmão sempre me estimula, considerando-me tão inteligente quanto ele. contudo, quando teremos instrução superior comum a ambos os sexos? quando teremos a liberdade de esclarecermo-nos de acordo com nossos próprios  interesses? acho que nunca.” ]

137-138
the girl with the kaleidoscope eyes

                                

                              
o que é um kaleidoscope? perguntou a índia que veio numa velocidade estonteante que sabia ler em inglês mas não sabia o que era um caleidoscópio.
é uma coisa que olhando por dentro cê vai virando virando e vê um monte de cores e formas parecendo estrelinhas mudando o tempo todo ela respondeu.
igual a namorar? deduziu a índia que veio numa velocidade estonteante
ã rã. é. isso mesmo. igual a namorar.  

no final da tarde joaquim nabuco retornou a massangana e após a ceia os dois ele e ela cuidaram de se arrumar pra reunião do êne érre e tal logo mais à noite.

pouco depois do por do sol joaquim nabuco disse à ela vamos? vambora ela respondeu e minutos depois já estava ao lado da carruagem que os levaria ao meeting do êne erre e tal mas antes deste ansiado encontro pra ela rolou ôtro inesperado pois antes de subirem na carruagem joaquim nabuco fez questão de apresentá-la ao cocheiro que primeira coisa quéla reparou estava descalço vestindo calça&camisa brancas um paletó de veludo azul e possuía um rosto jovem e bonito de uns vinte e poucos anos assim quiném quiéla e cujas feições quase femininas muito bem se ajustavam ao porte que embora magro parecia forte interessante esse rapaz! ela pensou assim tão rápido que talvez nem tenha se dado conta de quão interessante aquele rapaz lhe pareceu pois é aquele rapaz ela só ficou sabendo depois era o mesmo que já havia alguns anos apareceu um dia assim de repente como que donada quando joaquim estava sentado no patamar da escada exterior do casarão em massangana e veio aquele rapaz precipitar-se sobre seus pés e a suplicar pelo amor de deus sinhozinho peça à madrinha pra me comprar! ‘causa quêle não queria mais pertencer ao dono que o castigava e do qual correndo risco de vida acabara de fugir joaquim então que sempre teve um coração desse tamanho falou com a madrinha e a madrinha que fazia tudoquêlequeria disse mas é lógico! e assim foi que hoje aquele moço descalço com paletó de veludo azul era com carteira assinada décimo terceiro i êne ésse ésse e tudo mais o cocheiro ou como diriam os hindus o gopala oficial de massangana pois bem estrelas já no céu postas e firmes uma carruagem começou a percorrer as ruas semi-desertas de verdade algumas pavimentadas outras não e margeadas na maior parte do percurso por casas baixas e pequeninas.
as pessoas aqui não costumam andar juntas né? as calçadas são tão estreitinhas? ela comentou. 
interessante nunca reparei neste detalhe disse joaquim ponderando em seguida talvez pelo fato de a maior parte das pessoas em verdade homens em geral andarem sozinhas ou então quando acompanhadas nos dias de festa ou missa andarem em fila indiana o pai na frente e a mãe atrás seguidos por uma mucama e o resto dos filhos um atrás doôtro em escadinha do menor pro maior todos vigiados por outra mucama que fechava a fila as vezes carregando um bebê no colo você vai ver muito essa cena quando durante o dia sair para passear.
e à noite não? ela perguntou com certa apreensão.
à noite o quê?
passear. de noite. posso? ela melhor esclareceu.
poder pode respondeu joaquim nabuco depois de pensar alguns segundos mas não deve se é que usted me entiende? ele concluiu em tom a sugerir em verdade esse poder possível néra garantido não.
entendo ela respondeu em tom a sugerir não garanto o quê em verdade vai ser possível sim.

algum tempo depois a carruagem parou em frente à sede do núcleo de resistência transcendental e joaquim antecipando-se ajudou-a a descer da vitória quêsse que é mais exatamente o nome do modelo daquela carruagem da qual ela teria descido sozinha e com muita facilidade caso estivesse com seus jeans e camiseta básicos mas vestida com um sufocante corpete e mais oito saias leves por debaixo de um pesado vestido de veludo compriduatéochão néra nada fácil.
e foi de braços dados com joaquim nabuco que ela observou ele toc toc toc bater com o cabo da bengala na porta diante da qual poucos instantes depois ela prac proc prac ouviu o ranger de ferrolhos girando e que tão logo aberta quase a fez desmair ao ver um enorme cachorro amarelo dizer au au! boa noite! au au! eu num sou cachorro não sou o dinho não tenha medo e aeh tudo bem com voceis? nossa! ela falou você é o dinho aquele? sou eu mesmo como sempre fui au au au! respondeu o próprio antes de fechar a porta e guiá-los ela e joaquim escada acima de onde faziam-se ouvir um violão e as muitas vozes a cantar é pau é pedra é o fim do caminho é um resto de toco é um t de repente ao vencer o último degrau e perceber-se como o centro das atenções a respiração dela parou pois ali no andar de cima daquele sobrado estavam todos. eles&elas. olhando pra ela estavam
ADEMARFERREIRADASILVAADONIRAMBARBOSAALBERTOSANTOSDUMONTALFREDODEESCRAGNOLETAUNAYANANÉRIANDRÉGUACARARIANDRÉREBOUÇASANDRÉVIDALDENEGREIROSANTONIOCARLOSBRASILEIROJOBIMANTONIOFELIPECAMARÃOANTONIOALEIJADINHOFRANCISCOLISBOAARARIBÓIAAYRTONSENNABARBOSALIMASOBRINHOBETINHOCACILDABECKERCÂNDIDOMARIANODASILVARONDONCAPITÃOCARLOSLAMARCACAPITÃOVIRGULINOCARLOSDRUMMONDDEANDRADECARLOSGOMESCARTOLACÁSSIAELLERCASTROALVESCASSIANOGABUSMENDESCAZUZACHICOANÍSIOCHICOMENDESCHICOSCIENCECHIQUINHAGONZAGACLÁUDIOLEONARDOEORLANDOVILLASBOASCORACORALINACUNHAMBEBECURTNIMUENDAJUDARCYRIBEIRODELMIROGOUVÊADIASGOMESDIDIDÍLSONFUNARODOMPEDROIDOMPEDROIIELISREGINAEUEUCLIDESDACUNHAFRANCISCOSALESTORRESHOMEMFREICANECAGARRINCHAGILBERTOFREYREGETÚLIOVARGASGONZAGUINHAguardamarinhaGREENHALGengenheiroGURGELHENFILHENRIQUEDIASINÁCIOABIARUIRINEUEVANGELISTADESOUZAIRMÃDULCEJANDUÍJANETCLAIRJOÃODOPULOJOÃOGOULARTJOÃOGUIMARÃESROSAJOÃONOGUEIRAJOAQUIMJOSÉDASILVAXAVIERJOAQUIMMARQUESLISBOAJOSÉALENCARJOSÉBONIFÁCIODEANDRADAESILVAJOSÉDEALENCARJOSÉDOPATROCÍNIOJOSÉMARIADASILVAPARANHOSJUSCELINOKUBITSCHECKLEONELBRIZOLALUÍSGAMALUÍSALVESDELIMAESILVALUIZCARLOSPRESTESMACHADODEASSISMÃEMENININHAMARCÍLIODIASMÁRIOCOVASMÁRIODEANDRADEMANUELDEOLIVEIRALIMAMILLÔRFERNANDESMONTEIROLOBATOMONSUETONARALEÃONOELROSANONOAIOLIVEIRALIMAORLANDOSILVAOSWALDDEANDRADEOSWALDOCRUZPAGÚPENABRANCAPIXINGUINHAPLÍNIOMARCOSPRINCESAISABELRAULSEIXASRENATORUSSOROBERTOCAMPOSRÔMULOARANTESRUIBARBOSASABOTAGESEPÉTIARAJÚSÉRGIOBUARQUEDEHOLLANDASÉRGIOVIEIRADEMELLOdr.SÓCRATESBRASILEIROSAMPAIODESOUZAVIEIRAOLIVEIRATANCREDONEVESTEÓFILOOTTONITEOTÔNIOVILLELATIMMAIAULYSSESGUIMARÃESVILLALOBOSVINICIUSDEMORAESZOROBABÊe outros tantos mais que como a maioria daqueles ela não sabia o nome mas nem por isso faziam-na sentir-se menos envergonhada e sem saber o quê fazer durante aqueles poucos eternos segundos durante os quais ela só conseguiu alternar rápidos sorrisos para eles e olhares para joaquim nabuco que percebendo o desconforto de ela ofereceu-lhe o braço e deste modo a conduziu até o tablado de onde até então tom elis e gonzaguinha haviam puxado o côro daquelas vozes todas que agora zunzunzunzeavam sabe-se lá o quê.



capítulo 14½
jackknifed!

faltando um quarteirão pra chegar na zona passou um trio elétrico com o pessoal gritando vamos? e ele foi foi sim atrás do trio elétrico foi até parar num forró onde bum oi bum bate coração pode batê ficou dançando feliz da vida té que a música parou e ele aproveitou pra fazer o xixi que agora fazia enquanto pensava isso aqui tábom issoaqui tá bom demais tão bom queu voué ficar poraquimesmo pois mais pra frente sigo não mas foi só ele acabar de pensar esse pensamento coincidente mente fez surgir junto com um toque de mão em suas costas e foi aí quêle ouviu um vai vaisim ao cabo do quê mal tendo tempo de fechar o zíper ele se virou e descobriu quequem tocara em suas costas e dissera vai vaisim eramesma pessoa quêle viu logo na entrada do banheiro e quéra o homem que fica sentado com folhas de papel na mão pro qual ele perguntou
quem é você!?!
o autor.
autor de quê?
de você.
ah. então é deus ele disse riu e foi lavar as mãos.
mais ou menos.
como cê pode provar isso?
respondendo uma pergunta que só você sabe a resposta.
humnn. e enquanto enxugava as mãos ele começou a pensar na pergunta que acabou sendo essa quiqueu fiz no último parágrafo do capítulo dois?
isso nem você lembra mais.
então diz uquêfoi quea mina com quem eu tava dançando falou no meu ouvido?
sem autorização delas eu não revelo a intimidade das minhas personagens femininas.
ah meu! cêé malaco.
sou não. sou apenas um escritor latino americano tentando fazer você encontrar a guerrilheira manequim.
!!!
me diz o que cê tá a fim de fazer.
cara! você é mesmo o autor!?
sou. me diz uquicêquér fazer.
e adianta? cê vai fazer o quê tá na sua cabeça.
hunm posso até fazer. mas no seu caso não. gostei de você. o quê significa que por mim você iria durar muito. qué dizer acabaria ficando chato antes de morrer aos poucos.
todo mundo morre aos poucos. até você.
é. até eu. e morremos todos mais depressa quando fazemos muito do quê não gostamos.
cê tirou a palavra da minha boca!
viu?                                                                     
o quê?
ao invés de colocar eu tiro palavras da sua boca.
pois é isso! sieu continuar fazendo muito do queu num gosto vou morrer mais depressa aos poucos.
quéquitá pegando pra você nessa história? diz. 
ficar levando susto toda hora. é muito ruim isso. mal descanso numa linha já tô correndo noutra. o tempo todo cansa.
entendi. cêqué uma coisa mais light meio pequeno príncipe?
sacanagem sua né? ser autor é muito mais fácil né?
é. difícil é ser personagem.
ó é o seguinte não quero mais ser seu personagem.
por quê?
além de não dar refresco cê não explica onde cê quer chegar.
quem tem que chegar é você não eu. cê tá amarelando.
tô não. tô é de saco cheio.
posso te dizer uma coisa?
manda.
cê tá estressado.
estressado!?! cê me ouviu dizer isso? tô estressado. ouviu? óí távendo como cê põe palavra na boca da gente? você é irresponsável.
irresponsável?
é. irresponsável. cria personagens e depois os abandona sem se preocupar se  eles estão bem tão com frio com fome sede essas coisas. como é que estão as pessoas queu conheci nos capítulos anteriores?
esse pessoal é é são figurantes são
figurantes? figurantes? tá vendo como cê num dá a mínima?
só você fala é? posso acabar de falar? posso? eles são figurantes sim são personagens que servem apenas pra ilustrar não são personagens principais como você por exemplo que tem uma missão a cumprir um objetivo a alcançar.
missão? objetivo a cumprir? qualé cara? me poupe.
e a guerrilheira manequim?
não existe.
isso quem decide sou eu.
é?
é.
e ela? tá mesmo lá em verdade numseiaonde?
tá.
falta muito pra chegar lá?
esse é o ponto.
como assim?
só se chega em verdade depois de conhecer os domínios.
isso eu já sei. o inglês de almanegra me disse.
pois é então existem regiões dos domínios que você ainda não percorreu mas
cê vai encurtar o caminho é isso?
mais ou menos.
como assim mais ou menos?
não dá pra chegar em verdade encurtando o caminho. vários presidentes brasileiros tentaram e até hoje nenhum conseguiu. sem matar as moscas fica tudo na mesma. quero dizer nos lugares pelos quais você ainda não passou as moscas são as mesmas então esses lugares não são muito diferentes dos outros onde você já esteve entende?
então não preciso conhecer todos?
a não ser dois.
quais?
o paraíso e a diretoria.
quanto tempo mais pra chegar nesses lugares?
pouco mais de meio capítulo se nós encompridarmos um pouco esse.
depois eu chego em verdade?
espero que sim
espera!?! como assim? cê não tem certeza?
não pois é como eu disse eu não fico inventando coisas pra você você é que as traz pra mim.
incumpridêsse capítulo então.
óquêi.

e ao final da conversa considerando que alguns personagens como o zero zero sete por exemplo vivem eternamente ele perguntou pro autor
eu vou morrer no final?
qual final?
o do livro.
não.¼
__________
¼ nota do autor- ser personagem real mente não é fácil. mas ser autor irreal mente também não o é.

por quê cê demorô? perguntou a mina.
tava conversando.
com quem?
um pesquisador do ibope.
ai eu queria tanto conhecer um.

ao sair do forró ele percebeu que ainda era noite e o tempo estava quente de tal modo quêle decidiu ia dormir por ali na bêra da estrada onde agora estava.

e foi pousando o corpo sob uma figueira e a cabeça sobre a mochila que ele se deitou e ficou a olhar estrelas ora digamos.

quando acordou foi a imagem do paraíso o quê ele viu. foi. uma exuberante floresta tropical onde era possível ouvir o gorjeio de pássaros que acolá nem a pau cantavam como os de acá essa floresta com regatos fluindo tão ruidosa com o shh shh shh das folhas e cipoais imensos que brasch brasch balançando pra lá e pra cá ora escondiam ora revelavam uma inacreditável profusão de galhos entre os quais esse que exata mente destacou e quéra aquele ali sobre o qual estava a onça que se a fiar ou descansar não se sabe ao certo e talvez jamais saber-se-á causaque para tal  não houve tempo pois os olhares o dele e o da onça ao se encontrarem desencadearam a incrível sequências de coisas que a seguir em sucessão ssss se seguiram e que mais ou menos foram assim ó mágica mente agora o fez ver bem de perto os olhos da onça e foi então que a partir de um deles o esquerdo quêle viu refletidas as águas de um regato entrecortadas aqui e ali por um amontoado de seixos pedras pedrinhas cuja resistência ao ímpeto das águas ruidosa e efêmera mente agora cuidava tão só de a duras penas tentar separar o quê mais adiante só fazia juntar ôtravez e quéram as águas do regato o qual não só mágica mas agora também súbita mente começaram a transformar em ondassss de arrebentação a splash tchbumm! espraiarem-sh shhhhuáaa na praia da fina areia branca que um sol brilhante a pino escaldava tal como o fazia sôfrega mente agora aos marinheiros a remar no escaler há pouco descido de uma das treze caravelas feitas de jornal ancoradas ao largo da praia em direção a qual eles os marinheiros no escaler neste instante rumam e remam posto que de eles em relação a ele próximo à praia o intento é dali levá-lo ao paraíso destino para o qual ao vê-lo seguir a onça  dentes arreganhados rosna.

no convés da nau capitânea ele foi recebido por vasco de ataíde aquele o tal que com a nau e tudo mais sem jamais ter sido encontrado se perdera logo de saída na altura do cabo verde e depois de beber vinho comer bolinho de bacalhau tocar sanfona e dançar o vira em meio à muita festa e alegria ele foi dormir um pouco quando acordou avisaram ó chegamos e ao desembarcar vasco de ataíde fez questão de apresentá-lo ao italiano que descobriu a américa não o cristóvão nem o vespúcio mas o olivieri o toscani que disse vou te levar pra conhecer o paraíso sem serpente cê já viu? o quê? ele perguntou e o olivieri repetiu o paraíso sem serpente já viu? ôsh! nunca e existe? então o italiano disse vieni qui  e dando um start na telinha que logo ali ao lado havia falou cerca questo e foi assim quêle começou a ver um monte de cadáveres sorridentes dizendo um atrás do outro pra quê se preocupar? eu tenho o meu? e você já tem o seu? indanão? então vá correndo antes que acabe porque além de tudo nésóêsse não! tem também este aqui e aquelesláó tudo em apenas sessenta meses até domingo às vinte e duas ou enquanto durasse o estoque de todo aquele lixo excessivo a demandar consumo excessivo e gente física e mental mente excessiva a ocupar cada vez mais o espaço do outro e assim desse modo espaçosp esgotar recursos escassos e nervos de aço pois ao final de contas de mais pra poucos de menos pra muitos aquilotudo érum pesadelo a deprimir néra bem a palavra mas sim a esmagar e moer gente no exercício diário de um ofício em sacrifício morteaplicado porque se fosse só trabalho tudo bem por mais estafante que fosse tá bom mas era loucura a mais pura mais estressada e hipertensa loucura a neura a mola de há muito quebrada girando em falso gerando só avidez e cobiça pelo sim incondicional de tutti quanti noção de si-mesmo perderam e assim néscia idade esqueceram suas reais necessidades entre todas a maior a recusa a capacidade de dizer não e resgatar o viver simples muito mais simples&feliz doquéssa mais do que farta droga de vida de ruas de crime porque mais desorganizada impossível essa versão moderna de guardas pretorianos ameaçando tornarem-se os verdadeiros senhores de seus senhores perché questo é o omo e non l’uomo capire? pois é então e aí amico? quis saber o olivieri me diz sissoé vida ou se é morte ou se estou pegando pesado inda que só um pouco enfezado pois nem sequer vou passar o filme do superficial oi luminoso de milhares festejando às custas do ai obscuro de bilhões se contorcendo underground capire? niente ele disse e tum desmaiou.

uquêé uquêé? que tá sempre mudando mas é sempre a mesma coisa? perguntou a voz quando ele ainda tava com os olhos fechados e então cautelosa mente abriu um só e ele quia responder a política no brasil ao ver  sobre ele ôtravez? os dois o macho e a fêmea centauros os mesmos que haviam corrido atrás dele no sertão do raioqueoparta abriu o segundo olho e arregalando os dois entre o espanto e o medo respondeu as ondas do mar e ao ouvir esta resposta o centauro homem falou pro centauro mulher vou dá um pau nessa cara. por quê? não tá certo? néíssomesmo? as ondas do mar ponderou o centauro mulher enquanto ele sem querer mais confusão corrigiu nénão seu centauro! nénão as ondas do mar é a política no brasil! e hunmpfff batendo o casco e bufando ele ouviu  o centauro homem dizer pro mulher esse cara num é sério ao quê o centauro mulher percebendo que ainda podia haver mais confusão piscando pra ele fez sinal de guentaíqueuresolvo e levando o centauro homem pra um pouco mais longe falou prêleassim vê se dêxa de ser gente porque agindo dessamanêra tentando exercer seu lado racional de modo exagerado você só faz reprimir muito seu lado irracional e é por isso que paradoxal mente faz você agir assim tão destrambelhado então por favor procure agir como o animal que você também é porque senão cê vai acabar loquinho loquinho como o nietzche e o comte. 
enquanto os dois centauros conversavam ele pra disfarçar fez de conta que tava lendo o the girl e foi por isso que ao retornar da conversa com o centauro mulher o centauro homem ao se aproximar de ele perguntou quiqui cê tá lendo aí? the girl with the kaleidoscope eyes ele respondeu.
do doutor amílcar? 
é. o senhor já leu?
não inda não.
então comé que o senhor sabe que o livro é do doutor amílcar?
porque ele já foi um dos nossos.
um centauro?
é.
aá! não me diga ele disse buscando incrementar a casualidade que de todo ainda não sentia.
foi. 
foi?
foi.
jóia. e como é que se faz pra se descentaurizar?
tem que recuperar a capacidade de dizer não.
como assim?
sabe vaquinha de presépio?
sei.
pois é. tem que deixar de ser.
e como é que se consegue isso?
tcha vendju escha grama aqui queu tcho mashcando? perguntou o centauro exibindo pra ele o punhado de grama que mordiscara do chão.
tô sim senhor.
poish é. scheu quishér possho comê-la mash pfufhhh cuspindo a grama o centauro homem completou não vou pois estou satisfeito com o tanto que já comi no almoço.
e se comendo mais você ganhar bônus milhagem ou sacolas térmicas? 
bem como você pode ver meu problema conforme minha senhora acabou de dizer  é esse.  ainda sou gente demais. sabe como é?
não. como assim?
me alimento mesmo já estando satisfeito cê já viu animal fazer isso? só cachorrinho de madame faz isso comer quiném gente.
e assim descontraída mente fez ele e o centauro homem prosseguirem por horas a fio naquele ilustrativo edificante e educativo blá blá blá blá blá blá té que por fim o centauro disse a vida pede um pouco mais de alma.
eu sei.
então o centauro mulher trazendo café numa bandejinha pediu conte-nos a seu respeito ao quê ele respondeu to indo pra verdade ver se consigo encontrar o raul o da mosca.
na sopa? 
sim! esse mesmo preciso devolver esse livro pra ele ele disse mostrando o the girl pros centauros.
minha senhora pode levar você até lá  disse o centauro homem.
isso porque você é homem e homem só pode chegar em verdade levado por um centauro mulher se você fosse mulher ele é que iria levá-lo explicou o centauro mulher pra ele não ficar pensando que eles os dois centauros fossem um casal burguês no sentido mais folgado da palavra machão qualquer que fosse de ele a orientação sexual.
ah entendi.
bom pra mim já deu vambora? sugeriu o centauro mulher e vâmo ele topou e depois de trocarem presentes dos quais ele ao dar para os centauros um par de meia e uma caneta bic recebeu em troca uma linda escova para crinas com cabo de marfim esculpido com figuras de bacantes tão bacanas quêle  agradeceu assim todo encantado e mexido antes de montar sobre o centauro mulher que imediata mente fez disparar com toda a vitalidade irracional em direção a verdade mas tamanha vitalidade fez com que ele por demais se animasse e assim desse modo animadão acabasse soltando as rédeas e perdesse as estribeiras coisa que o centauro mulher entendeu como uma espécie de êiáh! e por isso desembestou mais ainda feito doido e foi desse jeito e por isso que a falta de experiência o fez cair do centauro e despencar e rolar morroacima morroabaixo até chegar na diretoria onde depois de interrogado fotografado filmado cheirado revistado datiloscopado fichado ele foi eletrônica mente orientado a bom di a por fa vor quei ra se guir as se tas in di ca ti vas a té o dé ci mo an dar sa la tres a no ve tres zé ro a té ló go.  
        
ao chegar no décimo andar ele andou pelo corredor até encontrar uma porta com uma placa a indicar que aquela era a
  sala três A nove três zero 
o homem com a faca e o queijo na mão
que automática mente a porta abriu 
e ao entrar ele se deparou com cinco enormes cartas de baralho colocadas diante de uma grande janela situada atrás de uma mesa executiva cuja cadeira assim como a sala se encontrava vazia
Kdeouro Qdeouro 10deouro Jdeouro Adeouro
então automática mente outra vez fechou a porta de entrada e  uma voz doce e pausada gravada em timbre macio começou a dizer primeiro em inglês depois em português 
o sonho como antigamente acabou agora nós produzimos os sonhos de modo que as pessoas não mais necessitem perder tempo com seus próprios sonhos e de tal maneira que às pessoas está assegurado o dormir mais e mais cada vez menos para que possam gastar mais e mais cada vez mais maiores parcelas do tempo trabalhando para o bem do sistema porque  tempo meu querido como você sabe é dinheiro
calma
mente
aquela
 voz o fez sentir
como que um
calafrio
cortante
deslizando
lentamente
de ponta
a ponta
em sua
alma
.

ele não saberia explicar por quê mas naquele instante livre mente fez seu pensamento fluir na direção da guerrilheira manequim quêle achava que nunca iria encontrar mas com a qual sabia sempre haveria de sonhar.



Capítulo 15
chegando em uma casa nada engraçada

tom elis e gonzaguinha cuidaram de recolher o violão e retornar à platéia tão logo perceberam ela e joaquim nabuco se dirigindo para o plenário de onde após se acomodarem-joaquim sinalizou pro mediador óquêi tudo bem pode começar e então o doutor sócrates brasileiro sampaio de souza vieira oliveira começou dizendo as coisas de praxe com as quais em geral exceto as piadinhas são abertos desde sempre todos os discursos do mundo nos quais via de regra depois de primeira mente agradecer a deus a segunda agradece a todos por estarem ali reunidos naquele dia tarde ou noite muito especial a proporcionar aos pares a oportunidade ímpar de somar seja lá qual for a subtração passível de ocorrer por conta da divisão de múltiplas consciências as quais mais do que menos prezar deveriam nelas o denominador comum a intersecção dos conjuntos de modo a extrair não as incógnitas mas a raiz sem importar se tais conjuntos pertencem à primeira à segunda ou até mesmo às divisões de base pois hoje disse o doutor rematada tolice me parece ficarmos nos digladiando a respeito de quem é melhor se o barça ou o real pois prestando bem atenção olhemos para os lótus que crescem largados à margem do nosso mangue sem fiar nem tecer e no entanto não há quem conteste nem salomão com todo sua grana teve tantos jogando o bolão quéssa meninada joga mesmo considerando que em termos de cêbêéfe e por que não dizer? do brasil comumtodo nunca tantos jogaram tanto por tão poucos concluiu por fim o doutor ao ouvir de joaquim nabuco o pigarrear sim de joaquim nabuco o qual em seguida tomando a palavra disse senhoras e senhores aqui presentes eis a meu lado ela a metade da esperança de todos nós.
metade!?! como assim metade? ela baixinho quis saber.
é. metade. porque tem a outra parte também né? que já tá chegando esclareceu joaquim nabuco antes de retomar o discurso para uma platéia ansiosa pra saber mas e afinal? quandéquê em verdade haveria de rolar o tal do sonho intenso o raio vívido do amor que porenquanto ali ainda era só símbolo pois até agora do formoso céu risonho e límpido só a esperança é que havia descido conforme muito bem podiam constatar todos inclusive o próprio osório duque estrada que lá esperando continuava e impaciente quis saber mas e aí joaquim comé que fica então?
calma pessoal. sei sei. sei como é essa agonia essa ansiedade terrível a nos envolver já por séculos séculos mas não seculorum essa é que a verdade a questão e o ponto senhores pois queiram observar muito mais do que os nossos quinhentos que agora são outros foram os mil dois mil e tantos mais anos de portugal espanha frança inglaterra itália suíça alemanha e mais os três do antigo benelux só pra ficar no ocidental da ué que ao início coisa boa não era ah néranão podem crer meus amigos porque nada nada exceto na novela das oito passa da selvageria pro estado de graça civilizada assim como se num passe de mágica sem o pau comer si ustede me entiende?
sim sim! claro que entendemos! pois o pau queaqui come não come como lá disse leonel de moura brizola secundado pelo nóis équi sabe! do pessoal ao redor de chico mendes que não por acaso éropessoal dos cês do brasil quéram os de canudos contestado candelária carandiru carajás e assim carniceira mente ia e foi até francisco sales torres homem o timandro para os íntimos pedir a palavra que concedida revelou-se não apenas uma mas várias e também as mesmas que certa feita dissera na tribuna do senado imperial e relativas a conforme anotou o colega faoro “o fofo esplendor de uma corte aparatosa servida por uma aristocracia achinelada entretida às custas do dinheiro público e pelo abrandamento das vontades mediante ofertas de empregos e títulos de uma política que infalível como a ferrugem consumia o ferro mais rígido e destilava o veneno sutil da corrupção começando pelos grandes e chegando até o povo pois não dava jogos e prazeres que passavam e eram esquecidos mas dava benesses e renda vitalícia aos que não ameaçassem o poder de seu divino senhor que sem utilizar a política da força que fazia mártires capazes de ressucitar utilizava a política da corrupção e fazia miseráveis que apodreciam antes de morrer.”
é isso aí dá-lhe timandrão! gritou esfuziante uma parte da galera a parte na qual entre outros se encontrava tim maia e raul seixas que levantando o braço pediu licença pra ir lá fora fumar unzinho porque segundo ele assim dessa manêra nêgo chicago num aguenta.
esseaí é qué o tal do seixas joaquim nabuco cochichou nouvido dela.
mas é claro queé! ela disse pra si mesma enquanto via o raul começar a deixar o salão acompanhado pelo tim que ao ver o raul sair disse também vou! então estimulada por aquilotudo ela disse eu também e atrás dos dois de fato foi.

sem saber direito o quê dizer pro raul foi pra ela um alívio ele tomar a iniciativa dizendo êaí cara metade? tudo beleza?
beleza.
nossa! a energia que ce passa vixê! dá pra acender as luzes da guanabara o raul falou.
puxa! é mesmo? brigadão cê já leu the girl with the kaleidoscope eyes do doutor amílcar? ela foi logo dizendo.
ôsh cruz credo minha filha! que planeta é o seu? esseé o nome do livro queu ganhei do paulinho e indapôco agora à tarde perdi numa rua por sinal perto daqui.
que rua?
douvidor disse o raul meio assustado e apontando prum dos lás que por ali néram muitos e então vupt! sem mais nem menos nem tchau nem télogo foi na direção daquele lá quéla se pôs desembestada a correr e vá não minha filha! vá não quéssahora é um perigo! seja maluca não! gritava o raul pra estranheza do tim em silêncio a tudo assistir pra estranheza do raul.

tomada pela intuição atrofiada em boa parte dos homens heteros brancos ocidentais mas ainda a cair pelas bêradas na mesma porção das mulheres negros e gays de todo hemisfério virando esquinas oraà  direita oraà esquerda ela só parou quando achou a placa indicando


onde naquela altura da noite muitos brancos horríveis ela viu alguns a dizer coisas daquele tipo que a gente não entende mas que entender nem é preciso pelo incômodo que por si só essas coisas exalam essas coisas que em geral são as mesmas em todo tempo e lugar incompreensíveis e a fazer com que ela começasse a apressar os passos e já nesse instante a correr e a fugir daqueles mísseis teleguiados pois que merdéra essa? que também erassim no século dezenove tal qual no século vintchum hein? ela pensava enquanto corria e corria e enquanto pensava e pensava e corria e corria stop! ela parou de repente pra si mesma e em voz alta dizer vou encarar esses filhos da puta até porque eram todos baixinhos muito mais do que ela qualé a de vocêis seus pôrra? ela falou encarando os três brancos horríveis da rua do ouvidor que primeiro surpresos pararam depois sorridentes ficaram um deles pensando é mais uma das muitas francesas em verdade polacas que por aqui na zona do cais existem e então esse mesmo que assim estúpida mente fazia desse jeito indelicado fazia pensar agarrando de ela um dos braços disse com o bafo um fedor! voulez vous couchez avec moi mon chérie? e foi aí quéla tentando dele livrar-se ouviu a voz interior dizer os ovos são moles! e foi assim que precisa dolorosa mente fez a ponta quadradinha de um sapatinho da vovó ir parar certeira bem no meio do quê entre as pernas daquela besta existe talvez agora não mais.
no século vintchum talvez não mas no século dezenove chutar o saco de um homem por inusitado possibilitava preciosos minutos de vantagem pra mulher quissousasse fazer e a necessitar por isso em seguida de correr correr e correr pois foi mesmo correr e correr o quéla fez até inadvertida mente fazê-la entrar no beco sem saída no qual agora ela estava a pensar melhor arriscar e ficar aqui escondida no fundo do beco pois quem sabe vejo aqueles bostas passando prum lado e depois vou pro outro pois é tudo bem isso mesmo oqueu vou fazer ela decidiu esquecendo que a vida néra um filme americano mais sim mexicano a contar no elenco com a participação de enormes ratazanas  iguais as que dava pra ver no escuro por ali zanzando a fizeram gritar
e os brancos horríveis da rua do ouvidor é claro ouvir
e voltar
por um lado
porque pelo outro 
eles viram vinha chegando também o homem negro que ao encontrá-los no beco aos três brancos horríveis da rua do ouvidor desafiou gingando pra lá e pra cá como gingando se ginga nas rodas de todas as angolas do mundo qué tudo um só giro e rodopiado que nem mohammad ali nem sequer bruce lee conseguem fazer de tanta força e velocidade que é e que foi como desse modo se deram esvoaçantes pernadas estrelas e rabos-de-arraia que em total desconjunção  deixaram os três mísseis teleguiados da rua do ouvidor agora no chão  do beco estatelados e estáticos sem nem sequer poder ver aquele negro arfando e suando em bicas e a beça erguê-la do chão para os braços os dele que agora com os passos apressados possíveis e paz paz paz paz paz postergada prum lado e pra outro olhando padecia o penoso seguinte pensar levo ou num levo volto um num volto pra reunião causaque desconfio seu nabuco vai gostar não de ver ela assim desmaida e arranhanda e então em silêncio ele o homem negro decidiu seguir por entre os mais ermos alguns quarteirões até sair da cidade e maisoumenos uma hora depois parar em frente da casa modesta diante da qual sob a soleira da porta e com ela nos braços começou a chamar zinha! zinha! ô zinha! atende!

aquela era uma casa nada engraçada pois embora estivesse na rua dosbobo número zero tinha teto era onde moravam o doutor darcy e maria aparecida dos santos rocha.



Capítulo 16
jumpin’(ôver) jackflash


em seguida antes da coisa rolar apareceu na frente dele um cartaz escrito assim


depois veio aquele oitudobem? seja bem vindo à diretoria somos seus amigos e nossa razão de ser é a satisfação permanente do seu apetite insaciável sim! porque somos e seremos sempre você sim! sim! sempre você! você que está em busca de verdade é jovem promissor e por tanto por nada por tudo&ninguém tem o direito de fazer e acreditar nas besteiras que quiser pois afinal há até bem pouco tempo você ainda tinha dúvidas se o capitão gancho era real ou não némesmo? então é por essas e outras que nesse mar de bobagens é nosso dever e é nossa salvação alertá-lo verdade não existe verdade é um sonho e o sonho acabou ponto final tá entendendo? pois é então mas se ainda assim você insistir em manter suas próprias convicções é nosso dever e é nossa salvação propor o seguinte diga sim e entre logo no jogo. sem demora. antes porém queira aceitar da direção um forte abraço

diga sim e entre no jogo

 se aceita diga sim se recusa diga não

se aceita diga sim se recusa diga não

quinze segundos depois que jogo? ele perguntou.
se aceita diga sim se recusa diga não
vai então tá tá bom sim! ele disse e imediata mente o levou até à loja mais próxima de um dos peg&pag do mundo onde diante de uma prateleira cheia de coisas em promoção de umtantomais por apenas umtantinhoamenos sem saber o quê fazer causaque de tanto mas de tanto tanto tanto que era ele ficou assim indo e voltando pro mesmo lugar à cada trinta segundos de indecisão sendo que no total foram mais ou menos umas mil e quinhentas vezes quêle foi e voltou té que chegou uma hora quêle falou assim chegapôrra! nungüento mais essa merda e aí imediata mente o conduziu de volta pra diretoria quer dizer pra sala do homem com a faca e o queijo na mão quéra o mesmo quêle havia deixado como estátua lá onde fica o quinto dos infernos pois é esse mesmo quéra o homem impecável era também o homem com a faca e o queijo na mão agora a dizer óquêi você escolheu desafiar jack então muito bem agora cê vai se ferrar. vou? va. sentaí disse o homem com a faca e o queijo na mão apontando pra mesa sobre a qual havia um monitor mostrando cartas de baralho iguais àquelas cinco outras enormes colocadas diante da janela
Kdeouro Qdeouro 10deouro Jdeouro Asdeouro
só que de outros naipes além daqueles de ouro e mais um coringa. é claro. agora você vai jogar o jogo do jack disse o homem impecável com a faca e o queijo na mão explicando em seguida você terá três chances pra ganhar do jackflash ali na  janela frente ao qual só uma combinação é superior. se você descobrir qualé estará livre pra chegar em verdade mas se não conseguir isto é se todas as três combinações que você fizer forem menores do que o jackflash aí danou-se! cê vai passar o resto da vida assistindo a todos os programas de auditório dos fins de semana da televisão brasileira todos com exceção do do serginho.
por que você fica no meu pé o tempo todo? ele perguntou pro homem impecável.
porqueu fui com a sua cara gostei de você e tudo o queu gosto eu quero pra mim é assim sou assim nasci assim vou ser sempre assim agora jogue disse por fim o homem com a faca e o queijo na mão e no monitor cartas e naipes ♦ ♠ ♥ ♣ flash! reluzentes piscaram.
depois de permanecer algum tempo olhando pro jackflash diante da janela ele digitou uma combinação
Asdespadas Asdeouro Asdecopas Asdepaus Coringa

que carta é o coringa? perguntou o homem com a faca e o queijo na mão.
às de te danar ele respondeu e em seguida viu entrar na sala um bígí cantando I’ve started a joke.
errou disse o homem impecável 
e wruup a combinação desapareceu do monitor.
então ele pensou mais um pouco e digitou outra combinação
10depaus JdepausQdepaus Kdepaus Asdepaus
e? 
quis saber o homem com a faca e o queijo na mão.
o jackflash é de ouro mas ouro se conquista lutando por isso sem jackflash de paus não tem jackflash de ouro pois ouro sem paus é ouro explorado néouro suado ele explicou e o homem impecável achou aquilo muito engraçado e caiu na gargalhada enquanto outro bígí entrava na sala cantando I’ve started a joke.
então ele resolveu tirar da mochila a medalhinha de nossa senhora aparecida que tinha sido um presente de dom hélder câmara pra mãe dele quando os dois se encontraram no primeiro woodstock cinco anos depois do golpe midiático militar no brasil e ao colocar a medalhinha no pescoço ele reparou no que antes nunca havia reparado e que foi o seguinte no verso da medalhinha tava escrito assim em letras bem piquinininhas
when I find myself in time of troubles
mother mary comes to me
speaking in words of wisdom let it be let it be
and when the night is cloudy
 there is still a light to shine on me.
there will be an answer.
let it be let it be.
depois de ajeitar a medalhinha no pescoço ele tentou a combinação que agora sentiu-se inspirado a compor e que foi a seguinte
10decopas JdecopasAsdecopas Qdecopas Kdecopas
então? perguntou o homem impecável enquanto os dois bígís começavam a deixar a sala sem nem querer ouvir ele dizer dez é o máximo que as mãos conseguem carregar e é também o mínimo pras crianças poderem contar ao brincar de esconde-esconde pega-pega e tudo mais de o quê brincar quiserem dez também além de ser o mínimo que os canalhas pedem por fora é o número deste andar onde do alto gente grande brinca com gente pequena portanto a exigir um príncipe valente um valete amoroso um às disposto a lutar adiante da rainha & do rei o par eterno que amorosa e ordenada mente assim iguais em sentimento e em sentido alinhados dispõe face à riqueza de ouros desordenada quer dizer mal distribuída sacô? e foi dêssejeito que puffff! o homem impecável desapareceu e splash! o jackflash antes em pé desabou em frente à janela pra fora da qual dez andares abaixo agora se fazia ouvir a multidão a gritar óliúnidislóv!  óliúnidislóv! e que de tal forma era grande e se fez quêle não conseguiu resistir em pisando por sobre o jackflash da janela se aproximar e dar umolhadinha e descobrir lá fora lá embaixo o centauro mulher olhando pra cima a gritar pula!pula! e ele pulou.

ele sentia-se feliz muito feliz cavalgando sem medo sobre o dorso do centauro mulher.
depois de ter percorrido quase todas as regiões do domínios ele estava pronto prontinho da silva pra atravessar a grande água em direção à verdade.
sim era isso! 
ele sentia-se feliz e confiante.
feliz por chegar até ali sem ter se enredado nos significados de uma razão talvez sem sentido.
confiante por chegar até ali permitindo deixar-se envolver no abraço de um sentir significado.
após deixá-lo na bêra do rio o centauro  mulher deu meia volta como as garça e foi-se embora sem dizer tchau nem até logo. jeito deles talvez. não por mal.
depois de ajeitar a mochila nas costas ele começou a caminhar na direção daquelas duas figuras mais adiante.
as primeiras que em verdade ele viu.



Capítulo 17
a união. em verdade.

desmaida nos braços do homem negro em frente à casa de número zero na rua dosbobo ela sonha e à sua frente está o quadro de pedro américo a independência do brasil porém sobre o cavalo em destaque no lugar de dom pedro primeiro está o pai o dela e o cavalo se agita fica indócil e desatrada mente tentando controlar o cavalo faz  dom pedropai começar a dar tiros para o alto e em seguida uma sala e através de uma porta aberta com vista para rua de paralelepípedos si vê estranhos soldados passarem correndo e a disparar contra uma multidão de civis em fuga. são soldados franceses ela se dá conta pois está em paris na época do terror. agora moderna mente a leva para o tribunal onde ela está sendo julgada quando de repente surge um cara vestido como o herói de matrix e a liberta. depois de fugirem ele&ela começam a transar e ela tem certeza de que encontrou o homem com o corpo cheio de estrelas.

zinha era a filha mais velha do doutor hyppólito próspero representante da companhia geral sulamericana de navegação a vapor que os ingleses haviam tomado de seu antigo dono e fundador o barão de mauá o qual muito antes do george soros fizera uma aposta contra o banco da inglaterra e danara-se como também diante dos mesmos danara-se o grande delmiro gouvea porque se eles o barão e o delmiro eram gênios empreendedores e tudo o mais a pérfida albion já era pérfida desde há muito quer dizer enquanto os dois estavam indo ela a pérfida albion já estava voltando pela enésima vez e haveria de dar um jeito nisso como de fato deu então ora não percamos mais tempo com isso e retornemos ao pai de zinha o doutor hyppólito que tinha o dever de zelar para que a filial da companhia pertencente à uma linha de paquetes baseada em liverpool e estabelecida em verdade por conta régia de sua majestade a britânica e não a brasileira continuasse funcionando de modo a manter a incrível regularidade com que de vinte oito em vinte oito dias os paquetes da companhia saídos de liverpool chegavam ao porto de verdade e tamanho empenho em manter a  regularidade dos paquetes produziu em verdade dois efeitos um foi que paquete passou a ser também uma gíria usada para designar o ciclo menstrual o outro foi provocar uma cisão na família do doutor hyppólito que exclusiva mente acabou por tornar voltado só para a companhia e desse modo levar ao extremo e pra dentro de casa os valores de comportamento da típica mente inglesa que não deu outra bateu de frente com a formação cultural latina ibero afrancesada da minoria organizada que em verdade também incorporara inúmeros aspectos da formação cultural afro-indígena da mais do que enraizada em verdade entranhada maioria desorganizada que embora de júris excluída por si só e si mesma de fato em tudo imiscuída estava e assim tanto estava que o próprio doutor hyppólito bem como sua filha e todos os de mais que ali em verdade acima dos de menos viviam destes muitos hábitos haviam adquirido sem que o inverso em verdade a não ser inveja&desprezo pudesse ocorrer pois apesar de verdade ser uma cidade assimcomosefosse são paulo com as praias e os botecos do rio o rio com os ares do pelourinho e as baianas de acarajé e os sons de batuque e berimbaus de salvador salvador com as livrarias&os points culturais de belô belô com o sotaque e os blocos de rua do recife recife com os cinemas e teatros e restaurantes de são paulo e bah! tchê com a estátua do gaúcho no centro é claro! da praça da república era sobretudo de apartamentos o edifício da sociedade que em verdade se constituíra e que se assim como sociedade se enxergava era só mesmo no nome que enxergar sepodia porque mais um ajuntamento forçado é que era o viver de brancos europeizados a nutrir desdém por outros brancos com índios&negros entre si miscigenados os quais por sua vez nutriam desdém pelos índios e negros não-miscigenados também a nutrir desdém uns pelos outros então coméqui poderia dar certo uma coisa dessas? encafifava-se a filha do doutor hyppólito toda vez que nisso pensava. zinha. uma adolescente aquariana com ascendente em escorpião para qual não bastasse o apartheid sócio-econômico instalado em verdade por séculos e séculos agora a incomodá-la havia também o recém-instalado conflito entre a religiosidade liberal do seu catolicismo vivenciado em meio a um sistema econômico conservador versus a rígida moral vitoriana que embasava a dinâmica liberal inerente aos negócios do pai o qual desde que passara a representar os interesses da companhia no brasil vinha tentado reeducar a si próprio e a todos à sua volta. com uma cabeça libertária avançada pra uma adolescente do seu tempo em verdade zinha ficou muito feliz quando seu pai concordou em matriculá-la na pioneira recém-inaugurada e assim chamada escola normal para moças embora desconfiasse que a intenção do pai mais do que vê-la instruir-se era torná-la mais atraente à obtenção de um bom casamento no sentido mais financeiro da palavra laços zinha não se importou com isso mas sim com a oportunidade de téquinfim! ver-se em condições de adquirir os conhecimentos necessários para melhor entender aquela nova e promissora forma do ser que parecia prenunciar uma nova aurora para a humanidade porém aos poucos com o passar do tempo zinha começou a perceber que fosse religiosa laica liberal conservadora ou qualquer que fosse a mente rigidez era o denominador comum dos muitos modos do ser que em verdade estava se orientando apenas pelo ter em conformidade aos desígnios das incansáveis chaminés de manchester leeds e outras I say cities pródigas no dispor de uma never enough conveniência material pois que outra explicação poderia haver para o fato de seu pai defender a libertação de todos os escravos desde que o governo imperial o indenizasse pelas peças que possuía hein? ou então para o fato de tratar bem aos escravos apenas por temer deles a violência ou a criminalidade? pois é. e não só o problema da escravidão apresentava questões para zinha  que perguntadeira e irriquieta sempre interrogava a si mesma e aos outros à respeito da existência da pulga  de deus da sua e a dos outros e de tal forma que em assim sendo suas apreensões esperanças dúvidas temores alegrias tristezas sentimentos tudo tudo tudo tudo ela decidira anotar em um diário escrito assim de umavezsó num único solitário e chuvoso dia de um mês antes de fugir de casa.

a idéia de fugir de casa sabem todos quanto já a tiveram tenham-na ou não posto em prática surge assim pah! rápida o quê em geral costuma demorar é a prática da coisa que nos casos mais determinados e inexoráveis vai surgindo aos poucos como acontece com as plantas ou a consciência tanto faz que vão crescendo crescendo crescendo até tóim! pronto! tornarem-se a realidade visível que é você olhando pra você mesmo percebendo si já na rua carregando os poucos e mais estimados pertences que consigo decidiu levar. 

a primeira vez que a possível possibilidade de fugir de casa ocorreu à zinha foi durante a leitura de um livro recém-lançado chamado  o último dos moicanos de um tal de james fenimore cooper. identificando-se de cara ou por que não dizer? de saída com alice e cora as duas filhas do general webb foi contudo o robinson crusoe de daniel defoe quem de fato mostrou a viabilidade de se sair por aí por si mesmo pelos domínios e de um modo ou de outro sobreviver a contento então a partir daí todas as vezes em que as conversas ou discussões com seu pai terminavam com aquele fatídico isso não é assunto para uma senhorita amparada pelas irmãs webb e encorajada por robinson crusoe ela corria para o quarto abria o guarda-roupa e começava a reconferir as peças de roupa e objetos que prévia mente decidira separar por serem aqueles que com certeza haveriam de lhe ser úteis no momento adequado que acabou acontecendo assim zapt! num desses sempre surpreendentes ainda que de certa forma corriqueiros momentos de choque que no caso de zinha inesperada mente resolveu apresentar na forma da sonora bofetada que ela não só ouviu mas também presenciou a mãe dar no rosto da cozinheira causa que esta havia deixado quebrarem-se sem querer é claro porque a loló néra maluca duas dúzias de ovos. por isso depois de avançar sobre a mãe e assim engalfinhadas e meladas rolaram três pelo chão quando o pai ficou sabendo deu-lhe um tapa que doeu é claro pouco na bunda muito no coração e só fez foi é fazer determinada e final mente encoraja-lá a fugir e sumir. no dia em que o pai no trabalho e a mãe saindo com uma das criadas pra fazer compras na rua de são bento disse venha você também e ela respondeu quero ir não. to indisposta. e foi assim que logo depois ela saiu de casa levando apenas sua mala em gobelin florido e uma pequena bolsa de veludo vinho.
e lá foi ela. com um gracioso chapéu de palha dura com fita em volta. pra casa do doutor darcy o estranho baixinho e falador professor de história do brasil que apareceu um dia na escola normal e que assim além de  dar aulas para suas alunas falando de maneira amorosa e divertida sobre coisas que pareciam ser de um outro mundo sempre lhe pareceu também ser aquele tipo de pessoa com a qual a gente sabe poderá contar quando dela precisar.

os olhos se abrindo e assim do sonho despertando ela aos poucos foi se dando conta de que a seu lado havia mais gente. olhando-a de frente estava uma jovem de rosto moreno cabelo negro liso escorrido olhos amendoados feições inegável mente indígenas a sorrir simpática.
sentindo-se melhor? perguntou a jovem
ã rã. tô ela respondeu enquanto tentava erguer-se da cama onde deitada estava. mas não deu. doía muito. seu corpo. então foi com as costas apoiadas em travesseiros ajeitados no espaldar da cama que ela ouviu a jovem dizer
en rantaux!?! en ranteaux? qu' est-ce que c'est? parlez vouz français?
como? não entendi.que que é? no carrefour? no franscafé ?
oh! nous avon beaucoup de café ici mais il n'a pás carrefour dans cette saison respondeu a jovem.
péraí péraí você fala português? e ao isto perguntar observando que a jovem mantinha preso ao colo um exemplar do the girl with the kaleidoscope eyes do doutor amílcar ela emendou esse livro! esse livro é seu?
não. é seu. estava em sua bolsa que ao apanhar inadvertida e igual mente tal qual fizera acontecer à joaquim nabuco à jovem também fez isto é deixar cair ao chão o conteúdo entre estes aquele livro que agora espantosa mente fez a jovem descobrir possuía impresso em suas página como notas de rodapé todo o diário que ela escrevera  um pouco antes de fugir da casa de meus pais
menina!?! não me diga!
já disse
dêxovê ela pediu à jovem que de pronto lhe entregou o livro que também assim de pronto ela começou a folhear orientando-se pelo índice.

The girl
with
the kaleidoscope eyes

índice

The girl pg 07
The eyes pg 46
The kaleidoscope pg 91
The girl with the kaleidoscope eyes pg 136

07
The girl with the kaleidoscope eyes
Capítulo 1
The girl

Por possuir a incrível capacidade de me aproximar daquilo do qual devo me afastar e de afastar-me daquilo do qual devo me aproximar, quando nos encontramos pela primeira vez, não me dei conta de estar diante do que me faltara a vida inteira. Anos depois, quando lhe contei esta conclusão a que houvera chegado, ela me disse:
-Baby, baby, eu sei qué assim. I love you.
Pois é. Eu também sei. Agora.
Não digo estas coisas com o tom lamurioso de quem um dia achou que tenha tido o que na verdade nunca foi seu nem nunca será.
Quem possui o Amor?
O Amor nos possui.
Assim: se va enredando, enredando, enredandô. Pronto.
Sim sim sim sim. Inexatamente.
Como el musguito en la piedra.
Digo estas coisas como alguém que quanto mais mergulha mais chega à superfície.
Ela usava as plumas da leveza e eu os grilhões da certeza.

46
The girl with the kaleidoscope eyes

Capítulo 2
The eyes

Psic Ótica informavam as enormes letras vermelhas do luminoso a não deixar dúvidas quanto a termos chegado ao nosso destino.
A sala da diretoria ficava no segundo andar de um prédio de quatro. Quatro diretores. Dois homens e duas mulheres.
As mulheres, por serem tais, tinham mais atenção para dar às outras coisas que não somente trabalhar, trabalhar, trabalhar
Embora já tivessem cuidado dos filhos e agora cuidassem dos netos, ainda possuíam a simpatia e a disposição com que cuidaram de nos receber.
Foi graças ao carinho de uma delas que ficamos sabendo que os óculos, tal como os conhecemos hoje, fizeram sua primeira aparição durante a Idade Média, o quê, de imediato, me fez recordar Sean Connery como o dominicano "irmão Baskerville" em "O Nome da Rosa" usando óculos com lentes enormes enquanto, diligentemente, consultava manuscritos em um mosteiro medieval.

91
The girl with the kaleidoscope eyes
Capítulo 3
The kaleydoscope
- Ó pa isso! ó pa isso!, animadão e encantado o chefe do laboratório fez questão de nos mostrar o microscópio de lentes caleidoscópicas que havia inventado.
Surpreendentemente, sem fazer tipo e para arrepio de minha má criação, fiz questão de que ela olhasse primeiro através daquele aparelho mediante o qual era possível olhar antigas fotos minúsculas (pouco maiores que um chip) e ver figuras humanas movimentando-se no ambiente onde em algum momento de suas vidas haviam feito poses. Observando-lhes o movimento era possível tentar entender o quê de fato havia acontecido.
Digo tentar entender porque compreender meeeeesmo é impossível, tamanha a rêde de relações surgidas a partir das infinitas&nunca a O Certo sabidas motivações que a O Coração daquelas pessoas mobilizara.
Buscando focalizar um primeiro plano, tanto mais ajustávamos o foco das lentes tanto mais desajustávamos um segundo um terceiro quarto e assim em diante, tantos eram os planos.
Sucessivas mentes.

136
the girl with the kaleidoscope eyes
Capítulo 4
The girl with the kaleidoscope eyes 

espanha, camisa branca de minha esperança, extinta história que nos abraça, chegar-se à ela e contemplá-la. espanha, camisa branca de minha esperança, aqui me tens, ninguém me mata, querer-te tanto não custa nada. espanha, camisa branca de minha esperança, de face ao verso, doce ou¼  amargo, às vezes mãe e sempre madrasta. espanha camisa branca de minha esperança, que foi quem destroçou nossas entranhas, fingiu-nos livres, aves sem asas, nos trouxe a sede, a fome e a razão. espanha, camisa branca de minha esperança, navalha, barro, cravo e espada, que cheira a incenso de cal e cana.onde sentarmos e conversar? onde entendermo-nos sem nos destroçar ?quisera te dar meu todo só dou palavras que quase sempre acabam em nada quando se esvaem num imenso mar.
Victor Manuel San Jóse Sanchez versão Ronaldo Bôscoli
_____________
¼ op.,cit.,id.,ibid.,p.? [“meu irmão sempre me estimula, considerando-me tão inteligente quanto ele. contudo, quando teremos instrução superior comum a ambos os sexos? quando teremos a liberdade de esclarecermo-nos de acordo com nossos próprios  interesses? acho que nunca.” ]

em que página começa o seu diário?
que página? estranhou zinha
qual página ela corrigiu dizendo porém em seguida ó sem frescura coêsse negócio semântico tá? porque senão magina só não vai dar pra gente conversar na boa entendeu?
entendi diplomática mente fez zinha responder sem que de fato tudo houvesse entendido.

100
the girl with the kaleidoscope eyes
Critilo
“-Que império, Doroteu, que império pode
Um povo sustentar, que só se forma
De nobres sem ofício?”
diretor
“-Corta! Corta, corta, corta!”
alfaiate
“-O molde! O molde! Rápido!”
Critilo
“-Aqui o povo geme e os seus gemidos
Não podem, Doroteu, chegar ao trono.”
Julius Caesar
“-Eu, hein? Fui.”

103
the girl with the kaleidoscope eyes
o que eu tô dizendo é que o alceu tá certo o ciúme é a véspera do fracasso e o fracasso provoca o desamor e é aí que tá o problema na falta de amor pensa bem fal-ta-de-a-mor é disso que nós estamos tratando falta de amor a ême ó érre amor pronto é só isso nada mais cê entende? ela falou. taxa de cheque especial a cento e sei lá quantos por cento ao ano é falta de amor? eu perguntou.  
…!?!... 
que foi?
________
¼ op.,cit. [“Amanhã terei de recomeçar minhas atividades na Escola Normal. Theodora, minha melhor amiga, não retornará às aulas porque seu pai, desgostoso por seu namoro com Garcia Motta, não assinou a autorização necessária.”]

depois de tentar sem sucesso localizar a página onde estava o início do seu diário zinha sorriu desapontada e disse mas está a faltar uma folha neste livro.
eu sabia ela disse.
sabia?
sabia. e é  por isso queu tô aqui.
você fala de um jeito estranho. igual a o doutor darcy zinha comentou.
doutor darcy?
meu pai.
ah sei.
em verdade não.
não?
não. o doutor darcy não é meu pai de verdade. meu pai de verdade pra dizer a verdade não sei quem é. nem a meu pai nem a minha mãe de verdade conheci posto que ambos eram índios e desde muito pequena fui criada pelo doutor hyppólito&dona mariana sua esposa que são os pais verdadeiros de meu irmão hyppólito júnior.
e o doutor hyppólito? o quê ele faz?
faz? seus afazeres?
sim. vá. sem frescura.
o doutor hyppólito? oh. seus afazeres. sim. humpfff! chateação. o doutor hyppólito defende os interesses da union jack como ele mesmo constante mente muito aprecia e se põe a dizer
iúnion jéq?
sim. a bandeira de sua majestade imperial.
do brasil é?
não. union jack é como costuma-se chamar à bandeira britânica.
da inglaterra?
of course. de onde mais ?
o doutor hyppólito é um espião da inglaterra? é?
oh não! por favor. o doutor hyppólito é sócio de uma firma inglêsa.
ah entendi. e o doutor darcy? quem é?
um homem formidável que tenho certeza ao conhecê-lo você muito irá folgar.
que bom! sou meio folgada mesmo ela disse no exato momento em que de repente sob a soleira da porta surgiu o doutor darcy.
acompanhado por mais dois rapazes.
um era o homem negro que a salvara dos três brancos horríveis da rua do ouvidor e que agora podendo vê-lo melhor ela descobriu era também o cocheiro interessante que joaquim nabuco lhe apresentara pouco antes de se dirigirem para a reunião do êne érre tê.
o outro rapaz ela não sabia quem era mas sua figura embora por razões diferentes das que haviam se manifestado pelo homem negro também à ela pareceu interessante. muito interessante. haja vista à maneira como estava vestido. 
tênis jeans camiseta e mochila nas costas.



Capítulo 18
jack in the box

depois de deixar ela aos cuidados de zinha o cocheiro de joaquim nabuco cuidou de retornar à sede do êne érre tê o núcleo de resistência transcendental local de onde há poucos instantes retirou-se darcy ribeiro por achar inútil sua presença em meio ao tumulto gerado pelo sumiço da recém-chegada hóspede de massangana o maisdoquê conhecido solar dos nabuco que não bastasse a hóspede haviam perdido também o cocheiro que agora neste momento caminha pela praia porque não é besta de retornar pelo mesmo caminho através do qual veio umavezquêle sabe se assim o fizer grande é a chance de reencontrar os três brancos horríveis da rua do ouvidor nos quais dera um pau e que apesar de malfeitores bem poderão dele o homem negro à polícia dar queixa então por isso por desconhecer ondéquexiste? em verdade alguém capaz de contradizer perante a justiça local as alegações de três homens brancos contra a palavra de um negro melhor é eu ir mesmo por aqui pela praia por onde agora vou e estou pensava elias pois este era o nome do responsável pelas carruagens da família nabuco nesta história onde as coisas assim como as pessoas somente aos poucos vão se revelando e às vezes de modo surpreendente como agora acaba de acontecer com elias que ôpa mas será o benedito! exclamou para si mesmo ao avistar não o benedito mas o doutor darcy que ao que parecia decidira voltar pra casa pela praia mas num é demais!?! as coincidências com as quais a vida com si mesma coincide? mais sentiu do que pensou elias porque algumas coisas quando vêm num vapt vupt de tempo são assim mesmo mais profundas e sentidas do que quando mais superficiais e pensadas são. pois é. e agora juntos elias começa a contar pro doutor darcy tuduquí se passou com ela que neste momento está em minha casa!?! mas já não basta a filha do hyppólito agora também a hóspede do nabuco! exclamou darcy ribeiro quando de repente bruuuummm! um grande estrondo como se de um trovão se fez ouvir à certa distância deles ali na praia muito assustando aos dois tanto que imobilizados pelo susto só olhar na direção do estrondo é que puderam ainda a tempo de ver uma espécie de cavalo que não era só cavalo mas quéra também metade gente e que mulher parecia ser e que agora partindo em disparada pro nada donde viera ali na praia apenas fizera deixar o moço que em seu dorso montadoestava e neste exato instante na direção deles elias e darcy ribeiro caminha trazendo às costas se um saco ou mochila ainda num dava pra vêdireito mas suas roupas estas sim podia-se ver néram aquelas que em verdade por costumes se usava pois lá nem jeans nem camiseta e nem tênis havia.

vendo aquelas duas figuras logo ali adiante ele começou a correr em direção à elas todo animado mas fato foi que de efeito aquilo aquela animação dele às duas figuras só fez mais é assustar o assustado que nelas muito estava e de tal modo  estava que faltando uns dez metros pra ele se aproximar de elias e darcy ribeiro elias avançou uns passos se colocando adiante do doutor darcy e assumindo uma postura desafiadora de tô proquedérevié e foi aí então que ele vindo feito um louco começou a diminuir a carreira até ir parando parando té que por fim parou assim mais ou menos a uns dois metros à frente de elias e dizer qualé mano? sou de paz relaxa ó qué vê  e dito isto começou a revirar dentro da mochila procurando a caixinha de mentex que ao encontrar tirou pra fora e ofereceu pro elias que por alguns instantes ficou curioso porém esperto se interrogando mas quecatsoquéísso!?! essa caixinha amarela. ó tá vendo? é mentex ele falou tac tac tac tac tac tac sacudindo a caixinha tentando impressionar a um elias não disposto a pagar nada praver mas isto sim em ele passar o rabo de arraia que ao chão o levou a ele e a todos os mentex que pela areia espalhados ficaram pôrra! olhasó uquicêfez com os meus mentex! ele caído ao chão falou pro elias ali paradão só esperando pro que mais em seguida vir pudesse e o quê veio foi o dito assim dito pelo doutor darcy fica tranquilo elias quêsse é um deles e enquanto o ajudava a ele a apanhar os mentex espalhados nareia darcy ribeiro disse você nos assustou e acho que sim ele concordou e quando mais ia dizer foi elias que disse me perdoe sinhozinho me perdoe pois não sabia que o senhor era amigo então darcy ribeiro parou de catar mentex e pondo-se em pé diante de elias falou ó rapaz eu já te falei que num tem mais esse negócio de sinhozinho é me desculpe e pronto! tá entendendo? não sei como é lá em massangana mais aqui comigo é assim causa que educação é uma coisa subserviência é outra de modos que então eu gostaria muito mas muito que você pudesse entender a grande diferença que entre essas duas coisas há. eu entendo sim seu darcy eu entendo mas é a força do acostumado. pois então trate logo de a esse acostumado desacostumar sem mais nem demora falou darcy ribeiro se voltando em seguida para o moço recém chegado a quem convidou um a mais ou a menos não faz diferença ficar em sua casa. beleza! ele achou e muito obrigado disse e assim caminhando e conversando foram os três pra casa de número zero na rua dosbobo pois a elias darcy ribeiro conseguiu convencer acompanhá-lo ao invés de seguir pra massangana pois assim é melhor quanto ao nabuco dêxa comigo que depois eu falo com ele.

e no caminho darcy ribeiro ao recém-chegado de tudo fez sabedor o mesmo tudo que à ela joaquim nabuco fizera saber e de tal modo que assim portanto agora sabidos estavam os dois. ele&ela.
igual mente.

quando ela ainda acamada viu sob a soleira da porta surgir de repente o doutor darcy acompanhado por mais dois rapazes depois de sentir aquela coisatoda que no final do capítulo dezessete sentiu tchan! a ficha caiu rápida e ela assim na lata falou toda animada pro darcy ribeiro vi você uma vez numa entrevista no roda viva da tevê cultura! não é? foi. foi sim disse o darcy. e ele quem é? ela logo apontando pro moço de tênis e jeans quis saber. ele era ele. ele que enquanto darcy ribeiro pra ela o apresentava de zinha nem um minuto os olhos tirava pois se à moça branca familiar mente bonita a fez parecer àquela outra moça com rosto de índia apaixonada mente fez parecer superior em boniteza não no sentido que em geral superior mente costuma pensar mas no sentido que alma mente ao coração faz tum-tum tum-tum mais forte apressar pois nossaquiquéísso! ele otempotodo olhando pra zinha pensava esse look indígena a se destacar por sobre esse vestido sei lá se de branca-de-neve ou de princesa isabel tem um numseioquê queu não sei explicar e quéra de dignidade ancestral o quêle queria dizer mas assim desse modo manêro dizer não sabia.
cês dois já se conhecem? ela sacando tudo num zapt de tempo perguntou olhando pra zinha e depois pra ele.
acabei de chegar ele disse.
cê também bebeu a água ardente? ela a respeito de ele supôs.
que papo é esse? ele estranhou.
coméquecê chegou até aqui?
ah! deixa prá lá cê num vai acreditar.
acredito. 
então palavra por palavra ele começou a contar pra todos ali todas aquelas coisas que até então sua parte na história foram e quando ele acabou foi a vez de ela contar e quando ela acabou foi a vez de zinha e quando zinha acabou todos os três ele&ela&zinha olharam em olhíssono pra darcy ribeiro como quem diz bem e aí? uquiqui nós temos a ver um cum o outro e coessa história toda? hein? então darcy ribeiro disse para os três falta um e automática e óbvia mente fez os três olharem pra elias que primeiro emocionado porque nunca dantes a não ser o doutor nabuco ninguém jamais never havia de fato se interessado em conhecer sua história chorou. muito. e o choro emocionado de elias fez chorar também aos outros três quinémqui ele jovens. e quando elias terminou de contar sua história estando todos uns a respeito do outro bem informados darcy ribeiro entendeu quéra chegado o momento deu lhes explicar sobre essacoisatoda que ele ao menos de sua parte sabia e dizendo primeiro ó gostaria que antes vocês dessem uma olhada nuns recortes de jornal queu guardei darcy ribeiro foi até uma prateleira de onde retirou a graciosa caixa retangular de madeira machetada dentro da qual estavam os recortes de jornal que agora ele ela zinha & elias começavam a ler

O Lustre

os sinais de colapso à nossa volta
verdade, domínios (reuters) - o crescimento econômico, principal e mais promissor mecanismo de desenvolvimento nos séculos XIX e XX, está criando a escalada do desemprego; a crescente defasagem nos níveis de renda; as disputas comerciais e a degradação ambiental.
leia mais informações em capra, fritjof o ponto de mutação; em sagan, carl bilhões e bilhões; em laslo, ervin macrotransição e uma porrada de outros estudos a respeito. todos publicados já no final do século XX. é mole?

O Estado de Verdade

o consumo excessivo
verdade, domínios (reuters) - no século XX, a combinação de uma mentalidade manipuladora com a sofisticação tecnológica crescente, fez surgir a sociedade industrial moderna, que se espalhou do ocidente para os quatro cantos do mundo. as novas tecnologias tornaram mais eficientes as tecnologias tradicionais, mas não mudaram os propósitos para os quais estas tinham sido desenvolvidas. sofisticadas tecnologias de informação racionalizaram e reduziram os custos da produção e do consumo, produzindo imensos incrementos na exploração da produção, no uso e, em última análise, no descarte dos bens manufaturados. para uma minoria, trouxe nova riqueza e grandes aumentos no padrão material de vida, enquanto deixava empobrecidas e marginalizadas massas humanas cada vez maiores. criou uma sobrecarga para o ambiente natural. no final do século XX, a globalização alcançou uma fase crítica: o sistema industrial tornou-se social e ecologicamente insustentável.
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A Folha de Verdade

as tensões do esgotamento
verdade, domínios (reuters) - as sociedades contemporâneas vêm experimentando níveis crescentes de tensão, com muito maior vulnerabilidade na arena política e econômica, maior volatilidade na esfera financeira e crescente degradação do meio-ambiente. a rigidez e a falta de previsões levam a tensões que as instituições líderes não mais conseguem controlar. irrompem conflitos, em cuja esteira seguem a violência e a anarquia. aquilo que denominamos "era moderna" com suas prioridades, práticas e valores arraigados e aparentemente eternos, está chegando ao fim. as relações que se desenvolveram entre as pessoas, e entre elas e a natureza, estão levando a crescentes crises e tensões.
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O Estado de Mimos

a sobrecarga sócio-ambiental
verdade, domínios (france press) - os que controlam as novas tecnologias obtêm os serviços desejados com mais eficácia, mas nesse processo transformam as condições sob as quais funciona a sociedade. há então necessidade de aptidões especiais e estruturas organizacionais com propósitos específicos. cresce a complexidade da sociedade, atrelada à sua base de recursos. isso tem conseqüências imprevistas, porque mais pessoas usando mais recursos impõem uma carga maior ao meio ambiente. algumas pessoas encontram novos meios de se beneficiar, enquanto outras não conseguem melhorar de vida e a sociedade se polariza em camadas ricas e pobres, poderosas e marginalizadas.
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O Estado de Verdade

só 500 recebem o mesmo que 2 bilhões
(de pessoas)
verdade, domínios (reuters) - embora o mundo esteja globalizado nas áreas de informação, comunicações, comércio, mercados financeiros, tecnologias e negócios, ele vem se despedaçando no que diz respeito às brechas entre populações ricas e pobres; entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. o patrimônio líquido dos 500 e tantos bilionários do mundo -um terço dos quais vem dos países em desenvolvimento- é de mais ou menos us$ 1 trilhão de dólares, igual ao conjunto da metade da população mundial.
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O Lustre

a criminalidade e o descompasso
entre os níveis de renda
verdade,domínios (u.p.i) - em muitas partes do mundo, a pobreza alimenta ressentimentos e provoca migrações maciças do campo para as cidades e dos países mais pobres para os países mais ricos. o crime organizado cresce e se transforma em empreendimento global, com uma gama de atividades que vai da fraude na área da informação até o tráfico de armas, drogas e órgãos humanos. o terrorismo se aperfeiçoa, passando dos explosivos convencionais para vírus de computador, armas químicas, biológicas, nucleares e forma alianças com o crime organizado.
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O Estado de Mimos

o monopólio da informação
verdade, domínios (u.p.i) - se as redes de informação continuarem dominadas pelos poucos que têm os meios de representar seus interesses estreitamente focados, elas farão a pequena minoria ainda mais rica e a grande maioria ainda mais pobre. e se a minoria rica incluir pessoas com valores anti-sociais, o ciberespaço das telecomunicações se tornará um novo veículo para influências culturais intolerantes, pornografia, crime e guerra de informações. a internet, a televisão e a mídia eletrônica e impressa serão dominadas por interesses comerciais e, em vez de abrir espaço para todas as pessoas, alimentarão somente as exigências dos que detêm poder aquisitivo e representam um fator no mercado.
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O Lustre

no limite
verdade, domínios (france press) - estamos operando na beira extrema da capacidade de sustentação do planeta. sistema finito com espaços, recursos e potenciais regenerativos finitos, a terra tem um limite quanto à carga que consegue suportar.
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The Jackson Post

ainda? até quando?
em prólogo à edição estadunidense do livro O Processo Civilizatório de Darcy Ribeiro (1968) escreveu a arqueóloga Betty J. Meggers - guerras, rebeliões, golpes, guerrilhas, greves, guetos, enormes diferenças no acesso às vantagens econômicas e educativas, difundem seus efeitos dilaceradores através de toda a ordem social. Como se isso não fosse suficiente, o cidadão comum é acossado pelo balanço de pagamentos desfavorável, drogas, alienação, aumento populacional acelerado, remodelagem arbitrária da superfície terrestre com o desvio de rios, aplainamento de montanhas, derrubada de florestas, abertura de túneis sob a terra e a água, capeamento do solo com cimento e asfalto…Mesmo os conservadores se apercebem da ruína iminente, mas os interesses comerciais lutam cada vez mais por uma oportunidade de auferir lucros. …medidas de força só podem suprimir os sintomas, sem alterar suas causas… e o desespero cresce à medida que se torna evidente a inoperância dos remédios policiais e militares para os males sociais do nosso tempo. Só a compreensão é o primeiro passo para a ação racional.… só combinando outras perspectivas com a nossa própria, poderemos distinguir entre a verdade e a distorção e alcançar, finalmente, uma compreensão realista do processo civilizatório. A conquista de tal percepção é crucial para a existência humana.
saiba mais lendo o livro editado pela Cia. Das Letras em 1997. é mole?

embora zinha e elias não fossem capazes de compreender a maior parte do significado daqueles conteúdos mas apenas deles intuir o sentido todos por algum tempo permaneceram calados até que ela resolveu tomar a iniciativa e dizer seu darcy eu só gostaria de saber por que falta uma folha no meu livro.
e eu só queria devolver esse aqui pro raul ele disse mostrando a todos o exemplar do the girl em seu poder.
é você o outro!?! ela disse.
como assim!?! o outro ele quis saber.



Capítulo 19
conversa sobre um si. mesmo.


então é você!?! ela insistiu. eu o quê? é você mas é claro qué você! o único outro. único outro? como assim?
é! o único outro do par do qual sóizistiúm. e ele começou a rir. muito. cê pirô foi? então mostrando pra ele o exemplar do the girl quéla comprara na livraria ela muito zangada disse pirei não mocinho pois se você ainda não sabe fique sabendo só existem duas pessoas no mundo que têm um livro como esse aqui qué igualzinho a esse aí na sua mão entendeu agora? e ele que ria mas ria de mais não poder de repente ficou sério na hora e disse caramba! é isso mesmo? pois é ela afirmou com a maior firmeza possível dentre todas as firmezas que na terra das firmezas existem e no firmamento estão e então assim firmes e juntos os dois trataram logo de tentar desvendar o  mistério que agora em verdade os unia e do qual ele e ela logo perceberam era além do livro também a água dela a ardente e dele a da fonte ou do chafariz como queiram. por que será? por que será? os dois sem a nada chegar de perguntar e perguntar cansaram até que ouvindo tudo em silêncio elias que além de govinda em massangana era filho de oxum lembrando do arantes não o edson mas o guilherme resolveu arriscar e falou acho que é porque é a água que nasce na fonte serena do mundo e que abre o profundo grotão que faz inocente riacho e deságua na corrente do ribeirão que leva a fertilidade ao sertão que banha aldeias e mata a sede da população que cai das pedras no véu das cascatas ronco de trovão depois dorme  tranquila no leito dos lagos dos igarapés onde iara mãe d'água é misteriosa canção água que move moinhos que encharca o chão e sempre volta humilde pro fundo da terra.  sei não. pode ser porisso concluiu elias. óquêi é isso mesmo os dois ele&ela agora juntos falaram mas por que é que no meu livro falta uma folha e no dele não hein? ela quis saber de todos. então foi a vez de zinha escorpião ascendente em aquário arriscar sugerindo quéra porque ele era homem e ela mulher porque se fosse o contrário se fosse no livro dele que faltasse uma página ele por ser homem não ia tá nem aí ia deixar passar batido porque pra ele ia ser nada mais do quê apenas uma bobagem qualquer dessas muitas que a vida porái faz mas que pra ela quéra mulher ah isso não não ia ficar barato como de fato ficar não ficou. hmmmm faz sentido ela falou. faz? ele quis saber. faz confirmaram todos. tá. tudo bem ele aceitou mas porquéssa coisatoda? de a gente ter que se encontrar aqui em verdade? você não tem que enfrentar esse tal de jack? interveio darcy ribeiro que até àquelaltura conveniente mente decidira calar. tenho ele confirmou sem contudo nada dizer sobre a outra tarefa talvez a mais importante como assim insinuara o inglês dalmanegra ao mencionar a moça da página cento e um que agora ele sabia era zinha que por ele parecia nem tchum não estar nem aí. e você? ele perguntou pra ela agora que já descobriu queu é que sou o único outro tem mais alguma coisa a fazer aqui em verdade? agora quero saber quem é esse tal de doutor amílcar ela falou e então antes que ele&ela e também zinha&elias mais pudessem encompridar a conversa darcy ribeiro perguntou pra ele cê tem idéia de quem é esse jack? me encontrei com ele duas vezes acho ele disse. jack né um só não né? perguntou darcy ribeiro. o senhor o conhece? jack é um arquétipo é legião jeitos de um ser em muitos seres. sei lá ele comentou só sei que o cara é mau muito mau. jack nébom nem mau é ignorante ponderou darcy ribeiro antes de dizer o sol brilha o tempo todo sempre e as nuvens são como a ignorância  quando você cuida de dissipá-la vai descobrindo aos poucos que o sol está lá onde sempre esteve pois nunca nem por um instante sequer deixou de brilhar. e a noite? a noite? bem à noite a consciência dorme né? quero dizer inconscientes nem sequer sabemos se vivos estamos ponderou darcy ribeiro. então ao ouvir isto ele se lembrou do quê o inglês de alma negra lhe dissera a respeito de jack que apesar de tudo como todas coisas que sobre a face da terra e no céu existem jack tinha um lado bom e por isso ao contrário do que muitos pensavam ao invés de ser destruído jack deveria ser ajudado e só havia uma maneira de ajudar jack  e pra essa maneira funcionar era necessário libertar a senhorinha da página cento e um daquele livro e blá blá blá blá blá blá coisa e tal que ele não podia lembrar de tudo agora e se só esse ssssss pôquinho lembrara foi porque assim lhe pareceu isso tinha tudo a ver com o que acabara de ouvir daquele baixinho chamado darcy que insistente e coincidente mente fez prosseguir dizendo é tudo um questão de amor. amor!?! como assim? perguntaram todos em uníssono menos elias que pela carência mais do que todos sabia do quê darcy ribeiro estava a falar. amor. é. amor. senão vejamos começou a dizer o dono da casa de numero zero da rua dosbobo não sem antes perguntar êh aí moçada? cêis não tão com fome? não querem comer alguma coisa? tomar um café comer uns biscoitinhos ou coisa assim? não obrigado agoranão eles disseram e então darcy ribeiro prosseguiu dizendo ó gente o negócio é o seguinte quando ainda não era humano tal como é hoje mas também não era mais o macaco que por muito tempo foi o ser que hoje somos começou a descer das árvores onde pela maior parte do tempo vivera e só depois de perder muitos companheiros e companheiras é que ele começou a perceber que se quisesse sobreviver em meio às feras muito maiores e poderosas do que ele isso só seria possível se ele andasse em bandos em grupos isto é juntos e foi o que nós fizemos mas a partir do final do século quinze portanto há muito pouco tempo em relação ao tempo de nossa existência fomos levados  a nos dispersar na base do cada um por si de modo muito mais rápido do que até então estava acontecendo e foi aí que jack começou a nascer a ganhar sustança digamos assim a prosperar com mais vigor considerou darcy ribeiro dizendo o descobrimento de novos mundos proporcionou ao mundo dos negócios grande alento e aumento na oferta e demanda aos quais o sistema feudal e corporativo do velho mundo não conseguia mais suprir e por isto com o passar do tempo artesões que até então produziam em suas casas em seus ateliers e oficinas familiares integrados às suas corporações de ofício passaram a trabalhar para um único empreendedor negociante ou banqueiro interessado no aumento cadavezmais e barateamento cadavezmenos de uma produção realizada mediante uma divisão do trabalho que de familiar e multi-habilidosa passou a ser impessoal e especializada a operar em grandes oficinas equipadas com novas máquinas e mecânicas que com o passar do tempo que de passar nunca pára acabaram por revolucionar não só os modos de produção e comunicação mas também os modos de relacionamento entre as pessoas sobretudo as famílias quero dizer que a manufatura artesanal cedendo lugar à grande indústria moderna alimentou interesses por uma never ending acumulação de riqueza material ao ponto de a qualidade das relações entre povos e pessoas condição essencial da existência se transformar em algo bem diferente do que existia dentro de um lar pois agora era o cálculo egoísta e eficaz que em mera relação monetária a tudo reduzindo conseguiu fazer submergir a piedade a dignidade pessoal a emoção a sentimentalidade o afeto o amor enfim né?
e jack équéo responsável por esse desamor todo então? ela perguntou. sim. jack é esse poderoso tododesamor confirmou darcy ribeiro.
tá. e algum maluco solto por aí me deu a tarefa de convencer esse cara a mudar de idéia a respeito do mundo é isso? só isso? tô fora vou só devolver o livro pro raul e ó! me pico fui vou de volta pra de ondevim ele falou ao lembrar que segundo o inglês dalmanegra caberia a ele enfrentar jack.
se você quiser eu levo você até ele ela disse.
se encontrou o raul né?
foi. encontrei. o senhor seixas como diz o senhor nabuco.
quem é esse senhor seixas? zinha quis saber e então ele se antecipou e explicou para zinha com o maior prazer do mundo que o senhor seixas nascido há mais de dez mil anos atrás era feito da terra do fogo da água e do ar que das telhas ele era o telhado e da pesca o pescador que a letra A tinha seu nome e dos sonhos ele era o amor quêle era a dona de casa nos pegue-e-pague do mundo quéra a mão do carrasco quéra raso largo e profundo quéra a mosca na sopa o dente do tubarão os olhos do cego a cegueira da visão o amargo da língua a mãe o pai e o avô o filho que ainda não veio o início o fim e o meio quéra a luz das estrelas a cor do luar as coisas da vida o medo de amar o medo do fraco a força da imaginação o blefe do jogador quêle era havia sido e ia quéra o sacrifício dela a placa de contra-mão o sangue no olhar do vampiro as juras de maldição a vela que acende a luz que se apaga a beira do abismo o tudo e o nada.
mas esse é o supremo senhor krishna! zinha exclamou supresa ao descobrir que havia poraí em verdade um seixas atribuindo a si mesmo as mesmas portentosas tudoéumacoisasó qualidades que para si outro si a si mesmo atribuíra já há muito muito tempo conforme a atestar empoeirado bhagavad giitaa lá na biblioteca do doutor hyppólito ora veja só sisso é possível! sé possível num sei mais sei quéassim quéísso quêledisse quêle falou. o senhor seixas. e ao evocar por si mesma um si mesmo rápida mente fez soar um click! na cabeça de darcy ribeiro e então ele começou a dizer reparem bem pessoal no começo dos anos sessenta do século vintch quando hong kong malásia cingapura e indonésia ainda eram meio que associadas a abrigos de piratas e coréia era apenas o nome de um lugar exótico que ninguém sabia direito onde ficava e o japão era um país fabricante de brinquedos vagabundos que só tio pão-duro comprava pra sobrinhos azarados nós já eramos uma nação com uma base industrial considerável tanto quanto o respeito internacional que o mundo de um modo ou de outro por nós nutria nem tanto pelos campeonatos mundiais que conquistávamos no futebol no tênis no boxe no atletismo ou por nossa excelência musical clássica ou moderna nem tampouco por nossos pintores e escultores mas sobretudo por sermos um país capaz de produzir cientistas e educadores renomados a partir de uma base populacional muito pequena em termos de quão pouco pouquíssimo ou quasenadeducada era naquela época a maior parte de nossa população. então quiqui aconteceu? quiseram saber ele&ela que conheciam de perto o quê zinha&elias jamais sonhariam. nem no pior dos pesadelos da terra dos pesadelos. aconteceu que conscientes da existência de uma enorme pobreza&ignorância derivadas de uma abolição mal feita
a abolição venceu!?! zinha ficou feliz com a possibilidade.
ganhou mas não levou.
não entendi.
depois eu explico melhor importa agora vocês ficarem sabendo que um dia em março de mil novecentos e sessenta e quatro o goulart que tá aqui com a gente agora em verdade e na época era o nosso presidente
a república foi proclamada!?! zinha admirou-se feliz com a possibilidade
levou mas não ganhou 
então como eu estava dizendo o goulart fez um discurso afirmando que no dia seguinte todas as terras numa extensão de cinco ou dez quilometros não me lembro mais agora ao certo quanto mas foi alguma coisa por aí pois bem mas cinco ou dez quilômetros de terras de um lado e do outro nas margens das estradas do brasil seriam desapropriadas por conta de uma reforma agrária que de fato o brasil nunca nunca estão ouvindo? nunca fez.
então não rolou o que o presidente disse?
pois é. olha só. duas semanas depois desse discurso um grupo de generais com o apoio maçico dos jornais da época depuseram o goulart afirmando que ele quéra rico&filho de fazendeiros era comunista. pode? 
putaqueopariu! ele comentou.
putaqueopariu mesmo! ela confirmou enquanto zinha&elias olhavam um para o outro sem entender direito o que ele&ela haviam acabado de significar. mas e a população? ficou por isso mesmo? falaram ô pessoal! o presidente de hoje némais o mesmo de ontem! e aí tudo bem? ficou por isso mesmo foi? houve resistência mas foi fraca e nem poderia ser diferente mas olha só uquimporta pra vocês é refletir sobre como é que uma coisa dessas pode acontecer num país do tipo do brasil em meados do século vintch essa é que é a grande enorme gigantesca contudo simples questão. como assim? refletir sobre o quê? perguntou zinha a escorpiniana com ascendente em aquário. a questão da nossa identidade coletiva pois o brasil é um estado sim mas não é de fato ainda uma nação integrada pois a gente não se gosta. como assim? a ele portavoziar a todos rápida mente fez. assim nossos colonizadores portugueses holandeses ingleses e por último estadunidenses todos se especializaram como sempre se especializam os colonizadores em nos dividir pra governar e em nos dividindo nos desmerecer perante a nós mesmos. como assim? mais uma vez ele a todos portavoziou. assim o brasileiro!?! ah! com essa gente não se pode contar! o índio é vagal o negro é malandro a mistura dos dois é uma malandragem vagal e o branco ah o branco! o sonho do branco brasileiro é ver neve cair aqui quiném lá em  amsterdam londres washington percebem? então são séculos e séculos de um martelar contínuo a respeito da nossa incapacidade em nos autogovernarmos justificando desse modo a imoralidade de uma colonização que visto em sua cruel realidade qual o colonizador que aguenta carregar uma consciência pesada dessa hein? então porisso foi que nos criamos depreciando uns aos outros pelas falhas irremediáveis que a nós brasileiros eram atribuídas por um colonizador a nos impedir empreender qualquer coisa que ameaçasse concorrer com os produtos vindos de fora nem um só prego nem uma tachinha ou alfinete sequer podia ser fabricado aqui durante o período colonial e quando após a independência que convenhamos foi mais uma partilha entre inventariantes do que uma libertação de fato  pois bem após a independência chegou a revolução industrial mas aí o brasil já não tinha mais condição de acompanhar o pique do mundo desenvolvido tinha mais é que tratar de se ajeitar na rabeira onde ficam todos os que pra trás ficam e aí então pessoal ficou tudo muito mais fácil pro novo tipo de colonização vigente uma colonização que não necessita armas pra se garantir pois armas só são necessárias em lugares como vietnã afeganistão rússia que jamais foram vencidos como bem  o sabem chineses franceses estadunindenses ingleses e alemães.
que colonização é essa que não precisa de armas? ele quis saber.
cultural respondeu darcy ribeiro convenço a você de que meu estilo de vida é tudo de bom e lhe empresto dinheiro muito dinheiro pra você não só ficar com o rabo preso a mim mas também para me dar lucro e de um modo que você não vai se livrar nunca a não sequer que quebre as regras mas ai de você se tentar quebrá-las vai pagar caro por isso porém pra que não cheguemos a tanto ensino a você como criar uma estrutura do alto da qual você na qualidade de meu representante com diploma medalhinha passaporte especial e tudo o mais vai cuidar de convencer seus amigos de que ser meu amigo e poder viver como eu vivo issoéquébom! enquanto eu de minha parte trato de quebrar a resistência de meus amigos empreendedores a investir no seu domínio hã? que tal? topas?
caramba! quiquéísso?
lóbi. 
aqui em verdade não existe isso não zinha falou.
não? pois reflita mais sobre seu pai e os negócios dele recomendou darcy ribeiro. 
nunca ninguém pensou sobre essas coisas que o senhor está nos contando? ela perguntou.
minha querida disse darcy ribeiro centanas e centenas talvez milhares não só de brasileiros mas também de estrangeiros que gostam e curtem o brasil pensaram e eu de minha parte outra coisa não fiz a vida inteira mas como eu mesmo disse um pouco antes de vir pra cá sou um fracasso pois fracassei em tudo o que tentei na vida tentei alfabetizar as crianças brasileiras não consegui tentei salvar os índios não consegui tentei fazer uma universidade séria e fracassei tentei fazer o brasil  desenvolver-se de modo autônomo e fracassei mas os fracassos são minhas vitórias eu detestaria estar no lugar de quem me venceu. gente cansei! disse darcy ribeiro por fim.
não! protestaram todos o senhor é o nosso herói elias falou o senhor não pode desistir agora! logo agora que a gente conseguiu se reunir?
não pessoal ceis não entenderam não foi isso queu quis dizer to falando queu to cansado agora além de estar com fome e precisando tomar um banho acho que a gente pode continuar essa conversa amanhã né? e ela precisa comer alguma coisa também concluiu darcy ribeiro.
e tomar um banhinho afinal tem uns três capítulos queu não tomo um e to me sentindo assim meio meio meio sei lá melequenta ela disse e zinha fez uhhhgggg! antes de dizer deixe-me ajudá-la.



Capítulo 20
o muiraquitã

em mil quinhentos e vinte e três em meliapor índia encontraram na sepultura de são tomé um pequeno amuleto esculpido em pedra verde no formato de uma rã algo fálica. furtado por um marinheiro português este objeto reapareceu dezoito anos depois pendurado no pescoço de um marinheiro da frota de francisco orellana estacionada perto da foz de um rio situado no baixo amazonas local que os espanhóis chamavam de país das pedras verdes e de onde algum tempo depois eles os espanhóis foram postos pra correr pelas icamiabas gentílico que traduzido pro vernáculo significa mulher sem marido. pois bem mas durante a fuga do pega pra capar o acima citado marinheiro espanhol deixou cair o amuleto dentro de um lago chamado iaci uaruá que no vernáculo significa espelho da lua. desde então pra comemorar o cacête que haviam dado nos espanhóis as icamiabas um passaram a realizar uma festa anual dedicada à lua durante a qual dois recebiam os índios guacaris com os quais três se acasalavam para em seguida quatro mergulhar no lago onde cinco buscavam a matéria-prima com que seis moldavam pequenos amuletos iguais àquele usado pelo marinheiro espanhol e quélas sete chamavam de muiraquitã e que oito eram oferecidos como presente aos companheiros guacaris com os quais nove elas haviam feito amor. no ano seguinte à realização das festas da lua as mulheres que tinham parido ficavam com as filhas e deeeeez! entregavam os filhos para os guacaris. e assim foi. durante a maior parte do tempo. do brasil.

sentindo-se melhor ela olhou ligeiro pra barriga braços e pernas cuidando de ver se os arranhões e escoriações resultantes do incidente da noite anterior não eram grandes a ponto de não se poder escondê-los com  uma boa manga e saia compridas tal como muitas vezes ela já o fizera saindo de encontros bem mais gostosos e consensuais do que aquele da rua do ouvidor o qual de fato não fora um encontro mas um confronto ela por fim concluiu começando a sentir a mistura de cheiros tão peculiar dos ambientes rurais e seus vapores aromáticos de comida sendo cozida em lenha sendo queimada em um fogão onde assim tudo sendo o senso mais sensível se mistura aos odores por si só sssssssss sensuais da madeira da palha e do algodão crú dos móveis toscos e seus tecidos e forrações tudo isso vez ou outra tocado por uma brisa tcháaaaaaaaaaaaah a trazer cheiros de cana cal estrume suor de corpos de gente de cães galinhas vacas porcos e cavalos ao redor animais que de tão impressionantes e densos chegavam a doer duas coisas mais ainda e que eram essas o ar e o silêncio que nunca assim desse jeito ela havia inalado e escutado pois em verdade tamanha era a substância dos dois o ar e o silêncio que dizer se podia fumar o primeiro ao som do segundo dava.
tem um chuvêro poraqui? ela perguntou. chuvêro? zinha estranhou. é chuvêro. pra tomar banho ela explicou fazendo assim braço erguido&curvado por sobre a cabeça juntando e separando repetidas vezes os dedos da mão esquerda canhota que era. ah sim! zinha falou e correu serelepe a buscar a jarra&bacia que tão logo diante de si ela viu disse não dêssejeito queronão sim ela falou ao lembrar do banho quase seco que em massangana tomara. quérum banho banho mesmo! de banhêra ou de água corrente entendeu? entendi zinha falou explicando em seguida que ali em verdade havia dias próprios para banhar-se e aquele não era um deles então quais são? e qual o mais próximo? ela quis saber mas vendo zinha nos dedos a contar ela falou ó tudo bem dêxa pra lá tem algum rio perto daqui? sim tem o tiête o tiête!?! cê pirô? pirei? o tiête é poluído é podre é sujo e nojento. poluído? íssimo! e zinha riu. tietê é o nome de um rio! eu sei ah dêxa pra lá! ela falou com tristeza sacando que o tiête dela néramais o mesmo de zinha a quem dando as costas por favor me ajude pediu conformada a um banho de jarra&bacia tomar ôtra vez e depois de desamarrar laços e mais laços de corpetes ligas e cintas enquanto a ajudava a esfregar-se zinha a ouviu cantarolar dêxeu dizer que te amo dêxeu pensar em você isso me acalma me acolhe a alma isso me ajuda a viver e em seguida empostar a voz imitando o timbre grave do antunes  declamar tinha suspirado tinha beijado o papel devotamente era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades você conhece essa!?! claro! quem não conhece? em verdade milhares não o conhecem zinha estranhou. é? que pena e você?  conhece o carlinhos? ela perguntou carlinhos carlinhos zinha começou a dizer procurando por um até que brown! carlinhos brown! ela esclareceu e zinha então disse não não conheço minha querida. mas isso não pode ser alguma coisa tá errada ela achou e essa pra lá eça pra cá aquele lá e brown acolá sobre estas coisas continuaram as duas a explicar-se té que já de banho tomado e vestido ajeitado ao lado de zinha na sala ela entrou dizendo brown numseioquê brown numseioquêlá brown o nome que todos na sala ouviram
brown? o carlinhos? tão logo as viu e ouviu quis saber animado darcy ribeiro.
esse mesmo ela confirmou o senhor o conhece?
mas ora! lógico! não foi ele que disse que chato não é gostar dos gun´s and roses chato é não gostar do brasil?
carlinhos brown disse isso? ele&ela surpresos se interrogaram enquanto zinha a elias esclarecia é um cantor do tempo deles ah entendi elias falou.
pois é falou e se vocês querem saber tem tudo a ver com a nossa conversa pois quando vocês me perguntaram por quê essacoisatoda de vocês estarem aqui se encontrando em verdade eu fiquei pensando pensando e pensando concluí que  alguém tá dando uma chance de ouro a vocês.
ouro? ele se assustou ao lembrar do jackflash.
ouro disse darcy ribeiro olhaquí pessoal se tem uma coisa que jack precisa aprender é gingar é molejo é requebrar e rodar quiném bambolê sacaram? pois jack pessoal jack coméqueu posso dizê jack é assim sei lá por demais é é é esse tudo querer esse num vaptvupt tudo fazeracontecer que certo num é e nem pode ser porque vida qué maturação e lento gestar néassim não desse jeito pois vida como disse lenine não o político mas sim o cantor a vida pede um pouco mais de calma pede um pouco mais de alma porque a vida num é o no zuuuum fui e noutro voltei da estrada retasfaltada que a cento&oitenta por hora pros lado nem dá pra olhar ah não num dá num dá não porque prestenção a vida é de fato uma estrada de terra cheia de curvas onde sim mas que demora! porém a quarenta se chega onde a cento&oitenta chegar ai que pena meu deus!  talvez não se chegue. 
mas porquequêsse jack é assim tão descompensado? ela quis saber.
descompensado repetiu refletindo darcy ribeiro taí boa palavra quem sabe se jack é assim só pra nos estimular a descompensar um pouco nossa quase total compensação.
chiiii! ela falou o senhor tá parecendo o gil ou o raul falando assim dessa manêra.
o senhor seixas? zinha indagou ao ouvir outra vez o nome raul.
é. esse mesmo. o maluco beleza respondeu em allegro andante darcy ribeiro dizendo em seguida mas que expressão mais linda qué essa né? mais lindo que isso só noite ilustrada.
noite ilustrada? que imagem bonita! ela achou olhando em seguida pra elias a quem séria mente fazia achar tudoaquilo muito legal e engraçado de fato.
o qué isso noite ilustrada? zinha quis saber.
coisa déssálma celtalatinagodajudaicamouraindoibéricaafro e então assim brasileira formada como diz suassuna o ariano imaginem.
e jack? ele que ao tal havia visto e enfrentado perguntou jack é o quê?
é um celtavikingnorrmandoanglosaxão de si muito masmuito talvez até demais consciente ao contrário de nós talvez por demais inconscientes ponderou darcy ribeiro eéaí que tá o xis da questão prajack&pranós&pro mundo importante.
como assim? ela a todos portavoziou.
só dois tipos de pessoas são incapazes de interagir disse darcy ribeiro as que se acham as tais e as que nem como tais se acham.
num entendi. repete ele pediu.
só dois tipos de pessoas são incapazes de entre si dialogar e com isso trocar e desse modo a si mesmas enriquecer. as que acham a si mesmas bastar e com outros nada ter a aprender e as que nada acham porque de si nada sabem.
dá um exemplo ela sugeriu
e então darcy ribeiro começou a contar pra eles a história de macunaíma  
o herói brasileiro um herói sem caráter no próprio dizer de seu criador o mário hoje aqui em verdade e que estas coisas as seguintes confirma que “macunaíma possuiu ci a mãe do mato rainha das icamiabas” que “ci depois de seis meses teve um menino de cor encarnada e cabeça chata” que “a cobra-preta mordeu o peito de ci” que “o menino sugou o leite da mãe e morreu” que “depois do enterro do menino ci entregou a macunaíma um muiraquitã e logo em seguida ato contínuo subiu aos céus com o auxílio de um cipó” que “ao visitar o túmulo do filho no dia seguinte macunaíma observou sobre o túmulo do menino nascera uma planta o guaraná” que como todos sabem é um energético um revigorante. contudo “macunaíma perdeu o muiraquitã mas o negrinho do pastoreio enviou a macunaíma um uirapuru que revelou ó o muiraquitã tá na mão de um peruano que mora em são paulo” que “macunaíma tão logo disto se fez sabedor decidiu sair à procura do tal peruano não sem antes ir até uma ilha onde deixou a consciência e encontrou a poçadágua encantada da qual após entrar saiu branco” e foi assim desse modo branco que por fim “depois de recuperar o muiraquitã macunaíma viveu triste e só até mergulhar no lago onde atacado por piranhas perdeu os lábios e uma vez mais o muiraquitã” e que por conta dissotudo “chateado de vez macunaíma plantou um cipó subiu ao céu e virou constelação” e com isto prosseguiu darcy ribeiro durante muitos anos o paradeiro do muiraquitã tornou-se incerto como incerto até hoje se encontra pois o quê se sabe é que getúlio vargas tinha um muiraquitã o qual lhe foi roubado e éromesmo que em mil novecentos e quarenta e quatro durante a invasão da normandia o tenente rip master o pequeno cabo rusty e rin tin tin encontraram assim de bobêra caído nas areias da praia de omaha e que até hoje ninguém sabe dizer como é quêsse muiraquitã foi parar na mão do vigilante rodoviário o qual em confiança o entregou aos cuidados do presidente que o liquefez em meados dos anos sessenta pra infelicidade de seu sucessor que por sua vez ao muiraquitã veio a perder logo em seguida bem em seguida prum general que ao mesmo muiraquitã endureceu antes de nem sequer vê-lo surrupiado por outro também general que o endureceu mais ainda antes de entregá-lo a um colega de farda que jurou amá-lo e jamais deixá-lo refiro-me  bem entendido  ao muiraquitã o qual vejam voces como as coisas funcionam foi parar na mão de outro general que o amoleceu antes de passá-lo ao colega igual mente verde oliva fardado que ao muiraquitã ameaçou prender&arrebentar antes de entregá-lo  pro coronel sem farda que o congelou. e foi assim minha gente que depois de virar pó e fusca o muiraquitã foi parar nas mãos do capitão américa hoje ao que parece precisando de ajuda pra lidar com um monge shao lin falou darcy ribeiro antes de concluir dizendo e é essa até o momento a história do muiraquitã que tanta falta faz à seleção brasileira.
mas esse macunaíma é um bundão ele disse fazendo zinha corar e a elias se acabar de rir enquanto não nénão retrucava darcy ribeiro macunaíma não teve pai nem mãe portanto referências por onde seguir.
mas isso que o senhor acabou de contar é uma lenda um mito não é?  ela falou.
sim. mas e daí? mitos e lendas são como os sonhos do sono não são invenções conscientes construções elaboradas a partir de um senso crítico mas coisas que sem censura e à revelia da razão nos chegam como imagens >reflexas<  vindas de épocas remotas onde não havia nada parecido com o que hoje chamamos de ciência ou método então é por este motivo que mitos e lendas são história psicologizada.
história psicologizada? 
é. o quê significa dizer que a lenda de macunaíma >espelha< a dinâmica da alma coletiva brasileira pois repare conhecendo melhor a história de macunaíma oquéque se encontra? primeiro abandono por parte da mãe índia e do pai português que jamais conheceu. segundo pouco caso por parte dos irmãos todos brancos que desde sempre a ele preto rejeitaram então quer dizer macunaíma um preto que vira branco é um largado um abandonado à própria sorte nas malocas nas favelas nos cortiços dos poraí nas periferias da vida brasileira  e o que é que ele faz dessa vida? transforma-a numa sequência de golpes e malandragens ó querem saber? tal qual macunaíma nós brasileiros cercados pela exuberância de uma natureza amistosa andamos sem rumo certo de modo indolente e solerte e com isso do mesmo modo que à macunaíma aconteceu ao perder os lábios devorados por piranhas a isto também estamos sujeitos em meio à miséria e à ignorância que sempre uma à outra acompanha sujeitos a perder as formas de expressão do nosso ser e portanto condenados a sonegar ao mundo uma contribuição cultural capaz de salvar jack da enrascada na qual se meteu se ustedes me entienden pois se já conseguimos pagar nosso secular déficit em conta corrente ainda nos falta pagar o secular déficit em conta moral de que por séculos&séculos cinco ao todo padece grande parte de uma elite pseudodirigente porquanto corja arrogante de bem-nutridos e pouco-me-importa-canalhas porquanto sobre tais  braços fracos ainda não conseguem erguer da justiça a clava forte pois pra isso é preciso resgatar toda uma consciência coletiva que os tais não permitem e que outra não é senão a mesma aquela que macunaíma decidiu deixar isolada na ilha de maparatá então minhas crianças nós brasileiros precisamos aprender a conviver com a adversidade sem se deixar abater pela tristeza pela impotência e abandonar a ingenuidade a esperteza tola que acabam sempre por nos tornar vítimas de nós mesmos mas pra isso é importante redescobrir as características próprias que compõem a particularidade de uma alma por séculos&séculos cinco ao todo repito envergonhada de si porquanto sempre doutrinada a voltar-se para as belezas d’além-mar esquecendo-se de examinar a si mesma. importa pois sim e muito compreender o sentido e o significado de nossas perdas morais de modo a não permitir que o brasil continue a ser a presa fácil dos tais pouco-me-importa-canalhas a os quais eles têm certeza! e com isso sempre contaram somos incapazes de enfrentar. e é esta pois moçada a gigantesca tarefa que agora é com vocês disse darcy ribeiro concluindo em seguida então tratem de reencontrar o muiraquitã e dele com amor e sempre cuidar.
nossa que coisa! inesperada mente fez à ela dizer.
que foi? todos quiseram saber.
essa conversa sobre mitos e lendas me fez lembrar um sonho que tive
é mesmo? perguntou darcy ribeiro dizaí então como foi queu quero saber pode ser?
pode.
e então ela começou a contar pra todos o sonho que revelara somente ao suíço.



Capítulo 21
láróòyè


o sonho foi assim eu estava em cima de uma pedra cercada de água por todos os lados quando de repente um peixe azul saiu da água
e pulou sobre a pedra zinha emendou
e aí você apanhou o peixe e começou a bater com ele na pedra elias acrescentou
e depois de algumas batidas o peixe se transformou em um livro dentro do qual havia um mapa ele completou.
!!!!! como é possível? sonhamos todos o mesmo sonho!?! não acredito!
ou será que tem alguém sonhando por nós? ponderou zinha.
mintchuura! vocês falaram com o suíço e ele boca mole contou meu sonho pra vocês foi isso! é isso com certeza é só pode ser mas ora se num é!
nénão disse darcy ribeiro o sonhar de terna plural e eterna mente é assim mesmo é sonhamos tanto no presente como no pretérito onde perfeita e indicativa mente também ao par sonha.  
elias conta pra eles aquela história do peixe.
e foi pois assim através de elias o govinda de massangana que ela ele & zinha ficaram conhecendo a história de lógún edé o òrìsà istoé orixá em yorubá conhecido também como lárò o deus adolescente ou o santo menino que velho respeita segundo mãe menininha do gantoá e que como sói acontecer à maioria do deuses desde que o mundo é mundo logun edé ou lárò possui também muitas habilidades das quais aqui destaco uma pelo quanto à nossa história interessa e que é o utilíssimo dom de formar comunidades e delas cuidar sendo que não por outro motivo ao saudar logun edé ou lárò diz-se láróòyè a significar aquele que usa as mãos para alimentar o peixe. é isso. por ora. concluiu elias. tá. e daí? linda história. mas uquiéquísso tem a ver com a gente e com o fato de todo mundo aqui ter sonhado o mesmo sonho hein? ela quis saber.
num sei só falei de lárò porque o senhor darcy pediu.
então ela perguntou pra darcy ribeiro e o senhor? também sonhou nosso sonho?
ól the time.
 
o quê nem darcy ribeiro nem ninguém sonhara ou sabia era a segunda e a terceira parte do sonho de ela nas quais respectiva mente fez surgir o sílvio santos o galaxy japonês o hospital e a janelinha através da qual era possível ver um monitor com um ponto vermelho que ao se deslocar fazia mudar as estações. com exceção do silvio sobre quem nenhum deles nem mesmo darcy ribeiro foi capaz de encontrar explicação todos depois de muita conversa e troca de idéias  sobre os possíveis significados daqueles símbolos no sonho de ela foram unânimes em 
concordar quanto ao aspecto busca procura encontro ou fosse lá quais fossem o abstratos substantivos passíveis de correlacionarem-se a um mapa um automóvel um hospital e à banderósíssima imagem de um câmbio a provocar mudanças no quê evidente mente fê-los crer cura & transformação necessitava. e foi assim num progressivo aqui tá fundo aqui tá raso de um ligar de pontos de  uma coisa à outra nas histórias de ele e na de ela que darcy ribeiro ficou sabendo que o diário de zinha tá publicado nesse livro!?! tá disseram ele e ela e ó que vê ele falou mostrando a página cento e um que só no livro dele havia.










101
the girl with the kaleidoscope eyes
Eu tá que tá danado. Porque a vida é o sonho que Eu sonha pra fora e o sonho é a vida que Eu vive por dentro. Mas Eu não sonha mais sonhos do ser. Eu se infantilizou. E agora Eu tem sonhos de consumo. E a vida de Eu virou promoção. Ficou feia. Promoção de desejo que vira raiva que vira brutalidade que vira confusão que vira correria que vira... o coração de Eu
_________________________
¼ Santos Rocha, Maria Aparecida dos Senhorinha (1884) confissões de diário de  uma adolescente ao final do Império in CAETANO DE CAMPOS: Fragmentos da História da Educação Pública. [“Da janela da sala olho a chuva lavando as ruas de São Paulo. Estou sozinha em casa e posso dispor de seus amplos cômodos à vontade, sem perturbações ou comentários sobre o comportamento adequado a uma senhorita da minha idade. Subo e desço correndo as escadas, vou à cozinha e levanto a saia da minha querida Loló, esta preta gorda que é o grande amor de minha vida.”]



mas é possível uma coisa dessa? quis saber darcy ribeiro.
e tem alguma coisa impossível nessa história? ela ironizou e então fantástica mente fez darcy ribeiro perguntar mas o quê isso significa? 

e foi nesse espaço de tempo  enquanto darcy esmiuçava todo o conteúdo da página cento e um do the girl que exata mente fez ele se lembrar das palavras do inglês dalmanegra vochê preshisha adjudjá djéck djéck tchem a ver com vochê e a mosha a shenhorinha dja pádjina chentchoium deche book aí inshua mão djéck she alimentcha dji sholidão e djéck shabe que she vochê e a mocha she encontrarem a forcha djele djiminuirá. djéck tchentchará impedjí-lo dji todash manêrash
impedimentos muitos dos quais ele já superara sem precisar daquela pedrinha em seu bolso. aquela. a pedrinha que junto com o vidro de geléia de jaboticaba ele ganhou de presente dos nmah-konhêrosemvergonha que também avisaram ó num tem jack que aguente encarar um muiraquitã e uma geléia de jaboticaba. pronto! tavaí. e isto tudo pensado ele resolveu mostrar a pedrinha pro pessoal dizendo ó tem um negócio aqui no meu bolso essa pedrinha aqui ó

mas isso é o muiraquitã! exclamou darcy ribeiro 
é? 
e foi revirando pra lá e pra cá a pedrinha em suas mãos que darcy ribeiro reparou na inscrição gravada em baixo daquele muiraquitã
ordem e progresso
isso é nheengatu nénão zinha? 
e zinha que conhecia a língua falada no brasil colônia  depois de ler com atenção respondeu
sim. é nheengatu.
e tem algum sentido ou significa alguma coisa?
em português significa fujam da homogeneização cultural e da mercantilização nas relações sociais respondeu zinha.
fantástico! disse darcy ribeiro e como quem tchan! matei a charada esclareceu gente negócio é o seguinte ó prestenção pessoal esta pedrinhaqui é o muiraquitã que macunaíma ganha & perde & acha & perde & encontra de novo e assim por sucessivas mentes porque macunaíma né mito nem lenda é um arquétipo do não saber uquisié ou a riqueza duquisi tem.  então é assim sem saber uquisié e portanto sem saber uquisitem macunaíma perdendo o muiraquitã  a si mesmo perde e a si perdendo-se fica o tempo todo à mercê de peruanos que moram na bolívia e um negócio sempre estão a começar às custas da bobêra de macunaíma que outra coisa não simboliza senão o self a totalidade do ser da alma brasileira cuja identidade preservar é nosso destino assim como os seus preservaram j
á de há muito portugueses espanhóis holandeses franceses estadunidenses russos indianos vietnamitas e poraí lá vai como agora lá vem a china descendo a ladêra. pois é. e nós? qualé nossa contribuição pra consciência coletiva pralma universal? malandragem? sem-vergonhice? macunaíma é esperto mas é ingênuo e pior de tudo individualista pois sóo deseja salvar a própria pele contudo pensando bem coméque poderia ser de outro jeito esse ser criado em meio à rejeição? hein? coméqui macunaíma pode ser um cara centrado em si e por isso voltado pros outros? como? aquelascoisastodas que vocês leram nos recortes de jornal crime organizado tráfico de  órgãos de crianças de mulheres trabalho escravo sobre isso macunaíma tem muito a dizer e a fazer mas atacado por piranhas como disse o mário “perdeu os lábios e uma vez mais o muiraquitã” e “chateado” quê foi quêle fez? “plantou um cipó subiu ao céu e virou constelação”. é mole? é. 
como o senhor descobriu tuduisso? ela perguntou.
é. como? todos queriam saber.
refletindo sobre a história de vocês e lendo agora há pouco tudo o quê tá escrito na página cento e um desse livro aqui falou darcy ribeiro sacudindo diante deles o exemplar do the girl em sua mão. a esquerda. 

vocês leram tudo o quê está escrito na página cento e um?
não. 

até então nenhum deles havia lido uqui agora liam.

101
the girl with the kaleidoscope eyes
Eu tá que tá danado. Porque a vida é o sonho que Eu sonha pra fora e o sonho é a vida que Eu vive por dentro. Mas Eu não sonha mais sonhos do ser. Eu se infantilizou. E agora Eu tem sonhos de consumo. E a vida de Eu virou promoção. Ficou feia. Promoção de desejo que vira raiva que vira brutalidade que vira confusão que vira correria que vira... o coração de Eu tá com medo. Eu precisa fazer um trabalho interno. Crescer. Pular fora. Eu veste armani carrega vuitton calça naique passa kenzo come prestígio bebe bliss vitaminado molico desnatado réd bul enlatado uait rórse envidraçado joga em las vegas passeia em paris fuma em amsterdã mergulha em cancún sai na ilha de caras ri no circo de roma tem um conversível um reversível e um irreversível sentimento de vazio que coisa alguma completa. E Eu fica assim: desejando e ralando por mais. Cada vez mais sempre mais. Eu não vive. Eu se engana.
O vazio lá dentro Eu desconfia é alma atrofiando. Pra satisfazer o insaciável apetite do grão-vampiro às avessas para o qual dor e tristeza são noite indevida na eterna manhã do ilusório obla-di-o-bla-da dos modos happy ever after. Eu tá mimado arrogante insensível compulsivo cruel maníaco por entre palhaços e balões coloridos. Eu de verdade tá assustado. Eu não é assim. Eu precisa fazer um trabalho interno. Pular fora. Crescer.
Conjugar-se à primeira pessoa. Do plural.
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¼ Santos Rocha, Maria Aparecida dos Senhorinha (1884) confissões de diário de  uma adolescente ao final do Império in CAETANO DE CAMPOS: Fragmentos da História da Educação Pública. [“Da janela da sala olho a chuva lavando as ruas de São Paulo. Estou sozinha em casa e posso dispor de seus amplos cômodos à vontade, sem perturbações ou comentários sobre o comportamento adequado a uma senhorita da minha idade. Subo e desço correndo as escadas, vou à cozinha e levanto a saia da minha querida Loló, esta preta gorda que é o grande amor de minha vida.”]


mas uquiéqui a gente pode fazer sobre issotudo? ele perguntou para darcy ribeiro que não tinha a resposta a qual surpreendente mente fez elias dar
ir até a casa da dona maria.
dona maria? quem é dona maria? ela quis saber.
é maria do lábaro que óz tenta estrelado elias esclareceu acrescentando uma senhora que vive enrolada na bandeira brasileira desde que se refugiou nas montanhas ao perceber queoutra coisa não fazia a não ser pagar prestação por coisas à ela sem parar por telemarketing oferecidas.
e tem telemarketing aqui é? ele falou.
tem confirmou darcy ribeiro sem entretanto em tamanha bobagem se fixar e desse modo passando logo pro que importar importava então pessoal vâmo tirar a bunda da cadeira e começar a se movimentar ôtra vez pois não sei se vocês perceberam mas já são quase cinco os capítulos que aqui a nos prender se transcrevem e isso convenhamos né bom pra personagem nenhum.
ué!?! e nós somos personagens? ela muito se surpeendeu.
se por acaso não sei mas sim somos sim personagens ele que já havia conversado com o autor confirmou.
não acredito!
ora mas disso qualé o problema? quis saber darcy ribeiro dizendo em seguida todos nós aqui somos em verdade personagens porquanto passageiro e superficial é o papel que nós de fato atores muito mais profunda e eterna mente estamos a representar e assim desse modo a nosso destino realizar pois incrível mesmo minha filha é  o sylvester stallone que mesmo com o filme encerrado segue acreditando qué  rocky rambo balboa.
sylvester stallone? zinha estranhou
é. confirmou darcy ribeiro um lutador de boxe italiano com sobrenome espanhol que pensa qué um estadunidense lutando no vietnã.
não entendi.
imagina o marido da princesa isabel 
pensando quéum  francês com sobrenome italiano arrasando o paraguay.
valeu respondeu zinha e bem que montanhas são essas onde se encontra essa tal de dona maria? perguntou darcy ribeiro.
 
montanhas azuis.  

esse éronome do local onde fugindo dos credores se refugiara dona maria do lábaro que óz tenta estrelado.
e não por coincidência aquelas montanhas azuis eram as mesmas de onde partis o trem das sete horas. 

o último do sertão.
conforme dissera o raul.




Capítulo 22
tudo certo!
como dois&dois são três em um



 
e uquíquéssa dona maria tem a ver com a história? ele quis saber. tem disse darcy ribeiro que dela morrem de medo todos os canalhas os falsificadores de títulos da dívida agrária os que desviam verbas do orçamento os que têm contas ilícitas em paraísos fiscais enfim todêsse de sempre os mesmos  que já há séculos são  isso tudo ao mesmo tempo. éléfodona é? ficou depois que se envolveu com a bandeira brasileira. foi. tantoassim quélaprópria a si mesma si chama e a si referindo se diz guardiã de quê? direito até hoje saber ninguém sabe então acho quéporissomesmo prá saber direito que elias disse épralá pra casa da dona maria que vocês devem ir. vocês por quê? e o senhor? não vai não? todos surpresos ficaram. ah não não vou não embora ir bem que gostaria mas devo ficar pois afinal tenho que acalmar o nabuco e seu paiporexemplo disse darcy ribeiro olhando pra zinha e completando pois é os dois seu pai e o nabuco que à esta altura já devem estar loucos com o sumiço de vocês. que pena mas bem que se há de fazer sendo a vidassim mesmo disseram todos se colocando já desde logo a responder a pergunta que sem mais delongas ela fez e foi essa a seguinte então como&quandé quiagente vai lá? estando claro pra todos que  o lá eraa casa de dona maria do lábaro que óz tenta estrelado e o quando assim ficou decido seria naquela noite mesmo onde o como acabou sendo caminhando assim desse jeito ela&elias saindo um pouco adiante no tempo e portanto no espaço por onde ele&zinha pouco tempo depois do mesmo modo caminhar caminhavam como agora faziam.


a ele desde o começo haviam encantado não só os belos traços indígenas do rosto de zinha mas também um certo quê dindependência ou numsêisedi rebeldia que dela em harmonia emanava junto à meiguice de gestos eou atitudes aos quais além de tudo como se tais já não bastassem somava-se a encantadora mistura de saber refinado&humor espontâneo só possível talvez em quem tivesse tal como zinha educação europeia e convivência amistosa com os modos do ser quinémquieraquele o africano de seu pai mas pois bem agora lá ia ele feliz&contente por estar caminhando dijunto daquela moça queôtra não era porque ôtra nãohavia&nempoderia que assim tão de uma página cento e um ser como aquela da história a tal. pois é. ele. magine só! o mesmo e o próprio à quem haviam entregue o muiraquitã com o qual ci a rainha das mulheres sem marido presenteara macunaíma antes de poisépraquê feito nossasenhora subiraocéu depois da morte do filhomas se ele por zinha tudo de bom parecia sentir ela da parte dela por ele ele achava aí nem tchum parecia estar razão pela qual imaginando quérassim mesmo ele pensou essa mina precisa saber de mim da carolina da margarina da gasolina e então esse posto ele falou pra ela me conta sua história e quick fast&click! alegre&amorosa mente fez à ela zinha surpreender-se com o fato de sentir o que jamais sentira e quérao sentir agora real e concreto de estar diante de um homem a pedir uma coisa daquela de si e de modo tão intenso e o qué mais importante em verdade e assim tudo parecendo ser e fazer um sentido só zinha contou pra ele que no começo meu pai érum cara super legal engenheiro brilhante a cuidar assim dêssejeito no plural das suas fazendas a torná-lo portanto grande senhor de café & de escravos té que um dia porém ele ficou conhecendo um tal de manuel pinto peixoto e por causa disso e desse manuel acabou aderindo a uma filosofia chamada positivismo de um outro tal augusto comte  chamado que acabou como não? morrendo louco louquinho da silva mas por quem contudo e porém no começo ela também se interessara em saber mais a respeito para logo entretanto acabar achando aquilotudo aquela filosofia uma doidêra total pois se tinha pé e cabeça é verdade um e outro porém o pé e a cabeça entre si não combinavam ou não se achavam pois coméque poderiam meu deus se achar? se rematada loucura eraquela esse negócio de a deus científica mente querer explicar mas meu pai achava issotudo muito maravilhoso e fato foi e indaé quêle meu pai quéra muito legal acabou ficando chato e pouco a pouco perdendo o brilho & a doçura pois só o interessavam coisas que implicando ordem&progresso colocavam em pé-de-guerra a natureza & o homem mas não foi sóissonão pois pra complicar indamais o quê complicado já estava passado algum tempo meu pai se associou à uma companhia inglesa de navegação e aí nossa! aí então danou-se de vez pois o quéra chato ficou insuportável pois dá pra imaginar né? como muito mal se acomodam e muito se estranham estas três coisas juntas a herança cultural francesa a ética protestante anglo-saxã e o direito romano cê entende ondeu quero chegar? zinha perguntou pra ele antes de inacreditável e fantástica mente fazê-la prosseguir elaborando o quê por si só ela zinha por mais inteligente e culta que fosse jamais poderia expressar ao modo como estava a fazer. ô se sei! ele disse mobilizado talvez pela mesma inacreditável e fantástica mente que em seguida uma vez? mais voltou-se para zinha. pois é então e logo logo eu comecei a perceber que cada vez mais haveria cada vez menos espaço pra credulidade alegria e generosidade naquele crítico reservado e prudente modo de um ser que parecia mais preocupado em ciência aplicar às relações comerciais do que sobre as relações sociais ciência obter e acho que foi nesse instante que todos os tupis guaranis apinacauás caingangues  terenas xavantes caiapós xetas txucarramaes araras parintintins macus carijós tupinambás tamoios bororos  guaicurus pataxós jurunas  caiabis e outros mil povos que em mim há se revoltaram e explodiram fazendo com que eu maria zinha tenha me decidido a fugir. foi. e isso mesmo fiz. decidi sair e saí. pra rua pra vida pra estrada onde agora a seu lado estou e prossigo.
prossegue?
prossigo.
prosseguirá?
prosseguirei.
prosseguiremos?
prossigamos.
sim?
sim.
então ele zaaaapt abraçou zinha pela cintura e a partir daí tudo tudo tudo tudo mesmo foi diferente prêles dois pois ois! até então em suas vidas nenhum deles havia sentido aquele encontro de almas que encontro né bem o termo pra expressar o quê fusion melhor traduz e se aplica a uquê não tem vergonha nem nunca terá não tinha governo mas agora tem não tinha juízo mas agora há não fazia sentido mas agora faz. agora. depois do beijo quêles se deram. aquele. igual ao da zélia. a duncan. o beijo. o tal do qual quando vai não tem mais volta. nem amarrado nem com escolta.


seguindo rumo  à casa de dona maria do lábaro que óz tenta estrelado mais à frente de ele&zinha caminhavam ela&elias.

caminhar por entre folhagens espessas e um chão de terra uma hora aqui barrento lá pedregoso ôtra hora o contrário para ela era bem mais mas bem mais complicado do que o era para elias que ao invés de vestir aquela mas que saco! roupa de chiquinha gonzaga vestia apenas uma calça bem justa ao corpo colada e mais nada então qué dizê néra outro portanto o motivo de ele elias caminhar  sempre um pouco mais à frente de mim ah mas isso não tá legal não ela pensou e dá pra você caminhar a meu lado? meio que gritou sem de fato gritar para elias o quê lá no fundo já já há de se ver era mesmo um grito. sim de fato era um grito. um grito que elias bem escutou. elias. o homem de poucas palavras não por causa da condição servil que homens de pele menos escura haviam imposto a homens de pele menos clara. sem dizer nada ao lado de ela assim de bate-e-pronto elias achegou-se.


à ela desde o começo haviam encantado não só os belos traços africanos do rosto de elias mas também suas habilidades fossem estas relativas a lida com animais irracionais ou irracionais como aqueles da rua do ouvidor e além do mais era  muito legal de ver em elias a ginga ginga da capoeira do jongo ou zambê do qual veio samba pois é éréssacoisa sensorial sensual extrovertida e e e é feminina eraísso! quéla nele em elias gostava. claro quéssas percepções todas a respeito de elias não lhe vinham assim ao modo analítico e esquadrinhado como aqui se apresentam mas muito ao contrário vinham assim tudatrapalhado ao modo sensorial e intuitivo como sem mais nem menos explicações ou definições sentem as mulheres em geral mas não via-de-regra porquenécum todas quisso acontece ah nénao mas você é de onde elias? como é sua história ela perguntou nem só por curiosidade mas também por um tantinho de medo de quêle elias de repente pudesse do lado dela sair outra vez ou de vez porém assim como linhas acima a zinha o fizera inacreditável e fantástica mente levou elias a contar que nascera ali mesmo em verdade e que seus antepassados eram de uma tribo africana chamada yorubás estabelecidos num lugar onde tinha um rio muito grande ao qual os brancos chamavam de niger local onde um dia segundo sua mãe a dele elias seu pai o dele também estando a pescar foi capturado poroutra tribo de homens chamados bérberes que se não eram negros como ele também não eram brancos como ela ela mas então como eu tava dizendo esses bérberes além guerreiros eram comerciantes não só de coisas mas também de pessoas sobretudo as negras quêles vendiam pra outros comerciantes só que agora brancos portugueses e holandeses  no começo ingleses e estadunidenses mais tarde que além de yorubás bantos minas nagôs e muitas outras gente africana embarcava em navios chamados tumbeiros de tanto que dentro deles a gente negra morria em meio às travessias que muitas semanas duravam e nem sempre se completavam sobretudo nestes últimos tempos pois por exemplo como aconteceu com o tumbeiro que vinha trazendo o pai dele não poucas vezes navios de guerra ingleses fiscalizando pra ver quem é que ousava desobedecer à majestade deles que não mais admitia comércio de gente então o qué que fazia a tripulação dos tumbeiros? quiquéla fazia? ah você não vai acreditar pois num é quéssa gente pra não ser presa e na inglaterra julgada jogava a gente negra toda pra fora do barco assim jogava na água do mar com ferros correntes e tudo. mas ô! e como foi que você teve pai? por sorte ou destino às vezes acontecia do ferro tá podre ou ser muito mais largo do que a magreza dos ossos de quem comer já de há muito não comia e foi isso o quê de exato aconteceu a meu pai que quando percebeu do ferro estar livre começou a nadar em direção ao navio dos ingleses que assim que o avistaram pedindo ajuda disseram pra ele meu pai ó banana procê! se vira nos trinta negão! e num é que o negão se virou e achou boiando no mar um pedaço de madeira do tumbeiro que os ingleses por brincadeira ou excesso de zêlo haviam botando a pique então foi desse jeito que meu pai acabou chegando na praia de são salvador chamada jardim de alah lá na bahia de onde depois de tratado foi enviado pro mato grosso pra lutar contra os paraguaios lá na terra dos guaranis té que a guerra acabou e o general caxias mandou libertar toda gente negra que não pouco a seu lado lutara de modo que só assim puderam eles esses negros suas mulheres e filhos juntos livres ficar pra fazer o quê bem entendessem de modos que meu pai se tornou carpinteiro e amou maria a mãe que me teve e antão aqui estou eu o qual independente e rebelde que fui sou e sempre serei acabei arranjando encrenca e de novo algemado só retomei a liberdade quando isso todo mundo já sabe encontrei piedade. em massangana junto aos nabucos.   
e assim que elias acabou de contar sua história mágica mente fez cair a chuva a molhá-los antes que ambos pudessem chegar até a mangueira sob a qual se abrigaram e ela passado um instante tiritando de frio disse a elias 
me abraçe
e elias a abraçou
alguns minutos depois voltando-se para ele ela pediu
me beije
e elias a beijou
passados outros mais desta vez silenciosos e imóveis minutos ela perguntou
como é que a gente diz amor I love you em yorubá?  
e elias respondeu olufe mo feran re
e ela repetindo baixinho aquela espécie de mantra olufe mo feran re olufe mo feran re olufe mo feran re olufe mo feran re assim deixou-se ficar repousando a cabeça sobre o peito de elias.


horas mais tarde agora todos juntos ela&elias zinha&ele final mente os fez avistar a comunidade quilombola das montanhas azuis de onde partia o trem das sete horas o último do sertão conforme dissera o raul e que era também o lugar onde morava é claro! não só dona maria do lábaro que óz tenta estrelado mas também é lógico! macunaíma lúcido do amaról.






Capítulo 23
macunaíma lúcido do amaról




assim como ocorre a todos aqueles que com qualquer necessidade dirigindo-se a hanuman jaya kapisha tihun loka ujagara! recebem a abundância das quatro frutas da vida do mesmo modo acontecia àqueles que desejavam entrar na comunidade quilombola uma vez que sem permissão de dona maria do lábaro que óz tenta estrelado néca ninguém lá entrava porque se hanumam era o guardião da porta de rama a qual ninguém atravessa sem sua permissão dona maria era a guardiã da porta dA Casa do Branco isto é dA Kari´Oka quéra o nome oficial da comunidade quilombola onde moravam macunaíma lúcido do amaról e outros brasileiros como por exemplos exemplaríssimos jean de lèry curt nimuendaju stefan zweig pierre verger e outros mais que aqui importam mas aqui agora não cabem. sim a guardiã dA Kari´Okaéréssa tal de dona maria que vivia enrolada na bandeira brasileira a mesma que o guarda marinha greenhalg tomara das mãos do oficial paraguaio durante a batalha do riachuelo. foi. o guarda marinha greenhalg. a quem o paraguaio muito zangado com a ousadia dele do greenhalg tentou golpear enquanto dizia larga o trapo! larga o trapo! até que o guarda marinha caiu abatido a tiros de fuzil de outros paraguaios que mais chegavam e que ao final e por vias das dúvidas com golpes de machado de abordagem bem finalizar o muito agarrado à bandeira brasileira guarda marinha decidiram. foi. o greenhalg. pois é então dissotudo informados por pessoas que pralá & pracá pelo caminho passando iam e às quais ele ela elias & zinha perguntavam ô meu cê sabe onde mora dona maria? eles os quatro sem mais demora e com muita facilidade na casa de dona maria chegaram e assim tóc bateram na porta que sem esperar pelos mais outros dois costumeiros tóc tóc logo se abriu revelando pra ela em especial nossa que coisa incrível! uma grande surpresa a qual foi ver que dona maria érigualzinha em todo sólido todo gás e todo líquido à tia da moça que trabalha em casa de família aquela! a dágua ardente que a fez chegar em verdade tanto assim dona maria érigual que ela ao cumprimentá-la disse oi! eh aí como vai tudo bem? na maior informalidade o quê acabou até sendo bom pois ao invés de estranhar o quê doutro modo seria falta deducação dona maria achou foi é quéla aquela moça bonita e seus três amigos eram sim é muito simpáticos porquanto sem frescura pareciam ser coméquisediz no bom sentido muito despachados e entrem! entrem! vãointrando disse dona maria de modos que eles logo entraram e entrando de saída estranharam nossaquiquéísso dona maria!?! essa decoração nas paredes da casa quase todas encobertas com quadros em tamanhos diversos a enquadrar fotos e frases de um monte de gente do país sem nome desde um tal de thoreau até uma certa susan sontag e outro chamado noam chomsky que coisas assim diziam
richard rorty
filósofo estadunidense professor da universidade de stanford
"talvez os brasileiros (ou tanzanianos ou alguém) sejam capazes de se esquivar apesar de tudo aquilo que as superpotências podem fazer para impedi-los. talvez algum dia os cidadãos alfabetizados de algum país possam ver perspectivas onde antes viam apenas perigos. ver um até agora não-sonhado futuro nacional em vez de ver o país deles como condenado a seguir o papel que algum teórico estrangeiro escreveu para ele."

john dewey
filósofo e pedagogo estadunidense
"desde que não podemos aceitar de esmola nem tomar emprestada uma cultura sem trair ao mesmo tempo a essa cultura e a nós mesmos só resta a um povo produzir a cultura que lhe convém."

pitman b. potter
professor de direito
university of british columbia canadá
"a tarefa principal de quem estuda a organização internacional [a globalização] não é gastar tempo em discutir regionalismo versus universalismo mas estudar uma combinação e os  padrões que se devem aplicar na parte que de cada um se aceita."
joseph ellis baker
autor e professor estadunidense de literatura inglesa
"um regionalismo que ignore o universal comete um erro mas os internacionalistas recomendam-nos uma literatura que nem dá o melhor do ideal universal da humanidade nem a essência sutil de uma cultura local. tudo o que exprime são aqueles elementares interesses físicos e econômico comuns ao ser de um tipo material de vida -o mais baixo denominador comum do ser"

ah! isso são os gurus e os mantras queu todo dia rezo pra não cair na tentação e livrar-me do mal com o qual óz todo dia me tenta e que mal era esse? ela ele elias e zinha quiseram saber e consumir consumir consumir até bum! no cheque especial no peso e no coração por fim estourar esclareceu dona maria ah sei entendi disseram ela e ele sem que zinha e elias contudo pudessem entender que coisa era essa de consumir consumir consumir até bum! estourar e sem mais querer em detalhes entrar sobre a gente cabeça daquele país diferente de todos pois nem sequer nome tinha assim como rússia itália chile ou malásia e todos os outros que no mundo havia mas vocês chegaram até aqui por causa de jack e do muiraquitã nénão? perguntou dona maria procurando confirmar o quê de antemão já sabia e ã rã sim é isso mesmo! positiva mente a cabeça de todos fez balançar e isso dizer pois bem então me acompanhem pediu dona maria e lá foram eles atrás dela a guiá-los ora à esquerda ora à direita e vixe! mas era um tal de corredor prum lado corredor prautro que tanto assim ver nenhum deles jamais visto pois nem sequer houve dos quatro um único que não tenha pensado durante o percurso ah! não vou chegar nesse lugar onde depois de um tempão todos chegaram e que era na frente duma baita duma porta que chamar de portão ou portal talvez fosse melhor mas que de estranhar mesmo não era o tamanho da portaportãouportal mas sim a placa ali bem à vista de todos emplacada
e pois quando estavam todos praquela placa a olhar sem nada entender o chão sob seus pés começou a tremer e um coro de vozes se fez ouvir várias inúmeras vezes ad nauseam cantando lá lá la-lá! lá lá la-lá! lá lá lá lá lá la-lá! agora é hora de alegria! vamos sorrir e cantar! tristeza não leeeeeva à nada. vamos sorrir e cantar! lá lá la-lá! lá lá la-lá! lá lá lá lá lá la-lá! sílvio santos vem aí! tá-tá tá-tá tá tá táaaaaa! sílvio santos vem aí!tá-tá tá-tá tá tá táaaaaa! até que o muirquitã! o muiraquitã! pediu dona maria do lábaro que óz tenta estrelado e enquanto ele buscava retirar do bolso o muiraquitã o coro cedeu lugar à voz portentosa a dizer rá rá rái! se vira nos trinta terezinhaaaaaa! é isso mesmo pessoal? ceis tão querendo entrar é? olha que'u vou fazer a pergunta hein? vou fazer posso fazer? vai rodar todo mundo hein! é isso mesmo que ceis querem? rodar? rá rá rái! se vira nos trinta terezinhaaaaaa! vamos lá então pergunta valendo valendo valendo um grande enorme gigantesco rodopio! rá rá rái! gira! gira! se vira nos trinta terezinhaaaaaa! qualé atenção atenção rá rá rái! terezinhaaaaaa! roda! roda! todo mundo rodando! atenção! qualé a frase que dá acesso a a a rá rá rái! à constelação da ursa maior hein? trinta segundos então já com o muiraquitã nas mãos ele o entregou para dona maria que sem demora olhando para a inscrição em nhengatu na base do amuleto gritou  fujam da homogeneização cultural e da mercantilização nas relações sociais! e coisa que só vendo a portaportãouportal pluft! desintegrou inteirinha como se de miragem não passasse


diante de ela ele elias zinha e dona maria por algum e silencioso tempo macunaíma se pôs a fitar com simpatia um a um o olhar de todos e depois dirigindo-se à ela perguntou cê trouxe o meu sonho de valsa?
oh! 
para ela enorme colossal gigantesca indizível inefável inenarrável outra supresa! quer dizer então ela ia dizer que macunaíma e o espírito da coisa eram a mesma pessoa! mas esqueci foi o quê ela disse por fim. esqueceu!?! esqueci. relaxa. nesse momento isso não tem a menor importância disse macunaíma agora voltando-se para ele e dizendo parabéns e obrigado por ter chegado até o fim.
oh!
inenarrável outra supresa! dessa vez para ele que ia dizer pra macunaíma então o senhor e o autor são a mesma pessoa! mas quéisso magina foi o quê ele disse por fim. fim? fim? é isso mesmo? ela interrogou a macunaíma. sim. vocês não chegaram até aqui afinal? mas e jack? nós não precisamos ajudá-lo? ele quis saber. desde o início vocês já o estão ajudando ponderou macunaíma pois então agora saibam todos que tomei a decisão de reuni-los pouco tempo depois de assistir harry potter e a pedra filosofal coisa que me deixou muito indignado pois percebi que além de automóveis yogurtes sabão-em-pó pasta-de-dente e canudinhos contemporânea mente fez até vassouras-de-bruxa diferenciadas pois bruxarias que antes podiam ser feitas com qualquer vassoura comum dessas aí de piaçaba e cabo de pau como as que ainda podem ser encontradas na feira de são joaquim em água de meninos pois bem quero dizer que bruxarias e feitiços agora só podem ser realizados por bruxos e bruxas que possuírem vassouras iguais àquela tal de nimbus tchudaunzand que não é pra qualquer bruxinho desses dos imensos jardins ângelas que poraí existem. não. bruxaria agora é só pra filhos de feiticeiros ricos com dinheiro para proporcionar aos filhos o luxo de estudar feitiçaria em colégios voltados pra atender apenas aos feitiços de uma elite queu gostaria deveras fosse aquientrenós bruxuleante mas qual o quê? é isto sim fantasmagórica de fato considerando que cáentrenós aos pequenos bruxos das classes menos favorecidas não possibilitam o acesso às varinhas e vassouras das griffes do encantamento restando praqueles pequeninos promissores mas pobres bruxos e bruxinhas somente as escolas de feitiçaria públicas onde não por serem públicas mas por abandonas estarem desaparecer num passe de mágica coisas desaparecem mas só verba merenda professores e coisas assim e também num passe de mágica aparecer uma só coisa aparece droga inclusive de ensino instalações e perspectivas mas nésóissonão acrescentou macunaíma dizendo mais importante talvez é quéssa coisa da magia nem sempre necessita de bruxo druida ou mago a ficar mexendo o tempotodo num caldeirão poções capazes de transformar a todos e tudo tal como fazem certos bruxos sejam míqueis em fantasia ou james watt graham bell thomas edson howard hughes bill gates steve jobs e poraí lavai na realidade pois a natureza tem próprio e mais poderoso feitiço sendo o maior deles o da transformação das mentalidades estas sim as verdadeiras e individuais pedras filosofais que não sendo materiais não possuem é claro! substância finita mas muito ao contrário possuem o eterno sempre ever changing conteúdo qué esse nunca ser sempre o mesmo porquéaí que mora o segredo da eternidade que nada conserva a não ser a si mesma feito as ondas do mar que tchibum tchibum o tempo todo mudando nunca são sempre as mesmas mas  estão sempre lá causaquéssaqué a magia desse contínuo never ending abrefecha de entãos e enfins quéo universo a vida e suas coisas.
e jack? ondéque nissotudo ele fica? era o quê todos queriam saber.
parece que jack pirou né? sugeriu macunaíma completando em seguida jack porém tem coisas boas é ousado não-conformista e apenas parece ensoberbou si perdendo assim a medida das coisas qué dizê inflou si demais ao invés de equilibrá-lo mas pensem bem vejam a mim e ao paul bunyan comé que se pode esperar que cada um de nós por si só sem ajuda um do outro pudéssemos fazer sobre nós mesmos uma reflexão? como? hein? reparem também que todos unsmais outrosmenos somos <intro> & >extro< vertidos e de tal modo o somos que pra quem é mais >extro< vertido todas as coisas parecem insuficientes pobres e sem graça a necessitar portanto mudança um agito bem diferente do pensar de quem é mais <intro> vertido e assim mais propenso a não modificar o quê muitas vezes mudar é preciso como por exemplo é o caso da questão social no brasil que per seculum seculum oxalá não seculorum se arrasta sem solução ustedes me entienden ou percebem onde quero chegar? pois entre sis não é só perú pau-brasil cerveja e espelhinhos que um índio e um viking podem trocar porque pra mesma pergunta tem sempre no mínimo duas respostas pois qué vê ó por exemplo “o quê cê vai fazer se eu desafinar? vai embora e me deixar só? me empresta seu ouvido queu vou tentar não sair do tom” mas eu também posso dizer que “se você achar qu’eu desafino amor saiba que isso em mim provoca imensa dor pois no peito dos desafinados também bate um coração squidum digundum squidum dum” sacô?


e muitas 
quantas nossa! 
muitas mais coisas disse macunaíma. 
pra ela ele elias zinha e dona maria 
aos quais sinestésica mente dera o mágico poder de muito entender do pouco falar.

e como tudo na vida nessa ao menos incluindo a própria termina 
chegou o momento em que macunaíma falou 
pessoal tem mais não deu soninho e assim foi

depois de se despedirem de dona maria do lábaro que óz tenta estrelado ela&elias ele&zinha retomaram o caminho que conduzia à verdade conversando sobre os queserá-queserá? e os coméquevaiser? que naquele momento se impunham e a todos eles os quatro implicavam.  
?será que ela e ele iriam voltar pro início do século vintchum?e se isso respectiva mente quisesse 
?zinha e elias poderiam ir junto com ele e ela?
?mas por que razão ou não-razão zinha e elias deveriam sair do final do século dezenove em verdade onde portas e janelas ficavam abertas e ninguém morava atrás das grades feito bicho no zoológico? 
?por que voltar pro início do século vintchum onde prosperaravam a miséria a violência e o medo?
pois é.
o final do século dezenove
onde os ritmos do humano ainda eram mais próximos do natural das coisas e não tinham nenhum compromisso com o lucro o poder e o ter 
porquanto fluíam 
através da temperança e da generosidade.
o início do século vintchum
onde só se fazia concentrar mais a renda 
entre os poucos étudomeu 
a feudalizar a informação e portanto o conhecimento.
tá bom.
de qualquer modo tudo tem seus prós e seus contras 
e além do mais fossem quais fossem as decisões a tomar quanto à partida prática mente apresentava questões quase insolúveis
?será que a água ardente funcionaria com elias? 
?e se funcionasse ? haveria o risco de elias morrer no meio do transporte como algumas vezes a o pessoal da enterprise acontece?
?e quem disse que elias estava a fim de partir com ela?
quanto a ele no problems ele pensou 
se zinha quiser ficar eu fico se ela quiser ir eu vou. 
mas ooops! 
nesse caso o seu caso era o de quem ali chegara comendo uma torta de banana e um guaraná do mac e em assim sendo 
?coméquificava o caso de zinha? 
?será quéla poderia pegar uma carona naquela tal de água ardente?


por final ficou acertado assim ele&zinha permaneceriam no século dezenove onde mais se aceitava namoro entre um branco e uma índia e ela&elias partiriam para o século vintchum onde apesar de tudo uma branca e um negro teriam mais tranqüilidade para juntos viver. tão logo eles começaram a planejar uma grande enorme proverbial festa de despedida de súbito abriu-se a adverbial porta através da qual passou derradeira mente em meio à mistura de trevas luz névoa e poeira que pouco a pouco um a um foi tragando todos eles ela ele elias e zinha esta última a primeira a esvanecer-se de tal e inesperado modo que a seus amigos tomados pelos mais absolutos surpresa e horror só restou em vão tentar uns aos outros se agarrar resistir e lutar contra a hora que desse modo para eles tão brutal inesperada mente fez chegar.

depois de zinha foi a vez de ele 
depois foi a vez de ela 
téque por último foi-se elias 
que ao perc................




Epílogo
siaploc sod ielaC ed tíu léuged




"há na alma um processo que tende para um fim independentemente das condições exteriores. a princípio é caótico e imprevisível e só aos poucos vão se multiplicando os sinais de uma direção a seguir. o caminho é aparentemente cíclico. um conhecimento mais exato o define como uma espiral: os temas dos sonhos sempre reaparecem depois de determinados intervalos sob certas formas que designam à sua maneira o centro. traçam um movimento de rotação ou de circumambulação em torno do centro, dele se aproximando mediante amplificações cada vez mais nítidas e vastas." 
C.G. Jung


"vestido sob confeitos coloridos um palhaço, o Homem Areia, todas as noites, na ponta dos pés, entra em meu quarto, assopra pó de estrelas e sussurra 'durma. tá tudo certo! '. então eu fecho os olhos flutuando suave na noite mágica, me deixo levar e faço um prece silenciosa: 'agradeça e sorria como sorriem os sonhadores!' e eu adormeço. e sonho. meus sonhos com você. nos sonhos caminhamos lado a lado e conversamos. nos sonhos namoramos. nos sonhos nós estamos juntos. o tempo todo. nos sonhos." Roy Orbinson

Enquanto me enxugo observo o quadro a vapor que ela desenhou no espelho. Vapor de outro banho. Anterior a esse (que acabo de tomar sozinho). As portas e janelas da casinha...  ? Derreteram ou jamais existiram? Interessante. ah. Bobagem. Peladão, deixo o calor do banheiro pra entrar no quarto refrigerado. Aqui dentro minha bunda, de fora, parece, vai congelar. Me apresso em pegar a calça (não uso cueca) jogada no chão. tum! porra! Um equívoco essa pressa (como em geral costumam ser todas). Ao me erguer com a calça na mão dei com a cabeça no suporte da TV. Sim. Deus é bom, justo e verdadeiro e nada acontece por acaso. Tô sabendo. E  é exatamente nisso que estou pensando agora, enquanto esfrego a cabeça olhando à toa pras paredes desse quarto kitschérrimo decorado até mais não poder com essas incredibly high multicoloridas flores de celofane. uuuugh. Puta falta de gosto. Acho. Como também acho, não sei porque, já passei nessa rua. É. Acho que sim. Naquela ali. Do quadrinho na parede.



Coisa estranha essa quase-certeza. Bobagem. Mas não é que ela foi mesmo... Coisa irritante esse negócio de “tenho que chegar cedo amanhã por causa de reunião com aquele cliente chato sabe qualé?” Sei mas não quero saber. Minha roupa espalhada pelo chão. Fiz questão de deixar. E o sapato também. Um só. Com a sola virada pra cima. ah foi! Deixei. hunmm. Como não? Odeio excesso de responsabilidade. Piração. Mas quando disse pra ela pode í queu vou ficar, não achei que ela tivesse a coragem de ir mesmo e me deixar aqui. Sozinho. Vi quando ela se levantou de manhã pra se arrumar mas não a vi sair. Acabei dormindo outra vez. Sem querer. Será que ela foi embora a pé? Até um ponto de ônibus? Ou será que foi de táxi? Problema dela. Será que essas americanas são todas assim certinhas e só uma e outra é que gostam de comer rezar e amar? Aí então... danou-se. Eu hein. Confúcio que me desculpe mas nessa fecho com Buda. No caminho do meio. Se depender só dos primeiros-da-classe, dos bem-comportados, o mundo não muda. Não. Não muda.  Tô misturando as coisas? Tô. Mas ô: nétudo uma coisa só? Os condôminos não vão na reunião do condomínio e os congressistas não vão no Congresso. Pronto! É assim. Taí. Mas o que é que eu, Amílcar, tenho a ver com isso? Danado tô eu. Aqui sozinho com as calças na mão e a bunda gelada num quarto cafona de um motel idem. “Quero ver de perto uma shanty town© ela falou. Política e amor. Mistureba da p... o sonho! Caramba!
__________________________
© do Carmo Ortiz, Esmeralda - In Esmeralda,"Por que não dancei."
pág. 19  4ª edição ed. Senac 2001
[“Como é gostoso um chuveiro. O chuveiro vai limpando a gente por dentro e por fora. Nunca tive um chuveiro. Nunca tive uma cama e uma casa de verdade. Agora sim, tenho o meu chuveiro, tenho a minha cama, tenho a minha casa.” ]

E foi assim que o doutor Amílcar, sentado na beirada da cama, começou a anotar suas lembranças do sonho daquela manhã.

Pouco tempo depois, ao partir em direção à esquerda, ele tentou ler pelo espelho retrovisor do carro o nome daquele motel localizado, sei lá se na Sé®, no Jardim Ângela, no Capão Redondo, pois tanto faz: é tudo uma grande Canudos, um morro só. Desses. Onde o Brasil morre muito a cada dia. Mas, sim, o nome do motel... 
pelo retrovisor...
tavatudoatrapalhado!


siaploc sod ielaC ed tíu léuged


Não importa.
A vida é o sonho que a gente sonha por fora e o sonho é a vida que a gente vive por dentro.®



__________
® op.cit. id.id
[“É uma felicidade poder tomar um banho. Banho de chuveiro antigamente era só de vez em quando, e gelado. Hoje tomo  banho na minha casa e almoço e janto na mesa. Nesse tempo, dos banhos gelados da Sé aos banhos do meu chuveiro quente, quase dancei, quase morri. Fui até o fundo. Roubei, fumei crack, fumei muito crack, trafiquei, fui presa, apanhei pra caramba.”]


Fim



citações & referências
todas as passagens citadas como “notas-de-rodapé atribuídas ao diário de Zinha”, foram extraídas do trabalho de Maria Aparecida dos Santos Rocha Senhorinha (1884) -confissões de diário de  uma adolescente ao final do Império, publicado em Caetano de Campos: Fragmentos da História da Educação Pública, por ocasião do centenário de fundação desta magnífica e saudosa Escola (de verdade...).
As demais citações e referências diretas pertinentes a outras autorias são, a saber

Capítulo 1
the girl with the kaleydoscope eyes
1. “jêia hanuman guianagunaságara jêia kapisha tihun trilôka ujágara
verso em Sânskrito extraído da canção Hanumana Chaleesa inclusa no CD Live on Earth de Krishna Dastrad. “salve Hanuman oceano de sabedoria e virtude salve o Senhor dos Macados, Iluminador dos três mundos
http://www.youtube.com/watch?v=Crj6z0FJYOg
2. guilherme o arantes à meia noite à meia luz
Meu Mundo e Nada Mais
Guilherme Arantes
http://letras.mus.br/guilherme-arantes/46312/
3. “Como se fosse um par nessa valsa triste
Bandolins
Oswaldo Montenegro
http://letras.mus.br/oswaldo-montenegro/47875/
4. “I’m going to Strawberry Fields
Strawberry Fields Forever
The Beatles
http://letras.mus.br/the-beatles/186/
5. “Que império, Doroteu, que império pode um povo sustentar
extraído (e adaptado) de Raymudo Faoro citando Critilo, Cartas Chilenas em Os Donos do Poder vol I pg 199  edição da coleção Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro Publifolha Sp SP 2000
6. “o ciúme é a véspera do fracasso
Romance da Bela Inês
Alceu Valença
http://letras.mus.br/alceu-valenca/188468/
7.”com o corpo cheio de estrelas
Soy Loco Por Ti, America
Gilberto Gil
http://letras.mus.br/gilberto-gil/383439/

Capítulo 2
a primeira viagem
1.”ói olhe o céu já não é o mesmo céu
O Trem Das 7
Raul Seixas
http://letras.mus.br/raul-seixas/48335/
2. “por que você me pergunta? perguntas não vão lhe mostrar
Gita
Raul Seixas
http://letras.mus.br/raul-seixas/48312/

Capítulo 3
o sonho
1. a solidão? quéfera devora e é amigadazóras?
Solidão
Alceu Valença
http://letras.mus.br/alceu-valenca/44016/

Capítulo 4
a segunda viagem
1. boa noitchi como vai? shou sheu coringa o sheu ásh.”
Casanova
Ritchie
http://letras.mus.br/ritchie/65793/

Capítulo 5
o espírito da coisa
1. não adianta chamar quando alguém está perdido
Ovelha negra
Rita Lee
http://letras.mus.br/rita-lee/48516/
2. “a sua expectativa é a minha perspectiva”  
(“... ou será que a sua perspectiva é a minha expectativa?”)
expressão de Jorge Mautner
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Mautner
3. “my body is aching and my time is at hand
Fire And Rain
James Taylor
http://letras.mus.br/james-taylor/39646/traducao.html
4. “um sonho de valsa e um corte de cetim
Folhetim
Gal Costa
http://letras.mus.br/gal-costa/127827/

Capítulo 9
em verdade. domínios.
1. gabriela êh meus camaradas
Modinha Para Gabriela
Gal Costa
http://letras.mus.br/gal-costa/46118/
2.  espelho pra me [“se”] mirar
Alegre Menina
Djavan
http://letras.mus.br/djavan/45501/

Capítulo 10
o homem de today
1. “problems seems so far away
Yesterday
The Beatles
http://letras.mus.br/the-beatles/203/traducao.html
2. mergulhar ansioso no segredo da cálida escuridão
extraída e traduzida de uma inscrição na contracapa do CD Door of Faith de Krishna Das
A saber:
Follow these prayer offerings
With the eyes of the heart
as our eyes follow the sun
down into the dark warmth
of the segret longing
over the edge of what we can see
into the fullness
of what we can only know
in ‘Being

Capítulo 11
nabuco de massangana
1. índia que veio numa velocidade estonteante
Um Índio
Caetano Veloso
http://letras.mus.br/caetano-veloso/44788/

Capítulo 12
jackflash
1.I once had a girl or should I say
Norwegian Wood
The Beatles
http://letras.mus.br/the-beatles/264/traducao.html
2. bengala o senhor walker o espírito que anda
Alusão a o Fantasma (´O Espírito Que Anda´), personagem famoso de revista-em-quadrinhos, criado por Lee Falk em meados dos anos 30.
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Fantasma
3. a história da cabeça voraz
extraída (e adaptada) da revista Junguiana número 18
http://www.sbpa-rj.org.br/r_jung18.htm

Capítulo 13
eles&elas. elos.
1. espanha, camisa branca de minha esperança
España Camisa Blanca
Ana Belén
http://www.youtube.com/watch?v=GU1dzi4oPEs
2. “soy loco por ti America
Soy Loco Por Ti, America
Gilberto Gil
http://letras.mus.br/gilberto-gil/383439/
3. aquele rapaz precipitar-se sobre seus pés e a suplicar
Extraído (e adaptado) de Minha Formação Joaquim Nabuco ed. Ministério da Cultura Fundação Biblioteca Nacional Dept. Nacional do Livro 
download
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2108

capítulo 14½
jackknifed!
1. “atrás do trio elétrico
Atrás do trio elétrico
Caetano Veloso
http://letras.mus.br/caetano-veloso/43868/
2. oi bum bate coração pode batê
Bate Coração
Elba Ramalho
http://letras.mus.br/elba-ramalho/144644/
3. o olivieri o toscani
Referência ao revolucionário publicitário e fotógrafo italiano Olivieri Toscani, idealizador das polêmicas(?) campanhas publicitárias da marca Benetton de 1982 a 2000. Autor do livro A Publicidade é um cadáver que nos sorri.
en.wikipedia.org/wiki/Oliviero_Toscani



Capítulo 15
em uma casa nada engraçada
1. o fofo esplendor de uma corte aparatosa
extraído do discurso de Francisco de Sales (‘Timandro’) Torres Homem, citado em Raymudo Faoro Os Donos do Poder pg 325 vol I edição da coleção Grandes Nomes do Pensamento Brasileiro Publifolha Sp SP 2000
2. assim dessa manêra nêgo chicago num aguenta
Al Capone
Raul Seixas
http://letras.mus.br/raul-seixas/45353/
3. acenderas luzes da Guanabara
Sorte
Gal Costa
http://letras.mus.br/gal-costa/46128/
4. brancos horríveis da rua do ouvidor
Black is Beautiful
Elis Regina
http://letras.mus.br/elis-regina/88694/
5. uma casa...engraçada ... na rua dosbobo número zero
A Casa
Vinicius de Moraes
http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/49255/

Capítulo 16
jumpin’(ôver) jackflash
1.jumpin' (ôver) jackflash
 Jumpin' Jack Flash
The Rolling Stones
http://www.youtube.com/watch?v=NbT1k5DYYds
2. I’ve started a joke
I Started A Joke
Bee Gees
http://www.youtube.com/watch?v=Dq6YmSVAOG8
3. when I find myself in time of troubles
Let It Be
The Beatles
http://letras.mus.br/the-beatles/95/

Capítulo 18
jack in the box
1. capra, fritjof o ponto de mutação
http://www.youtube.com/watch?v=USOeu0_q4J8
2.  sagan, carl bilhões e bilhões
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=80060
3.  laslo, ervin macrotransição
http://www.institutoevoluir.com.br/blog/2010/07/dica-de-livro-macrotransicao/

Capítulo 19
conversa sobre um si. mesmo.
1. há mais de dez mil anos atrás
Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás
Raul Seixas
http://letras.mus.br/raul-seixas/48309/

Capítulo 20
o muiraquitã
1. respeitando (mais ou menos...) a redação original, os fatos narrados (entre aspas e em itálico)  pelo papagaio falador foram extraídos de uma sinopse de Macunaíma publicada em 2001/2002 pelo professor de Literatura Marcos Petrillo Bondan em http://www.bondan.pro.br  e da 31a. edição do livro de Mário de Andrade publicada pela ed. Livraria Garnier Belo Horizonte MG 2000

Capítulo 22
tudo certo!
como dois&dois são três em um
1. “tudo certo como dois e dois
Como 2 e2
Gal Costa
http://letras.mus.br/gal-costa/254829/
2. “você não volta nem com escolta
Não tem volta
Zélia Duncan
https://www.youtube.com/watch?v=mrVGk1agyWU

Capítulo 23
macunaíma lúcido do amaról
1. bandeira brasileira a mesma que o guarda marinha greenhalg tomara
relato a constar no livro infanto-juvenil 
A Guerra do Paraguai  
Sérgio D. T. Macedo 
editora Record 1963
2. Richard Rorty "talvez os brasileiros (ou tanzanianos, ou alguém)
trecho extraído de entrevista publicada no jornal Folha de São Paulo poucos dias após os atentados terroristas de 11 de setembro nos Estados Unidos.
3. John Dewey "desde que não podemos aceitar de esmola nem”; Pitman B. Potter "a tarefa principal de quem estuda a organização”; Joseph Ellis Baker "um regionalismo que ignore o universal comete um erro
citações extraídas do livro Interpretação do Brasil de Gilberto Freyre Companhia das Letras 2001
4.lá lá la-lá! agora é hora de alegria! / se vira nos trinta / terezinhaaaaaa!
motes utilizados pelos animadores, respectivamente, Senor (‘Sílvio Santos’) Abravanel, Fausto (‘Faustão’) Silva, e Abelardo (‘Chacrinha’) Barbosa, em seus programas de auditório na TV brasileira.
5. certos bruxos sejam míqueis em fantasia
referências ao Fausto (Mifistófeles) de Goetthe e ao personagem de Walt Disney, Mickey, no filme Fantasia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fausto_(Goethe)
http://www.youtube.com/watch?v=g_5t6qoIhIY
6. paul bunyan
herói lenhador do folclore estadunidense, gigante ‘empreendedor’ cuja singularidade é o ‘gigantismo’ de suas realizações, quase todas envolvendo (gigantescas, é claro!) transformações no espaço ambiental...
http://en.wikipedia.org/wiki/Paul_Bunyan
7. o quê você vai fazer se eu desafinar?
With A Little Help From My Friends
The Beatles
http://letras.mus.br/the-beatles/189/traducao.html
8. se você achar qu’eu desafino amor
Desafinado
João Gilberto
http://letras.mus.br/joao-gilberto/46556/

Epílogo
siaploc sod ielaC ed tíu léuged
1.C.G.Jung "há na alma um processo que tende para um fim
extraído de Memórias, Sonhos e Reflexões pg.19 ed. Nova Fronteira 1987
2. Roy Orbinson "vestido sob confeitos coloridos um palhaço
http://www.youtube.com/watch?v=5-DjluKLY14&feature=related


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